O Polo virou um carro multiuso dentro da Volkswagen. Vai desde o básico Polo Track, substituto do Gol, até o Polo GTS, com motor 1.4 turbo e uma proposta um pouco mais esportiva de uso diário. Ele caiu no gosto de um público que procura um hatch mais potente e um estilo diferente, sem dizer na quantidade de receitas de preparação que ele recebeu no aftermarket.
Com elementos de Polo GTI europeu, o nosso Polo GTS 2024 custa R$ 149.990. É muito dinheiro, mas é a forma mais, por assim dizer, barata de colocar algo com essa receita mais esportiva na garagem. Adianto que ele é divertido dentro do que se propõe, mas algumas falhas não foram corrigidas e que, dentro da própria marca, pode ter uma certa concorrência.
A sigla GTS é para as versões que recebem algumas mudanças para um lado esportivo, mas não chega a ser um GTI, por exemplo, que já tem um motor ainda mais potente e mais mudanças. No caso do Polo GTS, o motor é o conhecido 1.4 turbo, com injeção direta e duplo comando variável que rende 150 cv e 25,5 kgfm de torque com gasolina ou etanol. Seu câmbio é o conhecido automático de 6 marchas, aplicado em praticamente toda a linha VW.
Vou falar melhor sobre o que a engenharia fez para dar ao GTS um espírito consideravelmente diferente dos demais Polo, mas primeiro tiveram que o diferenciar em estilo. Na dianteira, trouxe os faróis em LEDs Matrix do Polo GTI europeu, assim como a grade com o filete iluminado e o parachoque, que abriga a curiosa luz em LEDs nas extremidades que não são faróis de neblina, mas marcam ainda mais o GTS, e se ligam com os faróis e o filete da grade.
As rodas de 18" um dia foram opcionais no Polo GTS, mas agora são de série e marcam as laterais (apesar de serem as mesmas antes da reestilização), que recebem uma pequena saia e o escrito GTS nos para-lamas, assim como a traseira mantém as antigas lanternas em LEDs e o parachoque com extrator, que guarda a ponteira dupla de escapamento. O discreto aerofólio na tampa também é exclusivo do GTS, que é identificado pelo escrito na tampa, logo abaixo do logo da Volkswagen, em posição central.
Por dentro, o volante é novo, com base reta, escrito GTS, costuras vermelhas e revestimento em couro. O painel recebe um acabamento em vinil preto com as costuras vermelhas, que combinam com os bancos esportivos, que sim, são diferentes da demais versões do Polo. O painel de instrumentos recebe um grafismo com detalhes em vermelho, acompanhado do sistema multimídia VW Play com espelhamento sem fios e um carregador por indução.
Entre os hatches compactos, o Polo é o único a ter uma versão além dos 1.0 turbo. Com isso, o Polo GTS é o mais potente dessa categoria, mesmo que seu preço vá bem além de qualquer um dos demais. A Fiat preferiu ter o Pulse Abarth, chamado de SUV, com 185 cv, e não um Argo, por exemplo. Para quem busca esta carroceria mais compacta, terá que ir direto ao concessionário VW e negociar um GTS.
Mas não foi simplesmente colocar o conjunto que está no T-Cross Highline, por exemplo. O câmbio teve o software recalibrado, para as trocas mais rápidas, assim como o do motor tem respostas mais rápidas ao acelerador e em como ele entrega força, já que a proposta do Polo é diferente do T-Cross. A suspensão recebeu molas e amortecedores mais firmes, assim como barra estabilizadora mais grossa e um eixo traseiro exclusivo para compor o conjunto. Os freios são os mesmos dos 200TSI (que não existe mais no Polo, aliás), com disco nas 4 rodas, ventilados na dianteira.
Ou seja, a engenharia fez o Polo GTS como um conjunto equilibrado de carro de uso diário com algo de esportivo. No dia a dia, o seletor de modos de condução Eco e Normal fazem a dupla de motor e câmbio trabalharem para a eficiência e para o conforto nas trocas de marchas e em como o motor responde aos comandos do acelerador. Funciona bem e rodar no Polo GTS exige mais cuidado com as rodas de 18" para não danificar os baixos pneus 205/45, já que a suspensão ainda mantém uma boa absorção dos impactos.
O 1.4 turbo disponibiliza uma boa dose de torque já a 1.500 rpm, algo bom nas arrancadas e que permite ao câmbio fazer as trocas logo cedo. O motor 4-cilindros trabalha quieto e com pouca vibração, assim como as trocas de marchas são suaves. Em consumo, os 8,4 km/litro (com etanol) e 11 km/litro na estrada não ficam muito longe do que encontramos em um hatch 1.0 turbo, por exemplo, considerando a potência e torque extras.
A Volkswagen soube fazer um bom Polo. A plataforma MQB-A0 é boa parte responsável por criar um hatch com boa dinâmica e bom trabalho de suspensão. O conjunto mais firme do GTS não prejudica o conforto, mas dá uma estabilidade e melhores respostas aos comandos no volante que as demais versões. O motor 1.4 turbo sobra neste pacote, mesmo quando selecionamos o modo Sport.
Não é um canhão, chegando aos 100 km/h em 8,5 segundos, mas se esforça. Quando no modo Sport, o câmbio faz as trocas um pouco mais rápido e um emulador de ronco faz o parabrisas vibrar numa frequencia que parece ser um ronco mais grosso no escape - que bem que a VW poderia fazer um sistema no próprio escape, já que estamos falando de uma versão esportiva. Não é difícil aproveitar bastante do GTS em curvas, com um vetorizador de torque disponível para ajudar no contorno das mais fechadas, além de um bom conjunto de freios e uma direção bem calibrada.
Até se você quiser algo a mais no uso diário, ele vai além dos 1.0 turbo. Aquela mudança de faixa ou ultrapassagem é bem mais tranquila com mais força e maior estabilidade, principalmente quem irá o utilizar mais em estradas, por exemplo. A potência e o torque a mais proporcionam isso sem tirar o conforto e a usabilidade de um hatch normal ao não se colocar como um esportivo mais extremo. É um esportivo de entrada, por assim dizer.
Mas existe uma questão sobre sua oferta de equipamentos. Ele deve itens como piloto automático adaptativo, alerta de colisão com frenagem automática e até mesmo 6 airbags no lugar das 4 bolsas. São itens que um Virtus Exclusive, de R$ 150.990, oferece e pode roubar o cliente do irmão. É como pagar R$ 32 mil a mais que um Polo Highline 170TSI para levar a potência extra e os ajustes específicos, além do visual diferente e os faróis especiais. Faria isso?
Como toda versão esportiva, não é a escolha racional. Cobra alto por um pacote que não se difere tanto do Polo Highline, e fica devendo itens até diante de concorrentes de outros segmentos nesta faixa de preço, mas é aquele carro feito para agradar um nicho de clientes que são mais emocionais, mas não chegam ao bolso de ter um esportivo de marcas premium e abrem mão de alguns aspectos para levar outros.
Ps: e depois te conto como ele se sai diante do Fiat Pulse Abarth. Fique ligado!
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
VW Polo GTS 250TSI
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Teste Citroën Basalt Shine: a (quase) massificação do SUV cupê
Quer apostar? Híbridos vão depreciar mais que elétricos daqui a 10 anos
Teste Renault Kardian Evolution MT: manual, mas tão bom quanto o automático
Lista: os carros manuais que restaram em 2024 que não são básicos
Avaliação Jeep Renegade Longitude Night Eagle 2025: antigo protagonista
Jaguar revela novo logotipo e sinaliza como será 'recomeço elétrico'
Teste Mercedes-AMG GLB 35: rápido, discreto e refinado