Em setembro de 2021, o Hyundai HB20 foi o modelo mais vendido do mercado brasileiro. Muita festa foi feita na montadora, que viu seu grande rival, Chevrolet Onix, despencar na tabela com sequentes paralisações de produção. Se um dia muito se falou sobre isso ser impossível, tem mais: o HB20 só não foi o mais vendido no acumulado do ano por causa da Fiat Strada, um comercial leve.
E lógico que a empresa sul-coreana quer aproveitar o bom momento do HB20. Apresentou sua reestilização para seguir como o favorito e tirar um pouco do design polêmico que marcou o começo desta geração. Este é o Hyundai HB20 Platinum Plus 2023, versão topo de linha que recebeu assistentes de condução e custa R$ 114.390.
Fim de uma polêmica? Quase
Apresentado em 2019, está dentro do esperado essa reestilização de meio de geração. Mas a Hyundai foi bastante audaciosa, até mais do que normalmente vemos nesse tipo de atualização. Entendemos que o visual do HB20 mostrado em 2019 não agradou muita gente, mas é a maior mudança de identidade do hatch em toda a sua história.
Saíram os faróis triangulares, entraram peças mais horizontais e integradas com a grade dianteira em forma de colmeia. Nesta versão topo, as peças são com máscara negra e projetor, mas nada de iluminação em LEDs além das luzes diurnas. As setas foram para o para-choque, bem perto dos faróis de neblina em projetores e seguindo com a grade inferior, também em colmeia. É um conjunto que aposta em forma angulares para ganhar um estilo mais robusto, inclusive em um capô bem vincado.
Na lateral, adota rodas de 16" nessa versão mais cara, com acabamento preto e diamantado. Preenche mais as caixas de rodas que as antigas de 15" e conversa com detalhes como as maçanetas cromadas. Na traseira, saem as polêmicas lanternas em bumerangue e entram as também polêmicas lanternas em LEDs, finas e interligadas por uma barra que não se acende por completo, algo reservado ao HB20S.
Não há mudanças estruturais no HB20 2023, então ele manteve o entreeixos de 2.530 mm, a altura de 1.470 mm e largura de 1.720 mm. Pelos novos para-choques, cresceu 75 mm, mas isso não impacta o como ele comporta seus ocupantes - não é o maior do segmento, principalmente no espaço para as pernas no banco traseiro. Mais bonito que o anterior ficou, mas não poderia perder a chance de algo polêmico no design.
Por dentro, as mudanças do HB20 2023 são pontuais. Não há uma troca de design em pontos básicos, como o painel geral ou acabamento de portas. O sistema multimídia com tela de 8" e espelhamento sem fios pelo Apple CarPlay e Android Auto se manteve em posição elevada e destacada, mas recebeu essa atualização de conectividade. Nesta versão, o HB20 corrige o estranho ar-condicionado apenas digital por um sistema digital e automático, finalmente. Couro está em parte dos bancos (em conjunto com tecido no centro), acabamento das portas e volante.
O acabamento no geral é bom. Como um carro dessa categoria, usa plástico rígido em praticamente tudo, com o jogo de texturas e cores - que ainda bem a Hyundai deixou de usar o marrom com azul na Platinum Plus. Tudo em preto, o ambiente é bem montado e agrada visualmente desde a aparição desta geração. Para o toque de modernidade, um painel com uma tela de 4,2" acompanhada por dois mostradores digitais para velocidade e rotação, além dos mostradores de nível de combustível e temperatura do motor. Não é uma tela toda digital, como do VW Polo, mas mais moderno que o Chevrolet Onix, por exemplo.
Bom conhecido
A Hyundai se preocupou bastante em modernizar a lista de equipamentos do HB20. Ele já tinha o assistente de faixas na Platinum Plus, mas agora ele tem ação no volante para te ajudar a manter a centralização. É algo que ele trouxe do Creta e apenas o Peugeot 208 e o Honda City Hatch trazem na categoria também nas versões mais caras. O alerta de colisão com frenagem automática está mais inteligente, percebendo também pedestres e ciclistas.
O HB20 Platinum Plus também recebe o alerta de ponto-cego, o Saída Segura, que alerta o motorista ou ocupantes sobre outro veículo se aproximando ao abrir a porta, alerta de objetos no banco traseiro, detector de fadiga, farol-alto adaptativo e monitoramento de pressão dos pneus. Se junta aos 6 airbags e controles de tração e estabilidade, mas apenas a topo da linha tem os citados anteriormente.
Apesar de toda essa mudança visual, o HB20 teve poucas na parte mecânica. No HB20 Platinum Plus, o motor segue o 1.0 turbo, com injeção direta e duplo comando variável, e apesar das mudanças para atender novas regras de emissões, manteve seus 120 cv e 17,5 kgfm de torque. A maior mudança está no start-stop, aquele sistema que desliga o motor nas paradas em semáforo ou tráfego. O câmbio também segue o automático de 6 marchas.
E isso está longe de ser ruim. Entre os hatches compactos, o HB20 já era um dos mais acertados com este conjunto. Tem boa força em baixas rotações e, apesar de não ter o maior torque, seu peso de 1.110 kg ajuda. O câmbio segue trabalhando bem, com trocas cedo e suaves, mas alguns trancos na fase fria do motor. As aletas no volante para as trocas manuais estão presentes, porém é melhor deixar ele trabalhar sozinho, pois não tem nenhum pé na esportividade ou trocas rápidas.
A maior mudança está nas rodas desta versão. Saem as de 15" com pneus 185/60 e entra um jogo de 16" com pneus 195/55. São elas as "culpadas" pelo HB20 Platinum Plus ser um pouco mais firme, sentido principalmente em superfícies com mais irregulares. Vai perceber isso quem já teve contato com o anterior, já que o restante , como a direção com boa comunicação, é a mesma coisa de antes e que, realmente, não precisava ser mudado.
A boa notícia é que o HB20 1.0 turbo ficou mais econômico na cidade. Em nossos testes, com etanol, foi de 8,8 km/litro para 8,9 km/litro, algo que podemos colocar na conta do start-stop. Em desempenho, os 9,6 s são 0,2 s mais lento que o anterior, conta das rodas maiores. A retomada de 40 a 100 km/h também foi de 6,8 segundos para 7 segundos, mas a 80 a 120 km/h foi para 6,4 segundos, antes 6,7 segundos. Na estrada, a maior perde: de 13,2 km/litro para 11,0 km/litro - já percebemos que motores recalibrados para o L7 costumam piorar o consumo rodoviário.
Líder por ele mesmo
A Hyundai aproveitou bem a baixa do Chevrolet Onix para colocar o HB20 em melhor posição no mercado brasileiro. A renovação chegou em boa hora para seguir com isso, enquanto seu rival ainda patina em problemas de abastecimento e produção. O espaço interno não é seu forte, mas não é o pior do segmento, acomodando 4 adultos, além do porta-malas com 300 litros.
Cobra R$ 114.390 nesta versão. Barato? Não, mas oferece um pacote interessante de segurança e um visual renovado. Faltam itens como os faróis em LEDs e retrovisor fotocrômico, mas devolve chave presencial, partida remota e até Bluelink, que conversa com um aplicativo no smartphone como um carro conectado. Corrige falhas, mantém outras, mas dificilmente se verá ameaçado principalmente nas lojas. Ao menos, o visual polêmico se foi.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Hyundai HB20 1.0T AT6