A nova geração da Honda NC 750X foi uma das três grandes novidades anunciadas pela marca para o mercado brasileiro em 2022. De cara nova, mais leve e equipada, a moto apostou na tecnologia embarcada para chamar a atenção. Afinal, opções de aventureiras médias não faltam, não é mesmo?
Só que, após andar na NC 750X com o câmbio automatizado de dupla embreagem DCT, a grande novidade dessa geração, pude ver que a "crossover" da Honda tem tudo pra deixar de ser incompreendida para se tornar o destaque do segmento de aventureiras entre 301 cm³ e 750 cm³.
A NC ainda não atingiu grandes números de vendas historicamente, o que atribuo ao público não entender sua proposta. Com rodas menores e um motor que prioriza as rotações baixas, ela foi pensada para mesclar as suspensões mais capazes das aventureiras com o conforto de motos de turismo de longas distâncias. Por isso a Honda a chama de crossover. O NC de seu nome, vem de "New Concept", ou novo conceito.
Agora não só ela mantém este novo conceito, como ainda dá um passo a mais na direção de quebrar paradigmas do segmento, adotando um câmbio automatizado de dupla embreagem, o DCT, tecnologia que, hoje, só a Honda oferece em motos como Africa Twin, X-ADV e Gold Wing. A missão da NC agora será popularizar essa facilidade, já que seu preço parte de R$ 55.700, sem frete. Isso a coloca a par de aventureiras 650, que não possuem opção de transmissão automática.
Com o visual repaginado da nova geração, a Honda NC 750X deixou para trás o look mais volumoso e arredondado em favor de linhas mais angulares e expressivas. Isso deixou a moto mais esbelta de perfil e com aparência mais alta, como é a preferência dos consumidores de aventureiras médias.
O chassi foi totalmente renovado e ficou 1,8 kg mais leve. Como já é tradição nas NC, o motor é mais inclinado para frente e o tanque é posicionado abaixo do banco do garupa. Foi mantido o porta-capacetes no lugar do tanque tradicional e ele ganhou mais 1 litro de capacidade, indo a 23 litros. O redesenho também ajudou a deixar o banco do motorista 3 cm mais baixo, chegando a 802 mm de altura em relação ao solo.
Outro artifício que a Honda utilizou para baixar o peso da moto está no motor. Ele utiliza pistões redesenhados e novos contra-balanceiros, que ficaram mais leves. Permanece o bicilíndrico de 745 cm³ de capacidade. Ele é alimentado por injeção eletrônica, usa apenas gasolina, tem comando simples no cabeçote (SOHC) e 4 válvulas por cilindro. Outras alterações incluem admissão e escape revisados e um remapeamento da central eletrônica.
Com isso, a Honda NC 750X entrega 58,6 cv de potência a 6.750 rpm e 7,03 kgfm de torque a 4.750 rpm. Respectivamente, são 4,1 cv e 0,1 kgfm a mais na comparação com a geração anterior da moto. A versão mecânica (MT) e a DCT possuem as mesmas relações de marcha, com 6 velocidades no total. Revisadas, ficaram mais curtas entre a 1ª e a 3ª e mais longas entre a 4ª e a 6ª. A ideia é aproveitar melhor a curva de torque mais linear.
Na eletrônica do motor, a Honda NC 750X passou a adotar acelerador eletrônico e, com isso, permitiu a inclusão de 4 modos de pilotagem e 3 níveis de ajuste para o controle eletrônico de tração. A nova NC 750X recebeu ainda um novo painel de LCD mais completo, iluminação total por lâmpadas de LED (antes, apenas o farol tinha esse equipamento).
A Honda também diz ter recalibrado a suspensão, que agora conta com 120 mm de curso tanto no garfo telescópico dianteiro quanto na balança traseira monoamortecida. O freio dianteiro tem 320 mm de diâmetro, enquanto o traseiro tem 240 mm. As rodas, de liga leve com 17 polegadas em ambas as pontas, têm pneus 120/70 na dianteira e 160/60 na traseira.
Nas medidas, a moto tem 2,21 m de comprimento, 0,85 m de largura, 1,33 m de altura, 1,52 m de entre-eixos e 145 mm de altura em relação ao solo. A Honda declara um peso a seco de 207 kg para NC 750X DCT, 10 kg a mais que a com câmbio mecânico e 3 kg mais leve que a antiga NC 750X MT.
Se você gosta de viajar de moto, recomendo fortemente um teste-drive nesta nova Honda NC 750X. Ela traz praticidades de scooter, como o câmbio "automático" e o porta-capacetes, mas com o conforto de uma aventureira média. No papel uma transmissão automatizada de dupla embreagem pode parecer ótima. Mas, e no mundo real?
A Honda convidou o Motor1.com para andar na novidade entre as cidades de Piracicaba e Brotas, no interior paulista. É um trajeto pitoresco e cheio de curvas, do jeito que os praticantes de moto-turismo gostam. Assim, algumas dúvidas precisavam ser respondidas como: "é fácil lidar com o câmbio sem usar a embreagem?", "o câmbio dá tranco nas trocas" ou "será que ele sabe a hora certa de trocar de marcha?".
A Honda NC 750X DCT tem algumas diferenças em relação à MT. No punho direito, há um comando para o câmbio com as posições N, D e A/M. Uma para deixar a moto em Neutro, outra para o "Drive" e o segundo para selecionar modo automático ou manual para as trocas. A DCT também conta com freio de mão acionado por alavanca no guidão, afinal, não é possível deixá-la engatada em uma ladeira, por exemplo.
Saindo de Piracicaba, em um pequeno trajeto urbano, a arrancada do câmbio DCT se mostrou dócil. A moto mais sair proporcionalmente ao comando do acelerador: acelerando pouco, ela sai devagar, acelerando forte, ela arranca com vontade. Vencido o instinto de ficar procurando o manete de embreagem e deixando o DCT trabalhar, a NC 750X encarou o vai e vem do ambiente urbano com facilidade. Claro, não dá pra ficar bombando acelerador nas manobras como em uma moto mecânica, mas é questão de costume mesmo.
Indo para a estrada, o que mais impressionou foi a suavidade da operação do DCT. Mesmo passando de primeira para segunda marcha, é mais fácil escutar o engate do que senti-lo de fato. Da quarta marcha para cima, se você não ficar de olho no conta-giros, não vai tomar conhecimento do câmbio trabalhando. Você só percebe a operação nas reduções, como em subidas íngremes, onde a interrupção de torque aparece.
Mas, um dos grandes prazeres da moto e a sensação de conexão, de passar marchas no vai e vem das curvas numa serra, e isso não tem mesmo. Só que o DCT da NC 750X é esperto. No modo Sport, bastava frear para uma curva e começar a deitar a moto para que o câmbio fizesse uma ou até duas reduções rapidamente, aproveitando a tocada ditada pelo motorista.
Da mesma forma que os carros com câmbio de dupla embreagem dão uma opção de conexão extra com as borboletas atrás do volante e modo manual, a moto da Honda oferece algo similar com botões no punho esquerdo. Eles respondem rapidamente dando um toque de esportividade. Mas, sendo bem sincero, o DCT sabe o que está fazendo e você só usará o modo manual em casos específicos, se quiser.
Com o DCT testado e aprovado, como se comporta o restante da NC 750X? O chassi mais leve as rodas menores dão agilidade para a moto que, visualmente, parece maior. Rápida nas trocas de direção, freios competentes e uma postura ereta dão confiança. Do lado do conforto, meus 1,72 m agradeceram ao banco mais baixo, sendo possível deixar as pontas dos dois pés apoiadas no chão sem dificuldade.
O para-brisa, que ficou 2 cm mais alto também devia o ar do peito para não cansar quem está guiando, mas passa turbulência para o capacete. Você pode resolver isso com um capacete de isolamento acústico melhor ou um dos pacotes de acessórios que a Honda oferece, que traz entre outros itens um para-brisas ainda mais alto. O conjunto de maleiros nas fotos também faz parte de tal pacote opcional.
O conjunto da nova geração da Honda NC 750X por si só já daria conta de elevar a moto a um novo patamar e atrair mais compradores do seguimento de motos aventureiras, principalmente para quem vai fazer longas viagens no asfalto. Isso sem contar os modos de condução e possibilidade de ajustar a atuação de itens como freio motor e controle de tração.
Para a terra há motos mais capazes, claro, mas essa nunca foi a proposta da NC. Trazer a moto com o câmbio DCT traz um diferencial que é único para a moto da Honda. Agora, é possível ter uma moto com preço competitivo e com câmbio automatizado de dupla embreagem, sendo a NC a mais barata da Honda com tal equipamento. Se você está olhando qualquer moto entre uma Kawasaki Versys 650 e BMW F 750 GS para comprar e nem ao menos considerou a NC 750X, não está dando valor para seu dinheiro.
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