Anualmente, no dia 20 de janeiro, é comemorado o Dia Nacional do Fusca. Sim, aquele carismático carrinho que ainda desbrava os piores caminhos no Brasil inteiro e tem muito o que contar sobre suas décadas de serviços bem prestados ao redor do mundo.
Este data foi escolhida pois, segundo os registros históricos, em 20 de janeiro de 1959 começava a fabricação oficial do carro que mais tarde seria conhecido como Fusca, com 54% de peças nacionais, antes mesmo até da inauguração da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), que aconteceu em novembro daquele ano. De 1950 até então, o Fusca era importado, sendo que em 1953 começou a sua montagem em esquema CKD (onde o carro chega desmontado ao país e é então montado) dentro de um galpão no bairro do Ipiranga.
O Fusca nasceu de uma forma inusitada. O seu projeto surgiu de um pedido de Adolf Hitler, que buscava uma forma de "melhorar a qualidade de vida" do povo alemão em uma época que o automóvel era um artigo de luxo. Após a construção de estradas e rodovias, era a hora de fazer um carro barato, robusto, com espaço para dois adultos e três crianças e potente o suficiente para viagens longas, mas ainda assim econômico.
Muitas empresas apresentaram seus projetos, inclusive Opel e Mercedes-Benz, mas o escolhido foi o de Ferdinand Porsche, que mais tarde fundaria a marca de esportivos, com motor boxer traseiro e carroceria arredondada, o KdF Wagen. KdF era a Kraft durch Freude, uma organização criada pelo "Füher" para organizar, controlar e sincronizar as atividades de lazer da população alemã. Ela era a responsável pelas vendas do modelo, que seria fabricado pela Gesellschaft Zur Vorbereitung des Deutschen Volkswagen, GmbH. Em português, Sociedade para a Produção do Automóvel Popular Alemão. Foi só depois que o termo Volkswagen (carro do povo, traduzido do alemão) se tornou o próprio nome do modelo.
Protótipos rodaram e alguns modelos finais foram para as ruas em 1938, mas a Segunda Guerra Mundial (1939) impediu que ele chegasse às ruas em volume significativo, já que as indústrias estavam focadas em abastecer os exércitos em batalha. Após o fim da guerra, a Alemanha foi dividida em zonas e cada uma delas ficou sob a responsabilidade de um dos Aliados. A região da fábrica do Fusca, posteriormente chamada de Wolfsburg, ficou sob o controle dos britânicos. Foi a sorte do Fusca o major Ivan Hirst ter acreditado em seu projeto. Ele convenceu seu governo a retomar a produção do carro, que seria usado pelas forças de ocupação, e passou o controle da fábrica para Heinz Nordhoff, que se tornou o primeiro presidente da Volkswagen.
No mundo, o Fusca morreu nos anos 1980, com o lançamento da primeira geração do Golf. No México, durou até 2003. No Brasil, a primeira fase durou até 1986 para abrir espaço na fábrica de São Bernardo para os novos carros. A segunda começou em 1993, quando o então presidente Itamar Franco sugeriu a volta do Fusca como uma opção aos carros populares que começavam a aparecer, como o Fiat Uno, que eram vendidos com impostos mais baixos. Durou até 1996, quando a concorrência de Chevrolet Corsa e cia. ficou mais forte que o Fusquinha e o tirou de linha definitivamente.
Colaborou Gustavo Henrique Ruffo
Fotos: divulgação
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