Teste Toyota Yaris Sedan XS 2023: Quando os cabelos brancos aparecem

Ainda que o Etios seja um pouco mal visto por algumas pessoas, o fato é que ele cumpriu bem o papel dentro da linha da Toyota, abrindo as portas da marca para mais clientes por ser um modelo mais acessível. Só que ainda faltava um degrau antes do Corolla. Isto foi solucionado com a chegada do Toyota Yaris em 2018, na mesma versão vendida na Ásia (ao invés do modelo europeu), produzido em Sorocaba (SP).

Quatro anos depois, o momento é outro. O Etios foi descontinuado, fazendo com que o Yaris ocupasse a posição de carro mais barato da Toyota. Algo precisava ser feito, não só por conta da idade do projeto, mas também pela mudança no segmento, que ficou mais animado com a chegada dos novos Honda City e Nissan Versa, além da reestlização do VW Virtus vindo aí. Assim veio o Toyota Yaris 2023, a reestilização do carro, mexendo no design e pacote de equipamentos.

Velho moderno

A Toyota nunca apostou em reestilizações profundas, sempre mexendo muito pouco no design. Às vezes, até parece que nem foi alterado. O Yaris ainda mudou um pouco mais que o normal, com um novo para-choque, que traz uma entrada de ar trapezoidal e com acabamento do tipo colmeia. A parte superior da grade recebeu uma linha cromada no meio e o centro, onde está o logo, usa a mesma cor que a carroceria. A iluminação diurna em LEDs está no para-choque nessa versão, não nos faróis.

E é isso. A traseira não mudou nem mesmo o desenho interno das lanternas. O interior tem novos tecidos para os bancos, há duas portas USB para os passageiros da segunda fileira e adota uma central multimídia de 7 polegadas de série. Foi uma renovação muito sutil na parte de design, o que pode não agradar quem já não gostava muito do visual do carro, mas pode agradar quem o via como um “mini-Corolla”.

No geral, isto é um problema. O Yaris tem um design meio datado, distante da identidade visual vista no atual Corolla (lançado em 2019 no Brasil) ou de outros modelos. Isto é sentido principalmente no interior. Boa parte da cabine usa plástico rígido, com poucas peças utilizando imitação de couro ou outros materiais, como na parte superior do painel e no descansa-braço das portas. Em um momento que muitos dos modelos da carroceria já elevaram o nível, principalmente por se aproximarem mais dos sedãs médios, o Yaris fica um pouco para trás.

O ponto que realmente destaca o Yaris é agora vir com 7 airbags de série. São dois dianteiros, dois laterais, dois de cortina e um de joelho para o motorista, elevando bastante o nível de segurança do carro. Ainda adotou itens do pacote Safety Sense, como avisos sonoros de cinto para passageiros traseiros, sistema pré-colisão com alerta e aviso de saída de faixa. Já trazia alguns itens desde a linha 2018, como controle de estabilidade e tração de série, e assistente de partida em rampas.

Na versão XS, vem com ar-condicionado digital, lanternas em LEDs, chave presencial, controle de cruzeiro, faróis com projetor (mas lâmpadas halógenas) e iluminação diurna no para-choque. Tem um computador de bordo com tela TFT, podendo mostrar o velocímetro ou outras informações como o econômetro. Está longe dos painéis de instrumentos digitais de alguns rivais, porém quebra um galho.

A central multimídia é um problema. Ainda utiliza um sistema muito básico, com respostas lentas e um menu confuso. Algumas vezes, insistiu em não conectar com o Android Auto, dizendo que não estava disponível. Religar o carro resolveu, mas é algo chato. E ainda falta a conexão sem fio, cada vez mais presente nos modelos nacionais.

Calma familiar

Parece até que o Yaris não tem nada de bom. Não é bem assim. O seu grande atributo é o conforto, visto em todos os aspectos. Começa pelo motor. O Yaris Sedan nunca teve o 1.3, oferecendo sempre o 1.5 aspirado de quatro cilindros, que foi recalibrado por conta das novas normas de emissões e ruídos. Até adotou os modos de condução Eco e Sport para dar mais controle para o motorista.

São 110 cv a 5.600 rpm e 14,9 kgfm de torque a 4.000 rpm. São números bem modestos, abaixo de todos os outros carros do segmento. Não fica tão atrás assim em desempenho. Precisa de 11,9 segundos para chegar a 100 km/h, 0,4 s a mais do que o Versa e 0,7 s mais do que o novo City. E isso mantendo um bom rendimento. Registramos 8,5 km/litro na cidade e 11,7 km/litro na cidade durante todo o período de teste.

Se não ativarmos o modo Sport, o CVT trabalhará sempre pensando no consumo e no conforto. Mesmo sem a primeira marcha mecânica como no Corolla, o sedã aproveita bem as 7 marchas simuladas. No geral, costuma ser bem silencioso, pela transmissão buscar uma rotação baixa. O modo Eco faz trocas ainda mais cedo, tirando um pouco da resposta do acelerador. Caso precise de mais força, é melhor ativar a função Sport, que segurará as trocas até cerca de 5.000 rpm. Falta um pouco do isolamento acústico mais refinado do Corolla, elevando muito a quantidade de ruídos dentro da cabine nas acelerações.

Sua melhor parte é a suspensão. Pode encher o carro com cinco pessoas e o porta-malas lotado, e ainda assim terá um rodar bem macio. Algumas situações são mais complicadas, como um asfalto velho ou uma rua de paralelepípedo, pois não tem como fazer milagre. Ainda assim, não incomoda tanto assim nestes momentos.

Só que este ajuste tem o seu contraponto. A carroceria mexe bastante durante uma tocada mais dinâmica, o que não é uma boa combinação com a direção elétrica. A assistência ao volante seria bem-vinda se não fosse excessivamente leve em todas as situações, o que mata todas as respostas e acaba um pouco com a confiança em velocidades mais altas.

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Conclusão

O que ajuda bastante o Toyota Yaris XS 2023 é o seu preço. Mesmo sendo a versão intermediária, é vendida por R$ 105.990, menos do que algumas configurações de entrada de seus rivais. E ainda é R$ 12.200 mais barato do que a versão topo de linha XLS, enquanto o salto da configuração XS para esta é de R$ 8.600. Isto já deixa o carro um pouco mais interessante, por ter poucos sedãs automáticos nesta faixa de preço.

Compensa comprar o Yaris XS? Depende muito do que você quer. Para quem não tem pressa nenhuma e quer um carro para viajar, bem confortável e com uma boa média de consumo de combustível, vira uma boa opção. Além disso, é uma entrada para a linha da Toyota, atraindo aquele cliente que ouve tanto falar da reputação de confiabilidade e pós-venda da empresa. É um sedã que está mostrando muito a idade, mais do que deveria. Não é à toa que a nova geração está em testes na Ásia.

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