O nada convencional visual do Jeep Cherokee causou polêmica quando foi mostrado no Salão de Nova Iorque de 2013. Desde então, choveram críticas sobre seu design. "Era bem progressista, moderno", admitiu Mike Manley, chefe da marca Jeep. "Precisávamos fazer isso para brigar no segmento".
Com um conjunto de iluminação em duas partes (como na Fiat Toro) e uma grade que não conversava com nenhum outro Jeep da época, o Cherokee se destacou. Mas essa era a intenção: impactar no retorno da Jeep a um segmento dominado por nomes como o Honda CR-V e Toyota Rav4. A estratégia funcionou, com o Cherokee vendendo bem, e ninguém reclamou do visual "estranho" novamente.
"Ele fez o que tinha que fazer, chamou a atenção", disse Mark Allen, chefe de design da Jeep. Mas quando foram desenvolver a renovação do Cherokee 2019, pediram a ele para diminuir essa ousadia do SUV - com razão, na verdade. "O chefe disse diretamente para mim "não tire completamente essa estranheza dele", disse Mark.
O resultado é este Jeep Cherokee 2019 que você vê aqui, que fica mais próximo visualmente do Compass e Grand Cherokee. A dianteira com menos bico melhora a aerodinâmica, trazendo a tradicional grade da Jeep em sete barras entre os dois faróis tradicionais. Iluminação em LED é item de série em todas as versões, evitando a complexividade de produção com apenas uma opção de faróis.
As novas lanternas destacam a nova tampa do porta-malas, agora com a placa - e o puxador de abertura - localizado no meio do veículo. Isso deixa não só o desenho menos estranho, como também melhora a ergonomia para abrir o porta-malas. (Também não há mais o acabamento concavo que produzia imagens dos carros de atrás de ponta cabeça). Essa tampa com novo desenho, acidentalmente, perdeu 8 kg se comparada com a antiga. Na lateral, o bocal de combustível não tem mais a tampa, como acontece no Brasil com o Renegade e Compass.
Como antes, o Trailhawk é cerca de 2,5 cm mais alto pela suspensão elevada, com detalhes de design únicos para melhores ângulos de entrada e saída. Também usa preto fosco no lugar do cromado, rodas exclusivas e ganchos de reboque funcionais.
Por dentro do Cherokee, o chefe de design de interior da Jeep, Winnie Cheung, disse que as saídas de ar foram redesenhadas, a alavanca do câmbio e console foram reconfigurados para dar mais espaço para guardar objetos, e ambas as centrais multimídia, com 7" e 8,4", agora têm espelhamento via Apple CarPlay e Android Auto. No console traseiro, há uma nova porta USB para recarga destinada aos passageiros de trás.
No porta-malas, o espaço com os bancos na posição normal foi de 696 litros para 792 litros, que deixa o Cherokee mais competitivo contra os rivais. Basicamente, a Jeep removeu a peculiar (e pouco usada pelos consumidores) barra no lado do motorista do porta-malas, enquanto deixou os acabamentos mais próximos da lataria. Isso deu um espaço extra de 85 mm na largura. Cheung disse que agora você pode guardar dois kits para golf no porta-malas, o que não era possível antes.
Há mais que apenas novo visual e interior. O novo Cherokee perdeu cerca de 90 kg. Um novo motor ajudou a perder peso, assim como peças da suspensão mais leves, e a nova tampa do porta-malas. Na versão com tração 4x4, massa foi removida do diferencial traseiro.
Todos os três motores (já falo sobre eles) ganharam novas capas isoladoras para ficarem mais silenciosos, a suspensão dianteira foi recalibrada para melhor dirigibilidade, e a estrutura de impactos foi revista para melhorar a nota do Cherokee no teste de impacto da IIHS.
Sob o capô, o novo Cherokee mantém o motor 2.4 (182 cv e 23,5 kgfm de torque) e o V6 3.2 (275 cv e 33 kgfm), ambos com câmbio automático de 9 marchas. Mas há um novo 2.0 turbo com 273 cv e 40,8 kgfm. É essencialmente o mesmo motor turbo oferecido no novo Wrangler, mas sem o sistema híbrido de 48 volts. Ele será oferecido em todas as versões do Cherokee.
O 2.0 terá bons números de consumo. Mas o 3.2 ainda tem o melhor índice de reboque (está homologado para até 2 toneladas), e por isso ele ainda está em linha, mesmo com a existência do turbo.
O câmbio de 9 marchas tem uma nova programação que "melhora a dirigibilidade". Quando o Cherokee foi lançado, o câmbio era lento e dava trancos nas trocas de marchas.
A economia de combustível deve melhorar em todas as configurações pelas reduções de peso e melhoria de aerodinâmica, mas os números exatos ainda não foram revelados.
Tudo dito, o Jeep Cherokee 2019 agora está em duas áreas que importam aos compradores de SUVs: espaço e economia. Mesmo que o visual "estranho" não tenha atrapalhado as vendas, o desenho mais suave deve melhorar a carreira do novo Cherokee quando ele chegar às lojas ainda este ano, inclusive no Brasil.
Fotos: Jeep
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