Era janeiro de 2003 quando as principais revistas automotivas brasileiras traziam na capa a primeira avaliação do Ford Ecosport. Tratava-se da primeira incursão de uma marca "brasileira" no segmento dos SUVs compactos, tendo na época a estratégia de oferecer um utilitário-esportivo com preço a partir dos R$ 30 mil.
Reza a lenda que o primeiro EcoSport nasceu de um rabisco num guardanapo de restaurante, feito pelo então engenheiro-chefe da Ford, Luc de Ferran, em 1996. Fruto do projeto Amazon, o modelo se tornaria realidade sete anos depois sobre a base do Fiesta, que havia ganho nova geração em 2002. Ambos eram fabricados no Complexo de Camaçari (BA), recém-inaugurado pela Ford.
Na verdade, o EcoSport era uma derivação, digamos, aventureira do Ford Fusion europeu - não o sedã grande que você conhece, mas sim um derivado do Fiesta que tinha desenho meio minivan, meio utilitário. No Brasil a Ford aplicou um estilo mais invocado e, claro, a tampa traseira com abertura lateral e o estepe preso à ela. Na época, era um jeito de conectar o Eco aos verdadeiros 4x4, ao menos no visual.
Para ter o preço inicial baixo, a Ford lançou mão de um recurso também usado no Fiesta 2002: o motor 1.0 Supercharger, com compressor mecânico, que rendia 95 cv e pagava menos imposto. Além dele, a linha era composta pelo 1.6 Rocam de 98 cv e pelo 2.0 Duratec de 143 cv, sempre com câmbio manual de 5 marchas. Meses depois, chegava a versão 4x4 (4WD), somente com motor 2.0, já como linha 2004.
Em 2006, o EcoSport passava pelas primeiras mudanças mecânicas. Com o 1.0 Supercharger já fora de linha (era fraco e "beberrão"), o 1.6 se tornava Flex, chegando a 111 cv com etanol. Na versão 2.0, a novidade era a opção do câmbio automático de 4 marchas. Estreava também a série especial FreeStyle, que foi tão bem recebida pelos consumidores que se tornaria versão mais tarde.
O tremendo sucesso de vendas não encobriu as falhas de acabamento do EcoSport, que logo se transformava numa "escola de samba" de tanto barulho que fazia em ruas esburacadas. Tanto é que a construção foi uma das principais preocupações da Ford na primeira reestilização do SUV, apresentada em 2007 como linha 2008.
Mudava a dianteira, com grade destacada e faróis maiores, enquanto a traseira recebia lanternas com novas lentes e elementos circulares. Mas o melhor era o novo painel, além dos novos materiais fonoabsorventes na cabine para reduzir o ruído interno (compare nas fotos abaixo). Buchas de borracha mais resistentes foram colocadas na base da tampa traseira, para não fazer mais barulho. E a peça plástica em torno do miolo da chave recebeu uma proteção emborrachada, para que chaveiro do alarme não fizesse mais ruído ao bater ali com o movimento do carro.
Em 2011, enfim o EcoSport ganhava seu primeiro concorrente direto, o Renault Duster. A Ford, por sua vez, fez mudanças leves em seu modelo: colocou o logotipo com o nome do carro na ponta do capô, como nos Land Rover, e outra grade.
A segunda geração do Eco foi apresentada em 2012, desta vez como carro global (seria vendida também na Europa). Com a plataforma do New Fiesta veio também o motor 1.6 Sigma, de 115 cv, para as versões de entrada. As mais caras mantinham o 2.0 Duratec, agora com 147 cv e opção do câmbio automatizado de dupla embreagem e 6 marchas (Powershift). Mais tarde, essa transmissão também chegaria à versão com motor 1.6, atualizado com duplo comando variável, chegando a 135 cv. Na versão 4x4, com motor 2.0, o câmbio manual passava a ser de 6 marchas.
A partir de 2015, a vida do EcoSport nunca mais foi a mesma. Com a estreia dos rivais Honda HR-V e Jeep Renegade, o SUV da Ford perdeu a liderança do segmento que detinha desde 2003. E depois ainda ficou para trás do Nissan Kicks, que chegou em 2016, e do Hyundai Creta, em 2017.
Para reagir, a primeira reestilização da segunda geração chegou em 2017 como linha 2018. Mudou mais na mecânica que no visual, trazendo apenas a dianteira reestilizada e novas rodas. O motor 1.6 saiu de cena, dando lugar ao 1.5 de 3 cilindros da nova família Dragon, enquanto a transmissão Powershift foi trocada por uma automática convencional, também com 6 marchas, tanto no modelo 1.5 quanto no 2.0. O motor 2.0, por sua vez, recebeu injeção direta e chegou a 176 cv.
Com a mudança, o EcoSport enfim passou a ser vendido nos EUA, o que era um antigo sonho da Ford brasileira desde a primeira geração. O modelo agora aguarda a estreia da nova versão 4x4, que será lançada neste primeiro semestre de 2018.
Fotos: divulgação e arquivo Motor1.com
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