O Honda Civic voltou! Após uma despedida traumática do modelo com direito a encerramento de produção no Brasil, a 11ª geração do sedã médio volta ao mercado nacional com diferenças que vão muito além do visual. Nós já testamos o novo Civic Híbrido na pista e mostramos que, mesmo sendo um carro híbrido, pode conquistar quem curtiu o 1.5 Touring.
Batizado mundialmente de Honda Civic e:HEV, a 11ª geração do modelo chega ao país em versão única e será propagado apenas como "Civic Híbrido". Boa notícia é que praticamente tudo que a gente sempre curtiu no modelo anterior, como a boa posição para dirigir, direção precisa e muita estabilidade, estão presentes na novidade.
Honda Civic e:HEV 2023
Um dos pontos que pode causar polêmica é o visual, embora isso seja subjetivo. O Civic G10 causou por ser arrojado demais, por ter uma personalidade forte. As coisas ficam mais, digamos, convencionais no novo Civic. A começar pela dianteira, o estilo é mais sóbrio. Faróis full-LED mais finos, um novo "nariz" que para ostentar o emblema da Honda e entradas de ar mais bem demarcadas. O anterior tinha mais agressividade "no olhar" com a espessa barra cromada e faróis filetados.
Honda Civic e:HEV 2023 e Civic 1.5 Touring 2021
A traseira, que para muitos era motivo de polêmica, também foi "suavizada". As grandes lanternas bumerangue, que fez do Civic 11 inconfundível nas estradas, dão lugar a novas peças na horizontal em LED, mas bem mais tradicionais. De certa forma busca inspiração no New Civic de 8ª geração, invadindo bem a tampa do porta-malas. A caída do teto permanece, mas perdeu aquela sensação "de coupé" de antes. A Honda parece mirar em público mais geral, e mesmo colocando a antena tubarão para tentar buscar o apelo esportivo, deixou o estilo bem mais conservador.
As diferentes traseiras dos Honda Civic e:HEV 2023 e 1.5 Touring 2021
Por dentro, outro mundo. A Honda subiu, literalmente, de nível todo o padrão de acabamento. Materiais de boa qualidade, painel emborrachado na parte superior, saídas de ar camufladas por uma grelha, novo volante, novos botões de comando e visualização do ar-condicionado de duas zonas estão entre as novidades. O esperado painel totalmente digital, com 10,2 polegadas, chega trazendo um estilo, mais uma vez, sóbrio, porém recheado de informações para o motorista. Tudo pode ser encontrado ali, desde o fluxo de energia e consumo de combustível, a até detalhes como a miniatura do Civic que "repete" o que está acontecendo de verdade, como uso de setas, luzes de freio acendendo e até faróis.
A tela da central multimídia, no estilo flutuante, é fixa e tem 9 polegadas. Poderia até ser maior, mas a Honda preferiu deixar alguns botões físicos inseridos na lateral, uma boa mescla na nossa opinião. A sua operação está muito ágil e intuitiva, acessando rapidamente todas as funções disponíveis. Possui conectividade sem fio com Apple CarPlay e Android Auto, mas para configurar da primeira vez é preciso usar um cabo.
Visibilidade foi ampliada no Honda Civic e:HEV 2023
Uma mudança importante nesta nova geração, e que vai ser bem notada por donos do Civic G10, é a ampliação da visibilidade interna. Comparado o modelo anterior, o Civic Híbrido teve o seu capô rebaixado em 20 mm, a coluna A ficou mais fina e os retrovisores são fixados nas portas, e consequente, o painel também ficou mais baixo. Ao ajustar o banco do motorista, eletricamente, você pode chegar na mesma posição "baixa" (para quem gosta) do G10, mas esse novo posicionamento do painel pode não dar aquela sensação de encaixe em um cockpit. O console central, mais baixo, também contribui para isso.
Console central do Honda Civic e:HEV 2023
Por falar no console, ponto positivo para a nova geração. A Honda manteve alguns pontos com acabamento em black piano em pontos estratégicos, enquanto na região que é mais suscetível a riscos, aplicou um bom revestimento texturizado deixa o ambiente sofisticado. Dois porta-copos ali, com molas, nova manopla de câmbio, botão do freio de estacionamento eletrônico, seletor do modo de condução e um pouco mais à frente 2 tomadas USB e o carregador por indução completam o ambiente. O apoio de braço é generoso, gerando um bom porta-objetos ali, com abertura suave - no estilo "triunfal" como diria o Youtuber automotivo Xenão.
Atenção pessoal que gosta do 1.5 turbo: o trem agora mudou, mas pode te convencer. Outra grande alteração no Honda Civic 11 é o powertrain híbrido - e isso é bom. Batizado pela de e:HEV, o conjunto fez sua estreia no Brasil pelo Accord, mas agora chega com evoluções para o Civic para ser ainda mais eficiente.
O conjunto híbrido do novo Civic é formado por um motor 2.0 a combustão aspirado de ciclo Atkinson, mas recebeu injeção direta de gasolina. Ele gera 143 cv (a 6.000 rpm) e 19,1 kgfm (a 4.500 rpm). Existem também dois motores elétricos, sendo um gerador e o outro propulsor com 184 cv e 32,1 kgfm de torque, alimentado por uma bateria de 1,05 kWh.
A grande sacada deste sistema da Honda é que eles não trabalham em conjunto para impulsionar o carro, por isso não existe uma soma de potência. O objetivo deste sistema é aproveitar ao máximo o potencial de cada motor: o elétrico manda bem velocidades baixas e médias enquanto o 2.0 a combustão entrega sua melhor performance em alta velocidade.
O seu funcionamento é até bem simples. Para velocidade até 100 km/h, você terá praticamente um carro elétrico, usando os 184 cv e 32,1 kgfm de torque. Isso confere muita força logo de cara e boa potência para ganhar velocidade. Falando em números: em nosso teste instrumentado na pista, acelerou de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos - o 1.5 Touring fez em 7,6 s. No uso normal, quando estiver perto de de 100 km/h, o motor elétrico é desacoplado e o 2.0 a combustão é "engatado", em marcha única, atuando como se estivesse em 7ª marcha sempre. Tudo acontece automaticamente e de forma imperceptível.
Importado da Tailândia, o Civic Híbrido só bebe gasolina. Segundo o Inmetro, o consumo urbano é de 18,3 km/litro, enquanto o rodoviário é de 15,9 km/l. No nosso teste foi ainda melhor, registrando 21,7 km/l na estrada e 23,5 km/l na cidade. Abaixo você pode comparar os dados de desempenho e consumo dos Civic G10 e G11.
Aceleração | Novo Honda Civic Híbrido | Honda Civic 1.5 Touring 2021 |
0 a 60 km/h | 3,4 s | 3,7 s |
0 a 80 km/h | 4,8 s | 5,4 s |
0 a 100 km/h | 6,8 s |
7,6 s |
Retomada | ||
40 a 100 km/h (em S) | 5,8 s |
5,5 s |
80 a 120 km/h (em S) | 5,0 s |
5,1 s |
Consumo de combustível |
||
Cidade | 23,5 km/l |
12,6 km/l |
Estrada | 21,7 km/l |
16,8 km/l |
Ok, mas você quer saber da tocada, não é? Ter o Civic G10 no mesmo instante em que testamos o G11 nos permite falar com propriedade. O novo Civic Híbrido consegue agradar em quase todos os aspectos quem tem o anterior, de qualquer versão. O comportamento dinâmico foi aprimorado, com um nível de construção mais refinado com a adoção de solda laser, maior aplicação de ações de ultra e alta resistência, maior rigidez torcional e melhor isolamento acústico. Mesmo com o conjunto híbrido, que deixa o carro mais pesado, o Civic se movimenta bem pelo trânsito urbano e estradas.
Além de tudo isso, tem uma "mágica" que bagunçou minha cabeça nos primeiros testes em pista. Quando você acelera para ganhar velocidade, o Civic faz o barulho e os "trancos" como um carro com marchas. Explicando, até chegar a 100 km/h o Civic híbrido roda com o motor elétrico (que não usa um câmbio de marchas), mas consegue fazer fisicamente os trancos e o ruído do motor "caindo" como nas trocas de marcha. Os engenheiros explicaram que tudo isso é feito via software ao cortar combustível do motor a combustão (pois está desacoplado) e simultaneamente cortar energia do motor elétrico muito rapidamente.
Chegamos no ponto que os donos do Civic G10 não vão gostar: o preço. A Honda inicia as vendas do novo Civic Híbrido no Brasil por R$ 244.900, em versão única. Vem equipado com o Honda Sensing atualizado, que traz piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, frenagem automática de emergência e farol-alto automático. Também traz o Lane Watch, como no G10, com uma câmera no retrovisor direito.
O pacote de segurança inclui 8 airbags (incluindo pela primeira vez 2 airbags em cada lado), controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, lembrete de objetos no banco traseiro e monitor de atenção do motorista. Há sensor de pressão dos pneus, que alerta caso a pressão baixe e fique em nível crítico.
O Honda Civic e:HEV chega com rodas de 17", faróis, lanternas e faróis de neblina em LEDs, sensor de chuva, sensor de luz, chave presencial com partida remota, teto-solar, brake-hold, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, seletor de modos de condução (Econ, Normal e Sport), bancos em couro, carregador por indução, sistema multimídia com tela de 9" e espelhamento sem fios, ar-condicionado automático, painel digital de 10,2", sistema de som Bose, cancelamento de ruídos, bancos dianteiros elétricos e o myHonda Connect, com integração com app no smartphone.
Por conta das limitações de volume, a Honda está limitando as vendas para algumas regiões. Concessionárias de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza e Manaus receberão o modelo. De acordo com a marca, outros mercados serão atendidos gradativamente.
O novo Honda Civic Híbrido chegou com preço salgado. Os R$ 244.900, apesar de ser a realidade de mercado, deixou o sedã muito distante do que os donos da geração anterior pagaram pelo modelo top de linha. É um produto muito melhor, mais tecnológico, inteligente, seguro e econômico, mas nesta nova geração, acabará ficando longe de quem sempre gostou do Civic.
Honda Civic e:HEV
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