Avaliação Honda NC 750X MT: racional em forma de moto
O DCT ajudou muito, mas a nova geração se garante com câmbio mecânico?
A Honda apresentou a nova geração da NC 750X ainda em fevereiro e os resultados das alterações já podem ser sentidos. A aventureira, tratada como crossover pela marca, viu um crescimento de mais de 50% nas vendas em abril. Além de diversas mudanças, a moto recebeu a opção do câmbio automatizado de dupla embreagem, o DCT, que ajudou a criar um burburinho sobre a moto.
No entanto, a nova Honda NC 750X apresentou uma série de outras novidades que vão muito além de um câmbio extra. Para ver como esses aprimoramentos se traduziram na versão de entrada da moto, testamos agora a NC 750X MT, com o câmbio mecânico tradicional de 6 velocidades. Ela está tabelada em R$ 49.700 sem contar o frete e vale lembrar que esta versão é fabricada em Manaus (AM), enquanto a DCT vem importada do Japão.
O que a Honda NC 750X MT traz?
O visual da nova NC 750X é que primeiro chama a atenção. A marca substituiu as carenagens volumosas e arredondadas por linhas mais retas e agressivas. Na comparação, a moto ficou mais esbelta. Por baixo das peças, ela esconde um chassi totalmente novo e que ficou 1,8 kg mais leve. Com o redesenho, o banco ficou 3 mm mais baixo, tendo agora 802 mm de altura em relação ao solo.
O para-brisa também está 2 cm maior e o porta-capacetes que fica no lugar do tanque convencional acomoda agora 23 litros (1 litro a mais) ou 5 kg. O tanque continua sob o banco do garupa, mas agora acomoda 14,1 litros de combustível. Todas as versões da moto virão com suporte de bauleto agregado às alças do garupa, facilitando o abastecimento.
Na ciclística, a suspensão foi recalibrada e agora conta com 120 mm de curso tanto no garfo telescópico dianteiro quanto na balança traseira monoamortecida. O freio dianteiro tem 320 mm de diâmetro, enquanto o traseiro tem 240 mm. As rodas, de liga leve com 17 polegadas em ambas as pontas, têm pneus 120/70 na dianteira e 160/60 na traseira.
O motor também mudou um pouco para ajudar na redução de peso e na performance. Ele utiliza pistões redesenhados e novos contra-balanceiros, que ficaram mais leves, admissão e escape revisados e houve um remapeamento da central eletrônica. Permanece o bicilíndrico de 745 cm³ de capacidade, agora entrega 58,6 cv de potência a 6.750 rpm e 7,03 kgfm de torque a 4.750 rpm. Respectivamente, são 4,1 cv e 0,1 kgfm a mais na comparação com a geração anterior da moto.
O câmbio da NC 750X MT utiliza as mesmas relações da DCT. Com a nova geração, as engrenagens foram revisadas, com relações mais curtas de 1ª a 3ª marchas e mais longas da 4ª até a 6ª. No caso específico da MT, a embreagem passou a contar com assistência deslizante, que impede que a roda traseira trave em reduções muito fortes de marcha.
O pacote de equipamentos também acompanhou as grandes mudanças. A nova geração traz acelerador eletrônico, o que permitiu a inclusão de 4 modos de pilotagem e 3 níveis de ajuste para o controle eletrônico de tração. A nova NC 750X recebeu ainda um novo painel de LCD mais completo, iluminação total por lâmpadas de LED (antes, apenas o farol tinha esse equipamento) e cancelamento automático dos piscas.
Como anda?
O Motor1.com já teve um contato com a NC 750X DCT e o câmbio automatizado praticamente dominou a experiência mesclando praticidade e comodidade. Mas na versão MT, a moto mostrou que as alterações mais estruturais também foram muito importantes.
Com o banco mais baixo, consegui firmar um pé com segurança no chão com segurança. Com meus 1,72 m de altura, isso não é algo que posso dizer de qualquer big trail. Logo de cara, esta nova NC 750X cativa pelo conforto. A posição de pilotagem é relaxada e a suspensão recalibrada filtrou bem as imperfeições das ruas mal cuidadas da região onde moro.
Mesmo com quase 200 kg, você só percebe este peso quando está manobrando a moto. Mas, novamente, como é possível firmar os pés no chão, não é tarefa complicada. Leve nas mudanças de direção, a nova NC 750X se mostra uma moto que transmite confiança nas curvas. É muito difícil se encontrar em uma situação perigosa a bordo da moto.
Reforçando essa tranquilidade ao guiar, o motor bicilíndrico traz uma página do livro da longevidade. Ele vai a mais de 7.000 rpm, mas você vai se encontrar sempre abaixo das 4.000 rpm na maioria das situações. Ou seja, motor que gira pouco, desgasta menos. Ele funciona com suavidade e pouco barulho. As mudanças da nova geração fizeram com que ele mantivesse o fôlego até o limite de rotações.
Só que mesclar fôlego linear e suavidade de funcionamento leva a algumas situações inusitadas. Em uma delas peguei a estrada e esqueci de engatar a sexta marcha. Mantendo 110 km/h constantes, mesmo de quinta marcha, nem dava para dizer que o motor estava se esforçando. No entanto, o limite de rotações é baixo e você vai acabar batendo do corte de giro até reaprender que a NC 750X não precisa de rotação elevada para entregar desempenho condizente com sua cilindrada.
O câmbio é no padrão das motos grandes da Honda, com embreagem leve e linear e alavanca firme e justa. Não há dificuldade em encontrar o neutro nem qualquer outra marcha. Quanto aos modos de condução, a diferença entre eles não é tão perceptível quanto na versão DCT, onde o câmbio adapta o ponto de troca conforme a tocada. Na MT, percebe-se apenas que o acelerador fica mais ou menos responsivo dependendo do modo.
A única coisa que pode atrapalhar um pouco no uso urbano é que a NC 750X tem um entre-eixos alongado e o guidão não esterça tanto. Transitar de um corredor para o outro entre os carros exige planejamento. Só que apenas por ter um porta-trecos de 23 litros onde seria o tanque compensa isso. Não é toda moto que consegue levar uma capa de chuva completa, incluindo um par de galochas, sem ser uma scooter ou recorrer a bauletos. Capacete e pequenas comprar também entram lá sem dificuldade.
Mas o que deu para perceber desta nova geração da crossover da Honda é que ela gosta de estrada. Fiz uma viagem entre São Paulo (SP) e São José dos Campos (SP) pela Via Dutra a trabalho e a NC 750X não poderia ter vindo em melhor hora. É uma estrada praticamente dominada por caminhões, onde o torque disponível em baixas rotações foi bem-vindo nas ultrapassagens, assim como os freios à altura para evitar as carretas que fazem trocas de faixa sem aviso constantemente.
Mantendo a velocidade da via, variando entre 100 e 110 km/h veio a principal surpresa: o consumo apontado pelo computador de bordo chegou a 32 km/l. Mesmo voltando para a capital paulista e usando a moto no trânsito urbano, o número ficou em 28,5 km/l. Valores muito bons para o porte da moto. Inclusive supera o de motos com metade do seu tamanho. É vantagem do propulsor estar sempre em rotações baixas.
Foram 4h de viagem, duas indo e duas voltando, e a impressão que fica é que a Honda NC 750X MT poderia fazer isso o dia inteiro. Não me cansou, não me estressou mesmo tendo que trocar de marcha, não me assustou e ainda levou toda minha parafernalha de chuva sem competir pelo disputado espaço da minha mochila. Nem mesmo o vento atrapalha graças ao para-brisa um pouco maior da nova geração.
Conclusões: escolhendo o racional
Como vocês perceberam, em nenhum momento eu descrevi a NC 750X MT como emocionante. Ela é uma moto que faz tudo tão bem que você nem percebe que ela está lá. Claro que alguém vai dizer que moto é uma compra mais emocional do que um carro, por exemplo, mas há um público para motos racionais como a crossover da Honda.
A NC 750X demanda um comprador que já passou da fase de busca pela adrenalina e também já cansou de se lascar na estrada com motos incômodas ou beberronas. Ela demanda alguém que está sempre na estrada e não vai rodar só de final de semana se o tempo estiver bom. É alguém que sabe dar valor a conforto, confiabilidade e economia de combustível e não está mais ligando de ter a moto da moda, ou a mais forte. Busca uma moto para horas intermináveis em cima do banco e uma que não pare constantemente para abastecer, além da promessa de longevidade de sua mecânica, que é relativamente simples.
A Honda NC 750X é bem mais barata que uma BMW F 750 GS equivalente, gasta bem menos e entrega um conforto de estada tão bem quanto. Só que para fazer essa escolha tão racional, deixando a lendária linha GS de lado, é preciso uma pessoa com muita quilometragem de estrada e que não está tentando agradar ninguém além de si mesma.
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Confira as mudanças da nova geração da Honda NC 750X, a crossover intermediária da marca. O termo vem porque a moto mescla a posição de pilotagem e as suspensões de longo curso das big trails com uma proposta mais urbana e até uma solução tirada diretamente das scooters com o porta-capacetes no lugar do tanque.
Honda NC 750X MT
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