Teste Ford Maverick Hybrid: consumo de carro popular e autonomia de diesel

Quando falamos de picape, logo vem a pergunta: é diesel? Novos tempos, novas tecnologias, diesel mais caro que a gasolina. A Ford escreve mais uma página de pioneirismo no Brasil com a nova Maverick Hybrid, primeira picape com conjunto híbrido em nosso mercado, que chega oferecendo consumo e autonomia para ofuscar as rivais com motor a diesel. Será que consegue?

O que é?

A nova Maverick híbrida tem basicamente o mesmo visual da FX4, mas com alguns leves detalhes no visual diferente. Aqui na versão híbrida, somente os mais atentos perceberão que a grade dianteira é ativa, que abre e fecha para otimizar o fluxo de ar, melhorando assim a aerodinâmica e contribuindo para a redução de consumo.

Nas laterais, a diferença está nas rodas de 18 polegadas de desenho exclusivo calçadas com pneu Michelin de uso urbano. No restante, a picape segue a mesma receita da versão a combustão, mantendo o mesmo visual robusto, estilo quadradão e imponente, inspirado nas irmãs maiores, Ranger e F-150.

É debaixo do capô que as coisas começam a ficar bem mais interessantes. Enquanto a versão FX4 aposta no desempenho do motor 2.0 turbo de 253 cv, aqui na versão híbrida o conjunto é formado por um motor 2.5 aspirado de ciclo Atkinson que gera 164 cv e um motor elétrico de 128 cv, mas que no uso combinado entregam o total de 194 cv e 21,4 kgfm. No papel o torque pode até parecer pouco, mas lembre-se, o motor elétrico entrega a totalidade do torque a partir de 0 rpm. E isso muda tudo. 

O gerenciamento entre motor elétrico e motor a combustão é feito de modo automático. Não há como escolher entre dirigir no modo híbrido modo, apenas no modo a combustão ou no puramente elétrico. Isso é totalmente transparente e variável de acordo com carga existente na bateria do conjunto híbrido. Por falar em bateria, ela está instalada debaixo do banco do passageiro traseiro e tem capacidade de carga de 1,1 kW/h. 

Em relação ao acabamento, é basicamente o mesmo da versão à combustão, e isso é uma boa notícia. Os mesmos porta objetos, a mesma inteligência em termos de nichos e porta volumes, materiais, montagem e também no estilo visual. A Maverick consegue ter uma personalidade própria, moderna, bem identificado com a proposta de picape. O que nós sempre destacamos é estilo bem quadrado que não está presente só no na parte externa, mas também aqui no interior, como você pode ver nas linhas do painel, console e até mesmo nos puxadores bem diferentes aqui nas portas.

Painel de instrumentos digital da Ford Maverick Hybrid Lariat 2023

Uma diferença óbvia em relação ao modelo combustão está no painel de instrumentos. Oferece a mesma visibilidade da versão a combustão, porém, no lado esquerdo mostra o indicativo de uso de energia, ou seja, se você está utilizando carga elétrica ou combustível para impulsionar a picape. Acima do velocímetro digital, também te informa constantemente o status da recarga de bateria.

Isso é muito comum, principalmente quando você para em um semáforo, por exemplo, para alertá-lo que a bateria atingiu o total ou um bom nível de carga. Assim, você não achará estranho que a picape se movimente sem ruído, apenas com o motor elétrico, quando a luz do semáforo ficar verde. 

Outra informação interessante que o painel indica é a quantidade de quilômetros que você rodou utilizando eletricidade. Porém, essa conta não é tão simples. Como falamos acima, você não consegue "forçar" o uso do modo elétrico, e mesmo quando a propulsão é por ele, nem todos os casos o motor a combustão está desligado. Para ficar mais claro, mesmo que você esteja rodando no modo elétrico, é possível que o motor a combustão esteja consumindo combustível para gerar energia.

Como anda?

Mas vamos ao que interessa, você quer saber se a Ford Maverick híbrida anda bem, não é verdade? A gente já sabe que a versão FX4 é um foguete quando se fala em aceleração. A boa notícia é que aqui, na versão híbrida, você também tem um desempenho que vai te surpreender.

Em nosso teste a Maverick híbrida conseguiu acelerar de zero a 100 km/h em apenas 8.4 segundos. Estamos falando de um carro em que a principal proposta é ser econômico, mas que mesmo assim, entrega uma aceleração muito boa para seu porte. Até mesmo nas retomadas de 40 a 100 km/h feitas em 5,8 s e a de 80 a 120 km/h bons 5,5 s. Na dúvida, compare os resultados dos nossos testes da versão híbrida com a FX4.   

Melhor que picapes diesel?

A Ford deixou claro que o alvo da Maverick híbrida picapes e SUVs equipados com motores diesel, ou sendo mais direto, Fiat Toro e Jeep Compass. Para quem aprecia picapes com este tipo de combustível, não vai encontrar na picape da Ford o tradicional ruído do motor, terá um rodar mais suave e poluirá menos. Nas apresentações técnicas, a marca deixou claro a capacidade da sua picape híbrida superar os 800 km de autonomia com apenas um tanque. Colocando na ponta do lápis, com o preço atual da gasolina mais barato que o diesel, esta é outra vantagem para a Maverick.

Consumo de carro 1.0

Não tivemos tempo hábil para testar o alcance total, mas no uso cotidiano na cidade o seu desempenho no quesito economia surpreendeu. Em nosso teste urbano, principal proposta desta versão, conseguimos atingir a marca de 18,9 km por litro. Mas ok, sabemos que todo mundo vai usar a picape em algum momento para pegar a estada. Até mesmo em trecho rodoviário a Maverick híbrida mandou bem: 17,9 km por litro. São números muito superiores do consumo da versão turbo, veja abaixo:

Se você já dirigiu a Maverick, encontrará na versão híbrida exatamente a mesma qualidade. É uma picape que entrega muita precisão, e acredite, baixo nível de ruído interno. Um dos segredos está no pneu Michelin Primacy 4+ 225/60 R18 de uso urbano, que além ser mais silencioso, também oferece uma nível de aderência acima da média.

Mas também tem algumas perdas. Em relação à versão FX4, a Maverick híbrida não traz a tração integral AWD, também perdeu a suspensão traseira do tipo multilink - em seu lugar entra uma solução com eixo de torção. Para uso majoritariamente na cidade, isso pouco interfere na no nível de condução. Caso o seu perfil seja aquele que goste de exigir mais da picape, seja em aceleração, velocidades e curvas, você deve pensar em partir para a versão FX4.

Quanto custa?

A Ford Maverick tem apenas um preço no Brasil: R$ 244.890. Neste valor, você pode escolher tanto a versão híbrido como a versão 2.0 Turbo. Em relação aos equipamentos, a lista é a mesma e não, não traz teto solar. Sentimos falta de piloto automático adaptativo e sensores de estacionamento. Entre os itens de série estão o painel com tela digital de 6,5 polegadas, multimídia SYNC com tela de 8 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto, chave com sensor de presença e botão de partida, abertura da porta por teclado, alarme com imobilizador e ar-condicionado digital dual-zone fazem parte do pacote.

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Em relação à segurança, vem de série com 7 airbags com detecção inteligente de ocupantes, assistente de frenagem com detecção de pedestres e ciclistas, controle eletrônico de estabilidade e tração, controle de reboque, faróis de LED com acendimento e luz alta automáticos, câmera de ré, assistente de partida em rampa, assistente de frenagem pós-colisão e monitoramento de pressão dos pneus.

Se você tem um SUV que usa todo dia e está pensando versatilidade de picape, os números da Maverick híbrida mostram que é uma excelente opção. Esse consumo, digno de um carro 1.0 bem acertado, devem entrar na sua lista de opções a se considerar. Se antes o termo "picape à diesel" era o que fazia sentido, os tempos de hoje mostram que a tecnologia híbrida pode te levar muito mais longe.

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