Teste: Chevrolet Montana RS aposta em visual diferenciado na boa picape
Vale o investimento de R$ 3 mil a mais pelos detalhes esportivos?
A geração atual Chevrolet Montana é um produto relativamente novo no mercado brasileiro, lançado em fevereiro deste ano. Então a chegada da Montana RS, com um visual esportivo e custando R$ 151.890, apenas alguns meses depois da estreia da picape, é um movimento incomum, considerando que versões deste tipo normalmente chegam um bom tempo depois para ajudar manter o ar de novidade.
Outra coisa incomum é o posicionamento. Normalmente, a fabricante posiciona as versões RS como opções intermediárias no portfólio de cada automóvel, como acontece com Tracker RS, Equinox RS ou Onix RS. Para a Chevrolet Montana RS, a marca optou fazer uma aposta diferente, transformando na versão topo de linha da picape intermediária, para que seja uma alternativa para quem quer um visual diferenciado.
Vivendo de detalhes
São mudanças bem pequenas no visual, abusando do acabamento em preto brilhante na parte externa, como na grade dianteira, emblemas e capas dos retrovisores laterais. O santantônio tem design integrado ao rack de teto, o que ajuda a dar uma aparência diferente. As rodas são as mesmas da Montana Premier, de 17" e com acabamento diamantado. Por fim, temos o emblema RS na grade e na tampa da caçamba.
Na cabine, traz bancos com acabamento preto tem costuras vermelhas e uma linha escarlate na parte central, algo repetido nos assentos traseiros. O painel acima do porta-luvas recebe uma linha vermelha. As costuras neste tom continuam no volante e no tecido dos painéis das portas.
Funciona? Até que sim. No breve período em que fiquei com a picape, parei para abastecer e, coincidentemente, um senhor com uma Montana Premier parou do lado e veio olhar para a Montana RS, perguntando se era uma versão nova, porque não tinha visto essa na concessionária. Ficou um pouco incomodado com a situação, reclamando que “se estivesse nas lojas antes, teria comprado essa Montana”.
Apesar de ser uma versão, é praticamente um pacote visual que custa R$ 3 mil, considerando que não muda nada na lista de equipamentos na comparação com a Premier. Conta com ar-condicionado digital automático, seis airbags, alerta de ponto cego, faróis de LED com acendimento automático, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, carregador wireless, central multimídia de 8" com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, conexão 4G WiFi integrada, apoio de braço central e mais. Pode-se até argumentar que a Toro oferece mais, como painel de instrumentos digital de 7 polegadas, só que o preço sobe para R$ 164.190, uma diferença de R$ 12.300.
Para dirigir, a Montana que já conhecemos
Dinamicamente, é difícil não pensar na Montana como um Tracker com caçamba, até por conta do comportamento bem parecido quando não estamos carregando peso. É a combinação da plataforma GEM, o peso relativamente baixo de 1.310 kg e o motor 1.2 turboflex de 133 cv e 21,4 kgfm. Quando estamos dirigindo, é até normal esquecer que trata-se de uma picape e não um SUV.
Sem usar injeção direta, o 1.0 turbo que equipa o Onix não seria suficiente para a Montana, então a escolha do 1.2 foi acertada, entregando um desempenho mais adequado. No nosso teste, acelerou de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos, o que não é nada mal. A transmissão foi calibrada para manter o motor rodando em baixa rotação, fazendo as trocas pro volta de 2.000 rpm em acelerações mais brandas. Só que isso faz com que o câmbio seja indeciso em alguns momentos, realizando reduções para subir a marcha de novo logo depois.
O lado bom é que é bem econômica. Andando de pé leve, registramos 9,8 km/litro na cidade e 15,1 km/litro na estrada, com gasolina. E tendo que lidar com o trânsito de São Paulo. Em certos momentos, cheguei a fazer 12 km/litro quando andava pela cidade em momentos em que as ruas estavam mais tranquilas.
Como picape, ela cumpre o seu papel. A caçamba é bem curta, compensando na altura do espaço útil, então é possível levar algumas caixas empilhadas. Um ponto positivo é que, como a tampa abre para baixo, é possível comprar um acessório para servir de extensor, ajudando na hora de carregar algo mais comprido. A unidade que nos foi emprestada pela GM contava com a capota marítima rígida com abertura por comando. É um acessório, feito por outra empresa e que está disponível para outras picapes como a Ford Ranger. Infelizmente, neste caso, o controle não estava funcionando, impedindo a abertura completa da caçamba. Ao menos protegeu bem contra a chuva que caiu em São Paulo durante o período de teste, mantendo o compartimento seco.
Um ponto que me decepcionou é o espaço interno para a segunda fileira. Antes do lançamento, a Chevrolet sempre prometia que teria o melhor espaço da categoria, aproveitando melhor a área. Pode até ser ao fazer a comparação em números, mas a diferença é pouco sentida em relação à Fiat Toro, por conta dos bancos com encostos menos inclinados e a proximidade para os assentos dianteiros.
A Chevrolet Montana RS não é uma esportiva e nem tenta ser. A sigla sempre é usada pela marca para apenas trazer um visual diferente para os seus modelos e talvez esse seja o maior trunfo desta versão. A diferença de R$ 3 mil não é tão absurda para quem gosta do design da picape e quer algo diferente. Seu posicionamento como o topo da linha da caminhonete também foi bem acertado, buscando o cliente que ia olhar para a versão Premier, ao invés de perdê-lo pela falta de alguns equipamentos (como em outros carros da empresa). Ajuda também que a Fiat Toro parte de R$ 149.990, devendo alguns itens para a rival da GM.
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