Quando apresentou a reestilização do Polo em 2022, a Volkswagen apresentou uma estratégia onde colocou o hatch em uma nova posição de mercado, mais simples e barato para uma briga com Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e cia. Se por um lado criou um carro mais alinhado em preço com esses concorrentes, foi alvo de muitas críticas. E ficou a dúvida: será que o Virtus seguiria o mesmo caminho?
Pelo contrário. O VW Virtus 2023 segue o caminho contrário do Polo, se afasta com uma identidade própria e está procurando três tipos de clientes: os que não querem SUVs, os que querem os SUVs e quer convencê-los a comprar algo mais completo com o mesmo valor (ou menos) e, dependendo da versão, quem ficou carente sem um Jetta que não seja o esportivo GLI. Como é isso na prática?
Na sexta geração, o Jetta deixou de ser um simples “Golf Sedan”. Identidade própria, praticamente nenhuma ligação com o hatch e novos compradores. Essa receita se repete com o Virtus, que apesar se ainda estar na primeira geração, não é mais um Polo Sedan – algo que a VW já tentou fazer com esse nome próprio no seu lançamento. Mas ainda estava muito colado ao hatch.
O primeiro passo foi o design. A dianteira recebeu, literalmente, os faróis do Nivus, fullLEDs com luzes diurnas bem diferentes dos faróis do Polo. Para acompanhar, um capô mais alto, longo e destacado, que se casa com um parachoque e sua grande grade inferior, recebendo ainda os faróis de neblina do Nivus e, dependendo da versão, um acabamento em preto fosco ou preto brilhante e detalhes em cromado ou cinza. Só essa mudança de 69 mm de comprimento ao Virtus.
A traseira, que já tinha uma identidade bem diferente do Polo, recebeu lanternas fullLEDs pretas, assim como as luzes de placa, e o parachoque traseiro ganhou elementos inferiores, com um difusor, detalhes cromados dependendo da versão e os refletores. Ganhou 10 mm aqui, totalizando 79 mm para os 4.561 mm. As demais medidas não se alteram, como o entre-eixos de 2.651 mm. Nas laterais, novas rodas que variam de 15” a 18”, sempre de liga-leve.
Por dentro, algumas mudanças que vimos no Polo. O painel varia entre a tela de 8” a tde 10,25”, dependendo da versão, assim como o sistema multimídia pode ser o de 6,5” ou o VW Play, de 10,1”. O novo volante está disponível a partir da versão 170TSI automática, assim como o seletor do câmbio. No acabamento, as portas recebem tecido onde apoia o braço, um courvin nas versões mais caras preenchendo mais espaço e o dashboard ganha um aplique que pode ser uma peça plástica com uma textura ou um emborrachado na Highline e Exclusive. Os bancos também variam: inteiriços em tecido até a 170TSI AT e o tradicional a partir da Comfortline.
Esse afastamento do Polo fez bem ao Virtus. Ele recebeu tudo que esperávamos no hatch, como os 6 airbags, as lanternas em LEDs e o ADAS, com piloto automático adaptativo e alerta de colisão com frenagem automática. Até em design ficou mais atraente - confesso que não sabia que os faróis do Nivus ficariam tão bons no Virtus.
Por dentro, é como o Polo. Curiosamente, mesmo o volante mais simples, é possível mudar a visualização do painel de 8" com...conta-giros. Não duvido da VW fazer o mesmo, em silêncio, com o Polo 170TSI manual, que entrou nessa polêmica. Acerto também da marca ao manter os bancos tradicionais ao menos nas versões mais caras, assim como já oferecer o ACC desde a 170TSI automática, que será um de seus diferenciais diante da concorrência.
Ainda não é o sedã com melhor acabamento, mas é algo em comum nos compactos o uso tão grande de plásticos rígidos, mas deixar a porta traseira tão pobre em todas as versões é algo estranho em um carro que sabemos que o uso do banco traseiro é um dos principais motivos de compra. E isso vale até mesmo para a Exclusive, que vem com uma proposta de luxo e mantém um forro de porta em plástico puro.
Para este primeiro contato, escolhi o Virtus 170TSI com câmbio manual, a versão de entrada que substitui o antigo 1.6 aspirado. Meu contato com o Polo com este conjunto me deu uma boa impressão e não foi diferente com o Virtus, mesmo mais pesado. Ao mesmo tempo, é bom para analisar como é o mais barato em acabamento.
Não nega ser uma versão de entrada. É mais simples por dentro, sem tanto tecido nas portas, faixa plástica no painel, volante com design antigo e a central multimídia com tela de 6,5" com espelhamento por fios - que curiosamente é acompanhada por um carregador por indução. Bancos inteiriços em tecido, sem faróis de neblina, sem os detalhes em preto brilhante e com as rodas de 15" completam esse pacote mais simples do Virtus 2023.
O Virtus tem três opções de motor TSI: o 1.4 turbo (250TSI) ficou para o Exclusive, enquanto mantém o 200TSI (1.0 turbo de até 128 cv) no Comfortline e Highline. O 170TSI, de até 116 cv e 16,5 kgfm, está ligado ao câmbio manual de 5 marchas e um automático de 6 marchas, que é de uma família diferente da caixa usada no 200TSI.
Em desempenho, rodei mais tempo em estrada. O Virtus de entrada tem fôlego e a relação de marchas deixa ele bem acordado, apesar de um turbolag bem aparente até perto das 2.000 rpm. É o mesmo comportamento do Polo com esse conjunto, inclusive com o bom desempenho em velocidades mais altas - mas a suspensão, recalibrada, acaba sendo bem voltada ao conforto e deixa a dianteira bem leve em ritmo mais elevado, já acima dos limites das rodovias brasileiras. O evento foi em Buenos Aires, onde o limite das rodovias é mais alto, em 130 km/h.
A construção do Virtus segue sendo um bom ponto. Tem boa montagem da carroceria, uma rigidez que percebemos no bater de portas e trabalho de suspensão e boa posição de dirigir, ajudada pela regulagem de altura e profundidade da coluna de direção. Para uma versão de entrada, agrada bem e pode ser uma opção a quem procura um carro familiar sem gastar muito com as versões acima e abre mão do câmbio automático.
Por R$ 103.990, é difícil falar que o Virtus 170TSI manual é barato. Por outro lado, vem com um pacote de equipamentos bem completo para tentar justificar que custe mais de R$ 100 mil. Tem R$ 9 mil de diferença para o automático, o que separa os compradores e dificilmente os deixarão em dúvida pelo valor maior - apesar do automático agregar mais alguns itens.
Aos que tanto pediam o motor 1.0 turbo da VW com câmbio manual nessa base MQB, o Virtus é uma opção com maior espaço interno, porta-malas e itens que o Polo TSI MT, de R$ 96.140. É para quem não quer um SUV e aceita o câmbio manual - ou ainda o prefere.
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