Avaliação: VW Saveiro Robust é trabalho puro e não tem vergonha disso
Apesar de manter a ótima dinâmica e o bom motor 1.6, não tem luxos ou ao menos opcionais para ir além da labuta
A ideia de uma picape compacta é tão estranha que é comum edições do Motor1.com de outros países repercutirem algumas notícias do Brasil sobre elas. Geram muitos comentários pois são pequenas demais perto de picapes (bem) maiores, mas fazem muito sentido para mercados onde as ruas são mais apertadas, como acontece por aqui.
Apesar de ter conquistado seu espaço na indústria automotiva, a verdade é que este segmento está em uma situação ruim. Passou anos praticamente largado, com modelos bem desatualizados e, com o tempo, muitos saíram de linha, até sobrarem apenas duas: Fiat Strada e Volkswagen Saveiro. Enquanto a Fiat optou por investir em uma nova geração - o que deu muito certo e ajudou o modelo a ser o carro mais vendido do país - a Volkswagen foi por outro caminho e fez mais uma atualização na Saveiro, preferindo ir atrás de quem realmente precisa da picape para trabalhar.
A mais vendida da linha
A Saveiro Robust é o exemplo desta filosofia. É a mais barata do catálogo, custando R$ 99.990 com cabine simples e R$ 112.990 com a cabine dupla, e é a forma mais barata de se ter uma picape zero no Brasil, já que a Fiat Strada Endurance 1.3 CS, sua única rival, custa R$ 103.990. É a picape compacta mais barata do país, pois a Fiat Strada Endurance Cabine Simples custa R$ 103.990, e também a versão da Saveiro que mais vende.
Esta Saveiro é mais uma das reestilizações da Saveiro de 2009. A picape não consegue esconder os sinais da idade, ainda mais que a reestilização mexeu somente na dianteira, marcado por uma grade que lembra a identidade visual do Nivus. O para-choque foi modificado, melhorando o ângulo de ataque, e os faróis tem outro formato. De resto, comparada com a anterior, são pequenas alterações como lanternas com novo desenho interno e máscara preta, ou apliques nas caixas de roda.
Por dentro, se você não prestar atenção para a nova padronagem dos tecidos ou na adição da faixa central no painel, não irá perceber se é a versão 2025 ou 2019 (quando a Robust ganhou o mesmo painel das demais configurações). Nem mesmo o computador de bordo foi atualizado, mostrando somente odômetro, temperatura, nível de combustível e horário.
O motor foi mantido, sendo o único modelo da VW que ainda tem o 1.6 MSI 16V de 116 cv e 16,1 kgfm com etanol, ou 106 cv e 15,4 kgfm com gasolina. Este propulsor saiu de linha nos carros de passeio por conta das regras do Proconve L7, mas conseguiu manter na picape pelas regras diferentes para modelos comerciais. O câmbio é o manual de 5 marchas, bem conhecido da linha.
Apesar da idade, algumas qualidades
Ser a mesma picape tem o seu lado bom, pois manteve as qualidades já conhecidas. A Saveiro sempre foi bem robusta e uma delícia de dirigir. Aqui, teve uma mudança na suspensão, com novas molas e amortecedores na dianteira, aumentando a altura em relação ao solo em 10 mm, e a traseira ainda utiliza molas helicoidais. O resultado é que é uma picape mais firme, mas não desconfortável, e não balança muito em pisos irregulares. Você só vai ouvir a suspensão bater no fim de curso caso esteja com a caçamba com o máximo de carga e exagere na velocidade em uma lombada.
O 1.6 é bem competente, trabalhando surpreendente bem em baixa rotação, considerando que o torque máximo aparece só em 4.000 rpm. Normalmente, por volta de 3.000 rpm, já tem força mais do que suficiente para lidar com subidas. Por outro lado, fica aquela sensação de que poderia ser melhor. Já que a Volkswagen não quis adicionar um motor turbo, poderia ao menos ter colocado o câmbio de 6 marchas, o que ajudaria a trabalhar melhor o torque e reduziria o consumo de combustível, principalmente na estrada, onde sofre com giros mais altos.
A Saveiro ainda passa a sensação de dirigir dos Volkswagen mais antigos. Tem um câmbio com engates curtos e muito precisos, algo que vai ficar cada vez mais raro de ver com o lento fim dos carros manuais. Ainda tem uma direção hidráulica, que obviamente não tem o conforto de uma com assistência elétrica, só que ainda é bem ajustada e fica bem longe de ser anestesiada. Por ser cabine simples, tem uma dinâmica que lembra um hatchback, sempre na mão e sem que o controle de estabilidade fique atuando com frequência.
No trabalho pesado, faz diferença
Como uma picape de trabalho, funciona bem para o que se propõe. A caçamba carrega até 664 kg ou 924 litros. É fácil de acessar e ainda tem um degrau posicionado logo à frente da roda traseira de cada lado, ajudando a alcançar algo que está mais ao fundo. Nada de capota marítima, item que é um acessório. Por ser uma cabine simples, tem um espaço bem pequeno atrás dos bancos, que mal cabe uma mochila. O acabamento todo é em plástico rígido, com algumas poucas peças usando um plástico liso, como os puxadores de porta ou a barra no console central.
A simplicidade está em todos os lugares da Saveiro Robust. Nada de rádio, nem como opcional. Retrovisores com ajuste elétricos? Esqueça. Tem ar-condicionado, porta USB, vidros elétricos, controle de estabilidade, assistente de partida em rampas e banco do motorista com ajuste de altura. Tem iluminação diurna, usando lâmpadas halógenas, pois é um item obrigatório. O único item que surpreende aparecer na versão de entrada é o sensor de estacionamento traseiro. Sem travamento elétrico à distância, temos que fazer algo cada vez mais raro: girar a chave na porta para fechar ou abrir a picape.
O problema é que existia a possibilidade de ter alguns opcionais, só que isso foi reservado para a versão Trendline, que parte de R$ 103.990 e pode adicionar itens como a central multimídia Composition Touch II, câmera de ré, faróis de neblina, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, rodas de liga leve de 15”, capota marítima e protetor de caçamba – o que eleva o valor final para R$ 112.930.
Como uma picape barata para ser usada puramente para o trabalho, a Volkswagen Saveiro Robust cumpre o que promete. A idade do projeto tem um lado bom, facilitando a procura por peças para reposição e sua manutenção é bem simples de fazer. Por outro lado, tem aquela sensação de que estamos comprando um carro de 10 anos atrás, o que não deixa de ser verdade. E as vendas tem mostrado que ter um veículo mais atual compensa, com a Fiat Strada vendendo mais que o dobro. Está na hora da VW olhar para a Saveiro com mais carinho e fazer uma nova geração com a plataforma do Polo.
VW Saveiro Robust 1.6
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