Beleza é algo subjetivo. Alguns carros que podemos achar não tão bonitos assim, podem ser apreciados por outros. Mas quando você tem que correr para mexer no design do veículo, é porquê tem algo errado. O Mitsubishi Eclipse Cross foi revelado em 2017 e sua traseira deu muito o que falar. A prova de que não foi tão bem aceita assim é o fato de que, apenas três anos depois, foi reestilizado, mexendo principalmente nessa parte.
No Brasil, o SUV teve uma carreira mais normal. Foi lançado em 2018, tornando-se nacional em 2019 e só agora a reestilização foi aplicada no Mitsubishi Eclipse Cross feito em Catalão (GO), seguindo o ciclo normal de quatro anos. Chega em quatro versões, sempre com o mesmo motor 1.5 turbo e câmbio CVT, com preços entre R$ 186.990 e R$ 232.990.
Aproveitando que os SUVs estão dominando as vendas, a Mitsubishi tomou uma decisão bem polêmica ao reviver o nome Eclipse como um utilitário e posicionado em uma das divisões mais competitivas: os SUVs médios. A renovação ajuda o Eclipse Cross a ficar um pouco mais atraente na categoria, se aproximando dos últimos lançamentos em equipamentos e tamanho.
O Eclipse Cross já tinha sido o carro que cedeu seu design para todo o resto da linha da Mitsubishi, com o estilo que a empresa chama de “Dynamic Shield”, visto com as linhas cromadas formando um “X” nas laterais da grade e próximo dos faróis. Para o facelift, a fabricante fez uma mudança um pouco mais leve na parte frontal, adotando linhas em LED na parte superior para a iluminação diurna, enquanto os faróis principais ficam logo abaixo, também em LED e com projetores. A grade dianteira perdeu as duas linhas cromadas para usar uma pintura totalmente preta e o para-choque adota uma nova entrada de ar e um skidplate.
A traseira recebeu mais atenção, já que era o ponto de maior discussão. Até agora, usava uma lanterna com uma barra horizontal interligando os conjuntos nas laterais, mas que também criava uma “divisão” no vidro. Esta ideia foi deixada de lado e o Eclipse Cross agora tem um design convencional, retirando a ligação horizontal e mexendo um pouco no design para aproveitar o espaço na tampa do porta-malas.
São 4,54 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,68 m de altura e um entre-eixos de 2,67 m - como comparação, o Jeep Compass tem 4,40 m de comprimento e 2,63 m de entre-eixos. O porta-malas tem capacidade para 473 litros e a Mitsubishi disse que a área cresceu 14% com a mudança no design traseiro e um leve aumento no balanço.
Infelizmente, faltou mais atenção ao interior. A única alteração está no combinação de preto e prata no acabamento. Na versão global, ganhou uma central multimídia de 8” com tela no estilo flutuante, que não veio ao Brasil. Ao invés disso, a HPE Automotores, representante oficial da Mitsubishi no país, optou por uma tela de 7” feita pela JBL, com Android Auto e Apple CarPlay de série. São dois pontos fracos do carro, por ter uma tela bem pequena em comparação aos seus rivais e o acabamento não ter sido melhorado, ainda usando muito plástico rígido no painel, portas e console central.
Ao menos tem uma boa lista de equipamentos. Já traz 7 airbags, ar-condicionado automático, computador de bordo colorido, central multimídia, controles de estabilidade e tração, câmera de ré, controle de cruzeiro, frenagem automática de emergência, chave presencial e mais. Na versão topo de linha HPE-S S-AWC, a que foi usada na avaliação, o SUV tem head-up display, ar-condicionado de duas zonas, alerta de saída de faixa, controle de cruzeiro adaptativo, sensor crepuscular, sensor de chuva e monitor de ponto cego.
Agora que as normas do Proconve L7 estão em ação, a Mitsubishi teve que mexer no motor 1.5 turbo de quatro cilindros para que pudesse atender a essas regras. Porém a recalibração não mudou nada no funcionamento, contando com os mesmos 165 cv a 5.500 rpm e 25,5 kgfm de torque a 4.500 rpm, sempre com a transmissão automática do tipo CVT com 8 marchas simuladas. A tração é dianteira, exceto na versão HPE-S S-AWC, que tem um sistema integral.
São bons números para o SUV. Aproveita bem a força do motor turbo, com uma boa relação de marchas simuladas no CVT. Não exige uma pisada mais longa no acelerador para ficar mais rápido. O modelo pré-reestilização havia registrado um 0 a 100 km/h de 9,6 segundos em nosso teste, o que é um bom resultado para um utilitário deste porte. Outro ponto forte é o isolamento acústico, impedindo que a gritaria do motor invada a cabine quando aceleramos bastante. Até o barulho do vento não incomoda, só aparecendo quando estamos perto dos 120 km/h e em uma quantidade aceitável para um SUV.
É bem macio ao rodar, usando suspensão independente MacPherson nos dois eixos e que tem um ajuste específico para o solo brasileiro. Durante os quase 300 km rodados durante a avaliação, a suspensão não chegou a bater nenhuma vez, mesmo durante o trecho de estrada de terra e com alguns buracos. Obviamente, tem o seu preço, pois a carroceria balança em curvas mais fechadas e em velocidades mais altas.
O sistema de tração integral S-AWC é bem competente. Tem apenas três modos: Normal (Auto), Snow e Gravel, alterando a resposta do acelerador, freios ABS, controles de estabilidade e tração, e da transmissão para distribuir a força entre os eixos dianteiro e traseiro. Como tanto o asfalto quanto a estrada de terra estavam secos, não foi possível ver a ação no caso de um piso escorregadio, mas não deveu nada no cascalho, mantendo uma bom ritmo.
Com preços entre R$ 186.990 e R$ 232.990, o Mitsubishi Eclipse Cross não tem a ambição de buscar a liderança no segmento, visto a força do Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. A estratégia da marca sempre é de conquistar o cliente pela sua experiência pós-vendas, como os encontros da marca para competições e provas. Nem tem como buscar mais, visto que a rede de concessionárias é muito menor do que o de outras marcas.
Ainda assim, pode ser interessante. Apesar de dever no acabamento, tem uma boa dirigibilidade e alguns equipamentos não vistos no segmento, como head-up display. Até a tração integral é algo incomum na categoria. Para deixar o carro mais atraente, a Mitsubishi oferece as seis primeiras revisões por R$ 6.878, sendo que cinco delas custam R$ 1.110.
Existem opções melhores do mercado? Podemos dizer que sim, por serem mais acessíveis (em disponibilidade e até preços), mais equipados ou com uma mecânica melhor. O que vai ajudar o Eclipse Cross a encontrar seu lugar nas ruas é ser um carro diferente entre tantos Compass e Corolla Cross nas ruas.
Mitsubishi Eclipse Cross 2023
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Mitsubishi Eclipse Cross ganha nova série especial Motorsports
Volkswagen Polo ganhará visual inspirado no Nivus em 2026; veja projeção
Mitsubishi Eclipse Cross sobe de preço nas versões de topo; veja tabela
BYD supera Ford e encosta na Stellantis em vendas globais no 3º trimestre
Mitsubishi oferece bônus de até R$ 25.000 para Eclipse, Pajero e L200
Primeiras impressões Lexus UX 300h: um híbrido contra Audi e BMW
Mitsubishi Eclipse Cross terá série especial no Brasil inspirada em rallys