Hoje é difícil de chamar qualquer carro de barato, mesmo após os incentivos do governo. Então vamos falar assim: o Peugeot 2008 Style 2023 é um dos SUVs automáticos menos caros do Brasil. Seu preço oficial é de R$ 106.990, mas está saindo por R$ 102.990 com os descontos federais. Em valores, perde apenas para sua versão de entrada, a Allure 1.6 AT, de R$ 102.990, ou R$ 98.990 com os incentivos.
Em termos de equipamentos, a Style agrega apenas acabamento escurecido na parte externa, lanternas de LED, revestimento de couro no volante, inscrições alusivas à versão na cabine e bancos parcialmente revestidos de couro. Mas tudo tem seu preço: a última grande mudança do Peugeot 2008 1.6 aspirado foi a introdução do câmbio automático de 6 marchas para a linha 2017, sem contar que está na mesma geração desde 2013. Seu projeto já tem 10 anos e não disfarça a idade. Mas você tem que lembrar que ele, em preço, só é mais caro que o Fiat Pulse Drive 1.3 manual, que é bem menor. Vale a pena pegar um projeto antigo mirando o preço mais baixo?
Ainda que o 2008 Style seja uma das versões de entrada do SUV da Peugeot, itens de conforto e conveniência não foram deixados de lado. É um carro que, na versão Allure e por menos de R$ 100 mil, já tem itens como luzes diurnas de LED, câmera de ré, rodas de liga leve, controle de cruzeiro, ar-condicionado, trio elétrico, ajuste de altura para volante e banco do motorista, luzes de de neblina dianteira e traseira, entre outros. A Style já acrescenta ar-condicionado automático de duas zonas.
Aqui, são pequenas coisas que fazem falta e que são encontradas nas versões mais caras do 2008. O encosto de braço para o motorista é um desses itens. As versões Allure e Style já trazem de série uma central multimídia de 7" com Android Auto e Apple Car Play. Apesar do visual antigo, funciona bem. Mas a conexão de dados da multimídia é feita por uma entrada USB na face da tela, não na USB do console central abaixo. Então você vai lidar com fios pendurados no dia a dia.
É difícil entrar no Peugeot 2008 e não se sentir em um carro seminovo. Não pelo desgaste, mas por tudo lá dentro ser familiar. É um SUV que você entra e sai dirigindo sem perder tempo até achar os comandos que precisa. Tudo está no lugar que você espera e a ergonomia foi acertada há muito tempo, então você se acostuma rápido com o carro.
Fora que a plataforma do Peugeot 2008 é muito versátil. É quase uma hipotética 208 SW Escapade. Tem vão livre do solo e um espaço prático por dentro. Vai andar sozinho? Ele atende. Estradinha de chão batido? Ele encara. Vai levar crianças? Elas cabem. Precisa arrastar uma bike? Basta rebater o banco traseiro.
Pessoalmente, viajei em 3 adultos com mais malas do que o necessário para um final de semana na praia, incluindo até os travesseiros. E coube tudo a bordo do 2008. O SUV da Peugeot tem limitações? Tem, como todas as coisas. Mas no uso diário, é prático, cômodo e requer pouco esforço.
Tá, o Peugeot 2008 já pode falar que tem uma década de vida. O seu motor 1.6 aspirado tem origens ainda mais antigas. Sem turbo, sem auxílios, com câmbio automático convencional e uma aerodinâmica que não ajuda, estava esperando um consumo de médio para ruim. Só que o 2008 pesa pouco mais de 1.200 kg, relativamente leve para categoria.
Usando na cidade com tráfego normal, sua média com gasolina foi de 9,3 km/l. Na estrada e andando sozinho, chegou a 16,4 km/l com o mesmo combustível. Mesmo na viagem, carregado e subindo serra, o computador de bordo apontou sempre mais de 14,5 km/l. Considerando a idade e o esforço que um conjunto antigo teve que aturar, estava esperando algo bem pior.
Quatro airbags e ABS. Em termos curtos, é isso que o Peugeot 2008 entrega como destaque no quesito segurança. Além do obrigatório por lei, tem apenas as bolsas de ar laterais nos bancos dianteiros. Os airbags de cortina, que cobrem os bancos traseiros também, aparecem apenas a partir das versões com motor THP. E não, o 2008 1.6 aspirado não tem nem controle de tração, algo que até um Renault Kwid mais básico oferece de série hoje em dia. Controle de estabilidade então, nem pensar.
O motor 1.6 aspirado tenta, enquanto o câmbio automático faz malabarismos para equalizar desempenho e consumo, mas não tem jeito. Em tempos de motores 1.0 turbo, o desempenho do 2008 deixa a desejar. Você vai se pegar usando o fim de curso do acelerador mais vezes do que o esperado. Na ânsia de priorizar o consumo, o câmbio espera muito antes de fazer reduções, ainda mais no modo Eco. Espera o suficiente para perder embalo na subida e precisar fazer duas reduções de marcha e jogar o giro do motor lá em cima.
O Peugeot 2008 é confortável e relativamente silencioso a bordo, mas deixar o motor trabalhar em giro alto para tirar tudo o que ele pode entregar faz o ruído na cabine aumentar. A suspensão também filtra bem os buracos, mas o projeto antigo mostra a cara nas curvas. O volante pequeno e a direção elétrica rápida exacerbam o acerto macio e o SUV tem um rolamento de carroceria bastante pronunciado.
Cabe bastante coisa no Peugeot 2008, mas principalmente os passageiros do banco traseiro são os que mais sofrem com o espaço para as pernas. O entre-eixos do SUV, de 2.542 mm, é um dos menores da categoria. Se você levar adultos com mais de 1,75 m de altura, eles já vão andar com os joelhos roçando nas costas dos bancos dianteiros. O volume do porta-malas é de apenas 355 litros, pouco mais que num hatch. É quadrado e bastante utilizável, mas perde na comparação com rivais mais novos.
Peugeot 2008 1.6 AT6
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