Com o Evoque, a Range Rover se colocou em uma posição bem diferente de mercado. Praticamente o mesmo carro de um conceito apresentado no Salão de Detroit, foi a entrada da marca premium no segmento de SUVs compactos e que, no pacote, trouxe um novo design bem diferente do que se tinha na linha até então e ditou regras. Não parece, mas tudo isso aconteceu há 12 anos.
Sim, o Range Rover Evoque é um carro de 12 anos. Com certeza, é um dos modelos modernos mais icônicos que, em 2018, recebeu uma nova geração com um estilo evolutivo, ou seja, que não perdeu sua silhueta básica e elementos principais de design, uma estratégia usada em modelos como o Porsche 911 e Ford Mustang. Na teoria é tudo isso, mas como lidar com o Range Rover Evoque na prática? É realmente um ícone?
Anos depois, colocar um Range Rover Evoque na rua ainda é se tornar ponto de atenção. As proporções com a linha de cintura alta e os vidros pequenos fogem do que os SUVs premium ainda aplicam. Os faróis finos, as lanternas que formam uma peça só na traseira e até as maçanetas embutidas deixam o Evoque com um visual limpo e que a própria marca evita sair para não estragar esse charme.
Essa segunda geração é ainda mais limpa que a primeira. Apesar do estilo evolutivo, a plataforma foi trocada, chamada PTA (Premium Transverse Architeture), que já se preparava para a eletrificação com sistemas híbrido-leve, híbrido plug-in e 100% elétrico. Chegamos a ter no Brasil o Evoque P300, com motor 2.0 turbo de 300 cv e auxilio de um motor/gerador elétrico 48 volts, mas a nacionalização trouxe o P250, com o 2.0 turboflex sem a eletrificação.
Sim, o Range Rover Evoque é um produto brasileiro. Chega desmontado do exterior e tem cerca de 10% de nacionalização, o que pelas regras brasileiras, já configura um carro nacional, inclusive no número de registro (ou chassi) local. O motor 2.0 turbo, da família Ingenium, aceita etanol e, com ele ou gasolina, produz 250 cv e 36,3 kgfm de torque, ligado ao câmbio automático de 9 marchas e sistema de tração integral automática.
A Range Rover tem um novo posicionamento dentro da JLR. Ficou com ela a parte de maior luxo, e com o Evoque, ser esse modelo "de entrada", se dá para falar isso de um carro com etiqueta de R$ 459.950 nesta versão única, R-Dynamic HSE. Por fora, as rodas de 20" completam as caixas de rodas destacadas e, por ser um R-Dynamic, tem um bodykit mais esportivo, com os detalhes em bronze.
Por dentro, é um Range Rover pelo cuidado com materiais e montagem. Além do couro, material suave ao toque onde for possível e, onde não tem, usa o preto brilhante e alumínio. Nesta unidades, o acabamento em vinho e preto dá um tom mais especial ao Evoque, com bancos em couro perfurado, pedaleiras em alumínio e volante multifuncional, este já de uma geração mais nova.
Ainda não temos a versão reestilizada no exterior, então o nosso Evoque ainda usa uma tela central de 10" com ajuste de inclinação (quando o carro está desligada, ela se guarda no painel) e outra mais abaixo, também de 10" para comandos do carro e do sistema de ar-condicionado. O que causou uma sensação de downgrade foi o painel de instrumentos, que já foi totalmente digital e hoje tem uma tela central menor com instrumentos analógicos ao lado. Para um carro premium, isso pode ser um problema.
Um ponto onde o Evoque é ainda interessante é ao volante. Apesar de nascer de uma família fora-de-estrada, trouxe muito mais o mundo urbano para si que uma capacidade de enfrentar a terra, uma das coisas que o Evoque mudou dentro da empresa. Direção e suspensão não remetem a nada da Range Rover clássica, com ajuste mais firme e focado em uma tocada mais asfalto, sem perder o conforto da rodagem. Dá pra ir para a terra? Sim, há até modos de condução e câmeras para isso, mas não é seu ambiente favorito.
Com 250 cv, chegou aos 100 km/h em 8,2 segundos em nosso teste, muito ajudado pela tração integral na hora da arrancada, mas um número mais alto que os 7,2 segundos do BMW X1 com 204 cv e tração dianteira e dos 7,5 segundos do Audi Q3, de 231 cv, com tração integral quattro. Apesar da potência, o câmbio de 9 marchas tem um foco no conforto, com trocas suaves e, mesmo em modo Sport, não vai muito além.
Em alguns momentos, parece perdida na relação entre o motor, a suspensão e a direção para um motorista que quer algo a mais, mas o Evoque ainda é um carro que anda bem, mas não um esportivo puro. O consumo também não é exemplar e já pede por uma eletrificação: 6,2 km/litro na cidade e 10,5 km/litro na estrada, com gasolina.
Mas vale uma observação para o Evoque. Para um uso familiar, a opção dentro da marca é o Discovery Sport, já que o Evoque acabou priorizando seu visual e, por dentro, é um pouco apertado, principalmente no banco traseiro - por outro lado, tem um porta-malas de 591 litros para a bagagem do casal que irá ficar bem acomodado nos bancos dianteiros.
A concorrência do Evoque é pesada. BMW X1 e Audi Q3 são os mais vendidos e, como o Evoque, receberam um RG brasileiro. Nesta versão R-Dynamic HSE, tem sistema de som Meridian, assistentes de condução, bodykit com toque esportivo, rodas de 20", teto panorâmico, seletor de modos de condução e fora-de-estrada, ar-condicionado de duas zonas com saída traseira, porta-malas com acionamento elétrico e mais.
Mesmo não vendendo como o X1 e Q3, o Evoque não nega ser um carro que já ficou para a história pela sua importância em como mudou os caminhos da marca e, até hoje, é um dos carros mais lembrados pelo seu design. A Range Rover poderia importar a versão PHEV, o que deixaria o SUV de luxo mais condizente com a proposta do mercado premium na eletrificação e o diferenciaria de seus principais concorrentes a combustão, até mesmo pelo seu preço. Mas é um carro que é comprado pelo lado emocional, não racional, por quem quer um visual marcante e um carro que, depois de 12 anos, ainda se destaca nas ruas.
Range Rover Evoque P250
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