Colocar um carro novo na garagem está cada vez mais caro e é realidade que muitos preferem um semi-novo ao invés de um zero em versões de entrada, que acabam emplacando quase apenas em vendas diretas. Para tentar reverter isso, montadoras apresentam seus modelos de entrada, com motor 1.0 aspirado, equipados com itens das versões mais caras.
Hyundai HB20 Limited Plus e Peugeot 208 Style tentam justificar seus preços com itens das versões mais caras em conjunto com motores 1.0 aspirados e câmbio manual. Por fora, se vestem com rodas de liga-leve, faróis em LEDs e até teto panorâmico para não deixar na cara que, embaixo do capô, está o conjunto daquelas versões com calotas nas rodas de ferro e maçanetas sem pintura. Qual o melhor deste disfarce de identidade?
Hyundai HB20 e Peugeot 208 são bastante semelhantes em porte. Cerca de 4 metros de comprimento, 2,50 m de entre-eixos e pouco separa os dois em todas as dimensões, inclusive altura e largura, mas temos que ir além para poder julgar espaço interno, porta-malas e modularidade.
O HB20 nasceu para o Brasil, então a engenharia soube que precisava criar um carro que, apesar do porte compacto, precisava ter um bom espaço interno - e isso em 2012. Ela aproveita melhor o espaço interno que o Peugeot 208, projeto europeu, principalmente no banco traseiro para ombros e pernas. O 208 acomoda quatro ocupantes, mas não com tanta folga que o Hyundai, e isso depende de quem está nos bancos dianteiros.
O mesmo acontece com o porta-malas. A diferença entre os 300 litros do HB20 e 265 litros do 208 podem fazer uma certa diferença para uma família em viagem, uma realidade de uso para muitos. A escolha da Hyundai fazer um carro para o Brasil fez a diferença nessa composição, um uso bem diferente do Peugeot 208, que nasceu para a Europa e públicos bem distintos.
Vantagem: Hyundai HB20
Por outro lado, o Peugeot 208 impressiona mais em design e acabamento do interior. Por mais que a versão produzida na Argentina não tenha a mesma qualidade do europeu por uma simplificação de materiais, é bom. Ambos usam plástico rígido em formas semelhantes, mas o Peugeot toma mais cuidados na mistura de texturas, tons e materiais, como a parte central em preto brilhante, manopla de câmbio com detalhe em cinza e a imitação de fibra de carbono atravessando de porta a porta.
O HB20 Limited Plus tem acabamento em imitação de couro nas portas, enquanto o 208 só tem plástico até mesmo onde o braço encosta, além do Hyundai ter um apoio de braço central que, mesmo com o câmbio manual, vai bem em longas horas ao volante. Só que o visual mais moderno e um pouco diferente do 208 o dá uma certa vantagem principalmente visual.
Ambos tem uma boa quantidade de porta-trecos, como o console central, e no caso do Peugeot 208 Style, um carregador por indução fechado e escondido, enquanto o HB20 tem um bom tamanho no apoio de braços já citado, vindo das versões automáticas do hatch. Empate por pontos? Empate.
Vantagem: empate
É justamente aqui que a dupla investe para atrair os compradores. O HB20 Limited Plus tem sistema multimídia com tela de 8" e espelhamentos sem fios (Android Auto e Apple CarPlay), chave presencial com botão de partida, acendimento automático dos faróis, painel de instrumentos digital, rodas de 15", piloto automático, sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré, entre os principais.
O 208 Style não tem a chave presencial, partida por botão e acendimento automático dos faróis, mas os troca pelos faróis em LEDs, teto panorâmico, piloto automático e carregador por indução - ambos tem portas USB-C de carregamento rápido - além de um sistema multimídia com tela de 10", também com espelhamentos sem fios. As rodas são de 16" e a versão apela mais a um visual com detalhes em preto brilhante. O painel não é digital, mas tem a tela central para computador de bordo.
As duas versões ficam no perde e ganha em alguns itens, mas fato que as duas tem um pacote bom de itens que, há algum tempo, encontrávamos só em versões mais caras. Mais um empate no comparativo que depende de preferência do comprador e o que mais lhe atrai nesse jogo.
Vantagem: empate
Mesmo posicionados acima dos R$ 90 mil, HB20 e 208 não oferecem qualquer assistente de segurança além dos obrigatórios, como os controles de tração e estabilidade. Não há alerta de colisão ou assistente de faixas, itens encontrados quando se paga mais pelos hatches e até mesmo troca o motor pelos 1.0 turbo, por exemplo.
O HB20 só leva o quesito por bem pouco: enquanto o 208 tem 4 airbags (frontais e laterais), o Hyundai tem 6 airbags em todas as suas versões, independente do motor ou preço. Para isso, o 208 tem que, mais uma vez, subir de versão, apesar de toda a preparação para receber as bolsas de cortina.
Vantagem: Hyundai HB20
A roupa bonita esconde que HB20 e 208 têm coração bem popular. Os motores 1.0 aspirados, de três cilindros, com câmbio manual de cinco marchas, ainda se colocam como opções dos carros de entrada por diversos motivos, como custo de produção e relativa eficiência. Pelo menos não são carros ruins de usar como os 1.0 foram um dia.
O motor do HB20 foi um dos primeiros do país com essa arquitetura 3-cilindros. Tem 75 cv e 9,4 kgfm com gasolina; 80 cv e 10,2 kgfm com etanol; cabeçote de 12 válvulas com duplo comando e variador de fase na admissão. O do Peugeot 208 é um fruto Stellantis que, apesar de mais novo, tem comando único com variador e 6 válvulas, gerando 71 cv e 10 kgfm com gasolina; e 75 cv e 10,7 kgfm com etanol. Estão bem próximos em números.
A Hyundai nunca escondeu que o projeto do HB20 pegou um pouco de cada hatch vendido no Brasil. Por exemplo, dá para reconhecer os engates justos e certeiros do câmbio dos Volkswagen e uma suspensão equilibrada em conforto e dirigibilidade que a Chevrolet já teve. Tantos anos de Brasil ainda o melhoraram e pouco reclama mesmo nos piores pisos e condições, principalmente a que já foi tão criticada traseira.
O motor mais antigo sente um pouco da idade. Pede mais rotação para responder, uma queimadinha de embreagem nas saídas e mais reduções de marchas, já que gosta de girar para jogar toda a sua potência e torque. O Peugeot 208, como os produtos da Stellantis com esse motor, aproveitam a arquitetura de duas válvulas por cilindro para ser mais disposto em baixas rotações.
Na verdade, o 208 chega a ser um pouco arisco em primeira marcha e dá para, tranquilamente, sair de alguns semáforos em segunda. Parece até ter mais força que o HB20, mas é pela entrega mais cedo e relação do câmbio com primeiras mais curtas e alongamento nas finais. Só que a caixa de câmbio vem da Fiat e, se a Peugeot nunca teve um engate exemplar em suas caixas, a escola Fiat não mudou isso. Se acostume com alguns arranhões na hora de engatar a ré.
O que o 208 entrega de interessante é a posição de dirigir com o volante menor e painel elevado. A suspensão tem um toque da Fiat, bem confortável e resistente, e não deve em dirigibilidade, mas é um pouco diferente do que a Peugeot já entregou no passado em firmeza do conjunto. É ame ou odeie essa exclusividade do 208 e incomoda quem é mais tradicionalista.
Em números, explicamos as sensações. Apesar de mais potente e leve, o HB20 é um pouco mais lento no 0 a 100 km/h que o 208, mas o que o Peugeot se aproveita é justamente o pulo na saída - aos 80 km/h, a diferença é de 0,4 segundo, enquanto aos 100 km/h ela cai a 0,2 segundo, onde o HB20 tem mais fôlego em alta. Olhe a retomada de 40 a 100 km/h, onde o HB20 é 0,9 segundo mais rápido, aproveitando a rotação e relação do câmbio.
Só que o comprador do 1.0 quer saber de consumo, e nisso do 208 tem uma boa vantagem. Lembra que falei sobre precisar acelerar mais o HB20? Isso prejudicou seu consumo urbano, marcando 8,8 km/litro com etanol, enquanto o 208 e sua disposição em uma faixa importante na cidade foi aos 10,4 km/litro, uma boa diferença. Na estrada, 12,4 km/litro contra os 13,6 km/litro também dão ao 208 uma vantagem na hora de fazer as contas para encher o tanque - de 50 litros no Hyundai e 48 no Peugeot.
Ambos são equilibrados e bons principalmente na cidade. O Peugeot leva o quesito pelo consumo e vantagem em quase todas as medições, além de mais esperto no uso urbano e, para quem gosta de um toque de prazer, a posição de dirigir e o efeito do i-Cockpit.
Vantagem: Peugeot 208
Hora de tocar só no bolso. Primeiro, se prepare para pagar quase R$ 100 mil nos dois hatches 1.0 - R$ 92.190 no Hyundai HB20 Limited Plus e R$ 97.990 no Peugeot 208 Style. O lado bom é que ambas costumam oferecer promoções e descontos nas concessionárias com certa frequencia, o que pode te ajudar. Mas aqui, o HB20 é, na tabela, R$ 5.800 mais barato.
Na hora da garantia, o Hyundai tem cinco anos, contra os três do Peugeot. E para manter isso, é preciso fazer as revisões na concessionária, com os seguintes preços tabelados para o que chamam de básico.
PEUGEOT 208 1.0 | HYUNDAI HB20 1.0 | |
10.000 km/1 ano | R$ 556,00 | R$ 316,85 |
20.000 km/2 anos | R$ 1.060,00 | R$ 635,27 |
30.000 km/3 anos | R$ 556,00 | R$ 628,13 |
40.000 km/4 anos | R$ 1.632,00 | R$ 899,14 |
50.000 km/5 anos | R$ 556,00 | R$ 593,55 |
TOTAL | R$ 4.460,00 | R$ 3.072,94 |
A conta leva em consideração, para alinhar as duas tabelas, cinco anos ou 50.000 km. O HB20 é relativamente mais barato no total, apesar de, se considerar por tempo, o Peugeot obrigará apenas as três primeiras da tabela. Mesmo assim, o HB20 é mais barato na compra e tem maior garantia, além das revisões mais baratas.
Vantagem: Hyundai HB20
O Peugeot 208 Style é, visualmente, mais refinado e nem parece ser um carro 1.0 aspirado bem vestido. Tem alguns mimos e itens que impactam um comprador, como o teto panorâmico e os faróis em LEDs. É um carro que se destaca nas ruas e agrada o motorista com uma boa dirigibilidade e desempenho.
Em pontos corridos, o HB20 Limited Plus leva a melhor no comparativo. Nascido pro Brasil, leva mais a sério alguns aspectos, como espaço interno e porta-malas, além dos custos menores de compra e manutenção. Pena que custam mais de R$ 90 mil e, no mundo real, ainda é difícil aceitar pagar esse valor em um carro 1.0 aspirado, como em qualquer carro do nosso mercado.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Hyundai HB20 Limited Plus 1.0 | Peugeot 208 Style 1.0 | |
MOTOR |
dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, 998 cm3, comando duplo com variador na admissão, flex
|
dianteiro, transversal, três cilindros, 6 válvulas, 999 cm3, comando simples variável, flex
|
POTÊNCIA/TORQUE |
75/80 cv a 6.000; 9,4/10,2 kgfm a 4.500 rpm
|
71/75 cv a 6.000 rpm; 10/10,7 kgfm a 3.250 rpm
|
TRANSMISSÃO |
manual de 5 marchas; tração dianteira
|
manual de 5 marchas; tração dianteira
|
SUSPENSÃO E RODAS |
McPherson na dianteira; eixo de torção na traseira; rodas de 15" com pneus 185/60
|
McPherson na dianteira; eixo de torção na traseira; rodas de 16" com pneus 195/55 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira |
PESO | 993 kg em ordem de marcha |
1.102 kg em ordem de marcha
|
DIMENSÕES | comprimento 4.015 mm, largura 1.720 mm, altura 1.470 mm, entre-eixos 2.530 mm; | comprimento 4.055 mm, largura 1.738 mm, altura 1.453 mm, entre-eixos 2.538 mm |
CAPACIDADES | tanque 50 litros; porta-malas 300 litros | tanque 47 litros; porta-malas 265 litros |
PREÇO | R$ 92.190 | R$ 97.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol) | ||
---|---|---|
Hyundai HB20 1.0 MT | Peugeot 208 1.0 MT | |
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 6,3 s | 6,1 s |
0 a 80 km/h | 10,4 s | 10,0 s |
0 a 100 km/h | 15,1 s | 14,9 s |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em 3a | 13,3 s | 14,2 s |
80 a 120 km/h em 4a | 16,0 s | 15,8 s |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 8,8 km/l | 10,4 km/l |
Ciclo estrada | 12,4 km/l | 13,6 km/l |
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