Teste Audi Q5 Sportback TFSIe: quando na tomada, consumo urbano surpreende
Versão híbrida plug-in tem 367 cv e roda pouco mais de 40 km em modo elétrico
Apesar de ter começado seu processo de eletrificação no Brasil com o e-Tron, a Audi também investiu em seus modelos híbridos. Aproveitando que o Q5 é um de seus principais modelos em nosso mercado, trouxe a versão híbrida plug-in do SUV, inclusive com a carroceria cupê, para ampliar seu catálogo de modelos eletrificados.
No novo Audi Q5 Sportback TFSIe, a letra “e” indica que estamos diante da versão híbrida plug-in. O sistema de tração integral famoso da Audi trabalha de forma diferente quando acoplado a um sistema elétrico e surpreende principalmente no consumo urbano se você tiver uma tomada para fazer a recarga.
Híbrido agora é a única versão cupê
Esta geração do Audi Q5 foi apresentada mundialmente em 2016, como modelo 2017, e reestilizada no Brasil em 2021, quando estreou a carroceria Sportback. Traz o estilo de SUV-cupê para agradar quem procurava por mais esportividade, algo que é reforçado no Q5 Sportback TFSIe híbrido plug-in, que desde sua apresentação no ano passado passou a ser a única configuração de motor disponível para o SUV com perfil de cupê no mercado brasileiro.
Como em um jogo de 7 erros, fica difícil notar as diferenças do Q5 Sportback eletrificado em relação ao Q5 Sportback 2.0 turbo a gasolina. Ele mantém sua clássica grade octagonal com logotipo “quattro” que preenche boa parte da dianteira, bem como os faróis full-LED Matrix, se diferenciando basicamente pelas novas rodas de 19 polegadas e o logotipo 55TFSIe no lado direito do porta-malas.
Falando especificamente do Q5 Sportback TFSIe na versão Performance Black, se destaca pelo pacote exterior em preto brilhante, que agrega um acabamento para realçar a esportividade composto pela moldura da grade frontal e dos sensores, além dos arcos das caixas de rodas, frisos das janelas, bem como a régua na traseira abaixo das lanternas e aquele friso na parte inferior do para-choque, tudo em preto brilhante – o famoso black piano.
Por dentro o Q5 Sportback TFSIe mantém a sobriedade de sempre, trazendo seu famoso painel de instrumentos digital com tela de 12,3”, mas que nesta configuração híbrida traz grafismo exclusivo. No modo mais clássico de visualização do painel você vê do lado direito a porcentagem de força do motor, além de informações de atuação do conjunto híbrido plug-in: andando em modo que demanda mais força (boost) ou em potência total (power).
A tela da central multimídia MMI continua destacada como o Q5 convencional, algo que acaba denunciando a idade do projeto base do SUV, que tem ao menos 7 anos, enquanto o Sportback é mais novo. Apesar disso, ganha funções nessa versão PHEV, mostrando gráficos de uso da motorização híbrida, informações de consumo, autonomia elétrica e mais.
O acabamento é totalmente em preto, tanto no acabamento emborrachado do painel quanto no revestimento em couro nos bancos e volante. Nessa versão Performance Black uma faixa em black piano atravessa o painel, acabamento também presente na área do console central. A posição de dirigir do Q5 é bastante confortável que, embora seja numa posição mais alta como todo utilitário deste porte, traz extensores manuais para a base das pernas na região da coxa, o que vai agradar motoristas mais altos.
Quem vai sentado no banco de trás vai bem acomodado, com exceção do terceiro passageiro na parte central, que acaba sendo prejudicado pelo túnel central elevado. Uma característica de carros de tração traseira, ou no caso do Q5 Sportback TFSIe, um SUV com tração integral. Tem até controle de descida e modo off-road que desliga o controle de estabilidade e tração, função que na ocasião do lançamento testamos na prática subindo morros com pista de terra.
Potência e consumo de respeito
O Audi Q5 Sportback híbrido plug-in é bem mais potente que a versão já fora de linha do Sportback, que vinha somente com o 2.0 turbo a gasolina com 249 cv e 37,7 kgfm de torque. Já o SUV-cupê TFSIe combina o mesmo motor turbo 2.0 TFSI a combustão, que atualizado tem 252 cv e os mesmos 37,7 kgfm, a outro motor elétrico instalado na transmissão que, sozinho, entrega 143 cv e 35,7 kgfm. Trabalhando juntos no modo híbrido, a potência combinada chega aos 367 cv, enquanto o torque máximo chega aos 50,9 kgfm.
Na prática, são 118 cv e 13,2 kgfm a mais sobre o Q5 convencional – único que oferece ainda as versões 2.0 TFSI. Os tradicionais modos de condução também estão presentes: Efficiency para economia de combustível, Comfort, Dynamic (esportivo, onde o 2.0 turbo é ligado automaticamente) e Off-Road – que desliga os controles de estabilidade para melhor desempenho em pavimentos irregulares.
No uso diário, ele sempre acaba priorizando o motor elétrico, tanto que quando se dá a partida no carro, o modo EV 100% elétrico é ativado automaticamente. Além disso, esse propulsor tem força suficiente para mover as mais de 2 toneladas do utilitário. Sua bateria de 17,9 kWh (14,4 kWh líquidos) permite uma autonomia entre 56 e 62 km no padrão WLTP, mas no novo padrão brasileiro do Inmetro a autonomia declarada é de apenas 30 km. Na prática, conseguimos rodar pouco mais de 42 km usando apenas o modo EV (usando 100% o motor elétrico) do SUV-cupê.
Vale lembrar que o Q5 conta com três opções do modo e-tron: o Auto Hybrid utiliza os dois motores dependendo da demanda de força; o EV usa somente elétrico e o Battery Hold preserva a carga da bateria, assim o SUV passa a usar somente o motor 2.0 turbo para rodar. No lançamento no ano passado a Audi afirmava que havia também o modo Charge na versão híbrida plug-in do Q5, que tinha a função de recarregar a bateria usando o motor a combustão como um gerador.
Só que no carro testado essa função estava indisponível o que, segundo a Audi, foi uma “escolha técnica da Engenharia da Audi AG para distribuição internacional dos seus produtos de acordo com as características e demandas de cada mercado / região”.
Com a ausência do modo Charge, isso acaba fazendo com que o motorista tenha que recarregar sempre a bateria em sua totalidade, já que não poderá com aquela extra do motor a combustão. A bateria de 17,9 kWh pode ser recarregada com potência de até 7,2 Kw em tomadas AC (industrial, de 32 amperes) ou em até 1,8 Kw em tomadas domésticas (8 amperes).
Modo e-tron apenas com 3 opções disponíveis
O SUV-cupê mantém os freios regenerativos, que garantem um pouco de recarga bateria – mas longe de carregá-la por completo. Além disso, esse recurso ajuda o carro a reduzir a velocidade. A Audi afirma que quando se retira o pé do acelerador, o sistema pode recuperar até 25 Kw, enquanto que, em situações de frenagem, pode-se recuperar até 80 kW da energia. Um detalhe interessante é que mesmo com a bateria “zerada” ali no painel, o carro tem sempre uma reserva de energia para baixas velocidades, assim sempre que você manobra, o silêncio é absoluto.
Em nossas médias de consumo, o Q5 Sportback TFSIe registrou uma média de 38,8 km/litro na cidade utilizando o modo Auto Hybrid, enquanto que com a bateria descarregada, portanto usando apenas o 2.0 turbo, seu consumo caiu para 10,4 km/litro. Mesmo assim é um consumo urbano melhor do que o Q5 Sportback à combustão que testamos em 2021, cujo número foi de 8,4 km/l, já que ainda tem uma certa ajuda elétrica em baixas velocidades. A vantagem do Q5 Sportback híbrido sobre o antigo à combustão também foi replicado na estrada mesmo com a bateria descarregada, registrando uma média de 12,5 km/litro – superior aos 11,8 km/l obtidos em 2021.
Vale destacar que as médias de consumo na cidade variaram bastante no modo híbrido, isso porque depende da forma de dirigir do motorista e do tipo de trânsito percorrido no trajeto e, principalmente, pelo nível de carga disponível na bateria de 14,4 kWh e o relevo da cidade em que você dirige. Há certas situações em que o 2.0 turbo vai ligar automaticamente por conta de uma ladeira mais íngreme, enquanto que em trajetos mais planos ele será pouco acionado, logicamente sempre considerando que há carga na bateria. Assim, conseguimos médias variáveis de 23,8 km/l, 24 km/l, 38,3 km e até 69 km/litro no modo Auto Hybrid, dependendo da situação.
No dia a dia, o Q5 Sportback TFSIe segue o padrão Audi em relação a suspensão, trazendo um ajuste equilibrado entre conforto e bom comportamento em curvas, sem rolagem de carroceria. Ele ignora suas mais de 2 toneladas e contorna curvas sem muito esforço, quase como um hatch, fazendo você lembrar que está num SUV por conta da maior altura que, diga-se de passagem, é muito bem-vinda nas valetas e saídas de garagem. O câmbio é o famoso S tronic automatizado de dupla embreagem de 7 marchas, enquanto a tração é integral quattro – que prioriza o eixo dianteiro para maior economia de combustível.
No Q5 Sportback, o motor elétrico está na transmissão, mantendo o sistema quattro com caixa de transferência e eixo cardã tradicional. Em alguns modelos, como o Volvo XC60, o motor elétrico está instalado no eixo traseiro, eliminando diversos componentes do sistema tradicional de tração.
Esse conjunto foi o suficiente para o Q5 Sportback híbrido plug-in se sair muito bem em nossos testes de desempenho, acelerando de 0 a 100 km/h em 5,2 segundos contra 6,7 s do antigo Sportback 2.0 TFSI. Foi superior também nas retomadas, com destaque na saída de 40 km/h a 100 km/h ao cravar 3,5 segundos, bem superior aos 4,6 s obtidos pelo Q5 Sportback de 249 cv. Toda a força do Q5 Sportback TFSi é entregue de forma mais linear, isso mesmo quando o modo Dynamic é ativado. É mais suave, por exemplo, do que um Volvo XC60, que lhe dá uma patada ao cravar o pé no pedal da direita. Dependendo do ponto de vista, isso por ser bom ou ruim...
Quanto custa o Q5 Sportback PHEV?
Nesta versão Performance Black 2.0TFSIe, o Q5 Sportback PHEV vem equipado com Pacote exterior em preto brilhante, banco motorista com ajuste elétrico e memória (disponível em 2 perfis), alerta de tráfego traseiro, volante com base achatada e o Audi Side assist com exit warning, uma luz amarela nos retrovisores que pisca para o motorista para alertá-lo que há um veículo no ponto cego.
Soma ainda alerta de desembarque (guias de LED em vermelho acendem nas portas e avisa que um carro ou uma bicicleta se aproxima por trás do carro), ar-condicionado de 3 zonas, sistema de som Audi com 10 alto-falantes, central multimídia MMI com navegador GPS, teto solar panorâmico, pacote de luz ambiente com 30 cores e carregador Audi de 7,2 Kw. Com esses itens o Q5 Sportback TFSIe Performance Black sai por R$ 502.990, mas pode ficar ainda mais salgado se equipado com Head-up Display (R$ 9.000), lanternas em OLED (R$ 8.000) e som Bang & Olufsen 3D (R$ 9.000) que equipavam essa unidade. Tem ainda o pacote carbono por R$ 13.500.
Galeria: Teste Rápido Audi Q5 Sportback TFSIe 2023
O Audi Q5 Sportback TFSIe acaba sendo aquele tipo de carro híbrido plug-in que acaba forçando o uso do motor elétrico a todo instante em vez de equilibrar seu uso junto ao motor 2.0 turbo, com isso o SUV acaba pesando ainda mais a mão na tal característica dos híbridos, que funcionam melhor na cidade do que na estrada. Ao priorizar o motor elétrico na maioria das situações, sua bateria rende menos do que poderia e o motorista terá que parar mais vezes para recarregá-la na tomada, algo indispensável depois que a Audi tirou a função Charge do SUV.
Com preço de meio milhão de reais, o Q5 Sportback TFSIe híbrido plug-in acaba percorrendo um terreno hostil em que ultrapassa o valor de um Volvo XC60 T8, mais potente com seus 462 cv e mais barato (R$ 465.950 na versão Polestar Engineered). O utilitário da Audi supera até o valor de elétricos como o BMW IX3 que, apesar de menos potente (286 cv), sai por R$ 485.950. No final, a decisão será pelo design ou pelo nível de eletrificação, a escolha é sua.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com) e Divulgação/Audi
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Audi Q5 PHEV 2.0T
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