Quando a Volkswagen lançou o novo Polo no Brasil, em setembro de 2017, a marca queria chamar a atenção para uma nova fase da empresa, mais focada no consumidor. Além de prometer 20 novos carros para os próximos anos, a VW foi agressiva nos preços do Polo. Na época, os valores surpreenderam até a Fiat, que havia lançado o Argo meses antes com preços num patamar bem acima do Palio.
Polo x Argo: na prática, modelo da Fiat atua abaixo do VW, com foco nas versões de entrada
A tabela do Polo no lançamento era a seguinte: R$ 49.990 na versão 1.0 MSI, R$ 54.990 na 1.6 MSI, R$ 65.490 na TSI Comfortline e R$ 69.190 na TSI Highline. A estratégia deu certo, e o hatch logo entrou na lista dos mais vendidos, superando o Argo em diversos meses. Só que a boa acolhida do Polo logo fez a VW rever seus valores e hoje a realidade é bem mais salgada, a exceção do modelo de entrada: R$ 52.360 na versão 1.0 MSI, R$ 59.150 na 1.6 MSI, R$ 70.480 na TSI Comfortline e R$ 75.820 na TSI Highline.
No lançamento do Virtus, a versão sedã do Polo, os preços já não foram tão atraentes assim. Hoje, o Virtus consegue ser mais caro que o Honda City, um sedã compacto que sempre teve fama de ser... caro. O modelo da VW varia entre R$ 63.440 e R$ 82.870, podendo subir com os opcionais. Já o City tem preços entre R$ 62.500 e R$ 85.400, mas sem oferta de opcionais.
VW Virtus tinha preços mais convidativos na época do lançamento; hoje, custa mais que o Honda City
Agora foi a vez de a VW lançar o T-Cross, seu primeiro (e aguardado) SUV compacto. A gama de preços? Alinhada exatamente com a do Honda HR-V, já incluindo a futura versão Touring 1.5 turbo, que custará por volta de R$ 125 mil. É por aí que custa o T-Cross 1.4 Highline completo, com todos os opcionais. Sem opcionais, os valores variam de R$ 84.990 a R$ 109.990, mas a versão de entrada tem câmbio manual, coisa que não existe no HR-V. O Honda tem preços que vão de R$ 92.500 a R$ 108.500.
Sem entrar no mérito de se os carros da VW são melhores que os Honda, ou o contrário, a questão é que a a Volkswagen não tem a mesma imagem da japonesa no Brasil. Somente a arquirrival Toyota tem índice de satisfação com pós-venda e valor de revenda no nível da Honda, fato que ajuda a explicar os valores geralmente mais altos cobrados nos carros das duas empresas nipônicas.
VW não teve dúvidas ao precificar o T-Cross: mirou na tabela do HR-V, incluindo a futura versão Touring
Será então que a tática da VW dará certo? O fato é que as vendas de fevereiro vêm apontando crescimento da Fiat, com o Argo numa inédita terceira posição e o Mobi em sexto, além de manter o bom volume da Strada e da Toro entre os comerciais leves. Por meio de promoções, a Fiat tem colocado o Argo 1.0 na briga contra Onix, HB20 e Ka, coisa que a VW ainda faz com o velho Gol (sem o mesmo sucesso de antes). Resultado: a Fiat passou a VW nas vendas do mês até o momento, com 19.460 unidades até o dia 20, contra 16.660 da marca alemã. Se a meta da VW é tomar a liderança da Chevrolet, talvez seja melhor voltar a olhar para a Fiat, pois a GM ainda está distante, com 22.072 unidades no mesmo período.
Historicamente, sabemos o quanto o mercado brasileiro é sensível a preço. Por outro lado, também tem ficado clara a necessidade de as montadoras gerarem lucro - vide o fechamento da fábrica da Ford no ABC paulista e as negociações envolvendo a GM. Neste cenário, a VW já assume que, antes de qualquer ambição de liderança, vai visar mesmo é a saúde financeira da empresa. Nem que seja cobrando preço de Honda.
Fotos: divulgação e arquivo Motor1.com
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