O EcoSport criou o segmento de SUVs compactos no Brasil e o liderou por anos, vivendo anos e anos em um mercado sem concorrentes. Quando ele chegou, existiam apenas os SUVs maiores, como Honda CR-V (que até tinha estepe na tampa traseira), Kia Sportage e Toyota RAV4, sempre numa faixa de preço mais elevada. Rapidamente o modelo da Ford se tornou sucesso como uma opção acessível a este mundo. E o estepe lá atrás ajudou a construir a sua fama.
Fato é que desde seu lançamento, em 2003, já foram produzidos mais de 1 milhão de EcoSport. Naquele ano, o segmento representava apenas 2% do total de veículos vendidos no Brasil. E o Eco foi responsável por nada menos que 1,9% deste volume. De lá para cá, o segmento cresceu. Concorrentes chegaram. O espaço ficou mais estreito. Hoje, o mercado de SUVs/crossovers no Brasil é de 13% do total. E o modelo da Ford detém 1,6% da indústria, ou seja, os concorrentes desfrutam de 11,4% do restante. O modelo que foi rei precisava reagir.
A convite da Ford, o Motor1.com Brasil pôde dirigir o EcoSport 2.0 Titanium 2018 (versão topo de linha) no campo de provas da montadora, em Tatuí (SP), e conhecer as mudanças feitas nele para tentar voltar ao jogo.
A primeira, mais evidente, é a atualização visual. Agora alinhado ao novo padrão de estilo global da Ford, traz dianteira com a grade hexagonal maior, novos faróis (com luzes de xenônio), luz de posição com assinatura em LED, novos retrovisores e rodas. Os para-choques também são novos. Mas isso não era o suficiente.
Por dentro vemos a primeira revolução: com exceção do botão de acionamento dos faróis, praticamente tudo é novo. Novo, moderno e sofisticado. A começar pelo painel reformulado, que agora tem material emborrachado na parte superior. O acabamento em tom creme, tanto na base do painel, revestimento das portas e bancos, vem emprestado do Edge. Por falar em bancos, eles também são completamente novos, o que inclui a estrutura. Além de forrados com couro, oferecem maior apoio lateral e ficaram mais confortáveis. O ar-condicionado digital oferece 7 níveis de ventilação, 7 combinações de saída de ar e permanece como um dos com maior capacidade de refrigeração da cabine do segmento. O teto solar chega como item de série na versão Titanium.
O painel de instrumentos também é novo. Mais sofisticado, possui tela colorida de 4" com alta definição para controle de diversas funções do carro, assim como acesso a informações do computador de bordo e entretenimento. Ao ligar o novo Eco, é exibida uma miniatura do carro no cluster. O volante também é novo, com aro maior, é semelhante ao do Focus. Comandos integrados para o sistema de som, acesso ao computador de bordo e um terceiro grupo para ajuste do controlador de velocidade de cruzeiro (piloto automático) e limitador de velocidade estão na direção.
Outra novidade é a central multimídia. Enfim, a marca norte-americana entendeu que uma boa tela deixou de ser firula e passou a ser necessidade básica. Pode ter demorado, mas agora a Ford pode se gabar de ter uma das melhores centrais do mercado. O posicionamento "flutuante" oferece a melhor ergonomia possível. Para acessá-la, o motorista não precisa fazer malabarismo e nem tirar as costas do banco. A tela de 8" foi desenvolvida tendo os tablets mais modernos como parâmetro: é rápida, tem alta definição e não deixa marca de dedos. Além do Sync3 e GPS nativo, traz também conexões Apple CarPlay e Android Auto. Pelo menos nesta versão Titanium, o sistema de som é da Sony e possui 9 alto-falantes.
Revolução também acontece no conjunto mecânico. A começar pelo câmbio automático, o EcoSport 2018 abandona o polêmico Powershift e ganha uma nova caixa de 6 velocidades com conversor de torque, da mesma família da oferecida no Fusion. Além do inédito motor 1.5 Dragon 3-cilindros, que equipará as versões de entrada, o modelo passa a ser equipado com o 2.0 DirectFlex, o mesmo do Focus, com injeção direta de combustível e duplo comando de válvulas variável, entrega 176 cv de potência e torque de 22,5 kgfm com etanol.
A engenharia da Ford também aplicou mudanças no EcoSport que são notadas ao volante. De acordo com Klaus Mello, Gerente de Engenharia Global do EcoSport, o processo de produção foi aprimorado para oferecer maior rigidez à carroceria e otimizar a aerodinâmica. Para isso, o modelo ganha grade do radiador ativa, que através aletas que abrem ou fecham, auxilia no arrefecimento do motor, melhora a aerodinâmica, ajuda na redução do consumo e melhora o sistema de climatização. Também foram aplicados reforços nas estruturas das portas, novos defletores aerodinâmicos, manta estrutural nas portas, material fono-absorvente nas caixas de roda e capô e para-brisa acústico.
Para melhorar o conforto, a suspensão dianteira teve seu curso ampliado em 17 mm e as buchas foram recalibradas, o que ampliou em 15% a absorção de impactos. Para aumentar a estabilidade, o eixo traseiro ficou 15% mais rígido, há novas molas, novas buchas na barra estabilizadora e os pneus com aro de 17" são mais largos.
Depois de saber os detalhes, chega o momento de levar o carro para a pista. Ligamos a ignição por botão e logo notamos que a nova configuração da direção elétrica está bem leve. Iniciamos o teste em uma pista oval, com bons trechos de reta, que nos permitiu chegar a 150 km/h. Nesta velocidade, a direção se mostrou mais leve do que o desejado. O nível de ruído na cabine melhorou, mas ainda há bastante barulho de vento e o motor, um tanto áspero, também é notado no habitáculo.
O trabalho do motor e transmissão está bem acertado. O câmbio automático possui trocas suaves e rápidas pelos paddle-shifts (0,8 segundo). Nas arrancadas e retomadas, como nas saídas de lombadas ou valetas, ele já está no ponto certo, sem engasgos ou imprecisões. Embora não se sinta aquele empurrão quando pisamos fundo, a sensação é de que agora sobra motor no EcoSport. A Ford fala em 0 a 100 km/h em 9,5 segundos, tempo que o coloca próximo do Tracker (único concorrente turbinado).
Dinamicamente, dá para notar uma leve evolução do EcoSport 2018. Com sistemas atualizados de segurança, como o controle de rolagem da carroceria aliado ao controle eletrônico de estabilidade, você sente mais confiança para encarar curvas fechadas sem aliviar o pé, considerando a proposta do carro.
O que mais me chamou a atenção foi passar em trecho de pista com paralelepípedos. Nele, foi possível perceber que a construção do carro está mais sólida, a montagem da cabine ficou mais firme e a sensação é de que as coisas vão demorar mais tempo para começar a ranger. Outra parte do circuito foi com curvas travadas, simulando o que encontramos na cidade.
Por enquanto só conhecemos a versão topo de gama, que responderá por apenas 20% do volume total de vendas do EcoSport. Até aqui, a Ford tem um carro que oferece mais itens de série do que os concorrentes (alguns exclusivos no segmento), motor 2.0 mais potente (embora aspirado), novo câmbio automático, acabamento interno entre os melhores da categoria e, enfim, uma tela multimídia que passa a ser referência. O preço estimado para este modelo é de cerca de R$ 95 mil.
Ainda temos que esperar para conhecer o preço e as configurações das versões mais baratas. Se fosse apenas pelo visual a evolução seria pequena, mas com todo esse pacote de novidades há condições de pelo menos ficar no primeiro escalão de vendas. A exemplo do que vimos nos últimos dois meses, com o EcoSport emplacando mais de 3.000 unidades por conta de promoções, o preço será o principal fator entre o tudo ou nada para a Ford entre os SUVs compactos. A conferir.
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