Já dirigimos: Porsche apresenta linha GTS completa, de 911 ao elétrico Taycan

718 Cayman, Panamera, Cayenne, Macan...todos disponíveis para nós, inclusive um 911 manual!

Porsche GTS em Vallelunga Porsche GTS em Vallelunga

Desde 1964 que a Porsche tem em seu catálogo as versões GTS, de Gran Turismo Sport. São apresentadas anos depois de uma troca de geração e se posicionam como as versões antes dos semi-pista, como os GT3 no caso do 911, mas mais baratos e menos potentes que os Turbo e Turbo S, se pensarmos no portfólio atual, além de versáteis para o uso diário. E hoje isso vale para os SUVs Cayenne e Macan, os "sedãs" Panamera e Taycan, e aos 718 Cayman e 911.

Fiquei com a "dura" missão de ir até a Itália para conhecer a linha GTS completa. Para o Brasil, serão vendidos o 911 com o câmbio PDK, 718 Cayman PDK, o Macan e o elétrico Taycan, mas aproveitamos para conhecer os demais modelos, inclusive a oportunidade de dirigir o 911 992 com o curioso câmbio manual de 7 marchas, indisponível no Brasil.

E essa foi a imagem que vi quando acordei no hotel. Bom dia?

Para o Brasil

Com Cayenne e Panamera apenas híbridos em nosso mercado, a linha GTS da dupla não será vendida no Brasil. Mas o restante da linha chega para complementar 718 Cayman, 911 (Coupé, Targa e Cabriolet), Macan e até mesmo para o elétrico Taycan, que chega a ser especialmente surpreendente mesmo na pista, acompanhando os demais irmãos.

Porsche 911 GTS PDK

Motor: 3.0, 6 cilindros boxer, biturbo Potência e torque: 480 cv e 58,1 kgfm (570 Nm) Preço (BR): de R$ 919.000 (Coupé) a R$ 1.009.000 (Targa e Cabrio 4)

Começar pelo nome mais importante da Porsche, o 911 da geração 992 já é um esportivo de respeito, um dos melhores do mundo. A atual geração recebe a GTS de olhos nos clientes que já possuem um Carrera S ou 4S e quer um passo acima, mas ainda não pensa no Turbo ou Turbo S, por exemplo - e isso também explica a decisão de lançá-lo no meio de vida da geração.

Visualmente, detalhes em preto brilhante no exterior, faróis e lanternas escurecidos e as nomenclaturas GTS espalhadas. Sua base é a dos Carrera, mas freios e suspensão adotam componentes do Turbo, como pinças e discos, amortecedores (adaptativas), molas (10 mm mais baixas e molas auxiliares na traseira) e barras estabilizadoras. As rodas são de cubo rápido, de 20" e 21", dando mais ênfase ao uso track and street.

Vou falar sobre a experiência desse carro com o câmbio manual em breve, mas este que pilotamos em Vallelunga, na Itália, é um PDK de 8 marchas com, neste caso tração integral, um Carrera 4 GTS em sua identificação completa. Está disponível no Brasil também com a tração apenas traseira e o mesmo câmbio. Por dentro, Alcantara e RaceTex nos bancos, volante, acabamento das portas e manopla de câmbio nos levam a sensação de carro de corrida. Na unidade testada, um pacote que reduz o peso do carro em 25 kg com bancos concha (do GT3), vidros mais finos, teto em fibra de carbono e sem o banco traseiro - um pacote de R$ 80 mil disponível no Coupé.

O motor é o conhecido 6-cilindros boxer biturbo 3.0 que a Porsche aplica nos demais, com 480 cv e 58,1 kgfm de torque, ou 30 cv e 4,1 kgfm a mais que um Carrera S do catálogo atual. A mudança é feita no gerenciamento do motor e do turbo, como pressão e válvulas de controle. A Porsche diz que os clientes do Carrera e Carrera S costumam fazer esse upgrade na hora da troca, escolhendo o GTS.

Na pista, o 911 naturalmente não deixa nada a desejar nesta geração 992. Mas o GTS ganha uma pitada extra ao ter uma potência extra e um conjunto de suspensão e freios projetados para um carro com mais potência, o Turbo S. Com o PDK, a Porsche diz que ele chega aos 100 km/h em apenas 3,3 segundos com uma máxima de 309 km/h. E não duvido, já que toda a força é colocada no chão sem se perder em nenhum momento.

E essa potência conversa com o motorista. Além do sistema de escape esportivo, o isolamento acústico foi reduzido para passar mais ronco e sensações ao interior, o que funciona muito bem. Com os bancos do pacote leve, é um carro de corrida que ainda te leva ao mercado se precisar. Mesmo em partes mais técnicas do autódromo de Vallelunga, é rápido se entender com o GTS, vestindo muito bem. O sistema de freios, bastante solicitado durante as voltas rápidas, não perde eficiência e passa muita confiança.

Entrada e saídas de curvas são rápidas com uma dianteira obediente e uma traseira que aponta de forma controlável - um 911 Turbo S me guiava e, se não fossem as retas onde ele se destacava pela potência a mais e pela experiência do instrutor, seria uma brincadeira bastante acirrada, obviamente com a ajuda dos controles de vetorização e o eixo traseiro direcional. Se você vai fazer o upgrade e não quer ir para um Turbo ou Turbo S e nem se aventurar nos semipista, vá de GTS.

Porsche 718 Cayman GTS PDK

Motor: 4.0, 6 cilindros boxer, aspirado Potência e torque: 400 cv e 43,8 kgfm (430 Nm) com PDK Preço (BR): de R$ 589.000 (Cayman) a R$ 609.000 (Boxster)

Menores esportivos da Porsche, a linha 718 conta com o Cayman (coupé) e Boxster (conversível). A linha GTS recebeu o motor 4.0 aspirado, um 6 cilindros boxer que já foi usado pelo 911, com 400 cv e 43,8 kgfm (quando equipado com o PDK de 6 marchas) e que chega a 7.800 rpm. Em posição central, chega a até parecer exagero em um carro desse porte, mas não é.

O 718 GTS tem algumas diferenças visuais, como o lip dianteiro, detalhes em preto e faróis e lanternas escurecidos. As rodas de 20" recebem tinta preta e completam um perfil interessante, com um carro compacto com grandes caixas de rodas e pouco balanço dianteiro e traseiro. A suspensão é adaptativa (PASM) com 20 mm a menos de altura que um 718 S, com motor 4-cilindros turbo.

Apesar de ser um irmão menor do 911, os 718 GTS não devem muito na hora de ir pra pista. Chega a ser um pouco mais desafiador, tanto pela tração traseira quanto por ser um projeto anterior ao 992, mas o 4.0 aspirado ronca bonito perto das 8.000 rpm aparecendo no conta-giros central. Aspirado, gosta quando é colocado para girar.

O 718 GTS tem diferencial com bloqueio mecânico, vetorizador de torque e coxins de motor ativos, ou seja, que ficam mais ou menos rígidos dependendo do modo de condução selecionado (Normal, Sport, Sport Plus e Individual). Comparado ao 911, em alguns pontos chega a ser mais puro e sensitivo, comunicativo, com menos eletrônica embarcada.

Pode andar menos que o 911 GTS, mas não deve no fator diversão. Aspirado, motor central, suspensão mais afinada que das demais versões, ronco encantador. Tem como não querer este pequeno esportivo? Em números, um 0 a 100 km/h em 4 segundos (PDK) e máxima de 288 km/h.

Porsche Taycan GTS

Motor: 2 motores elétricos síncronos, um em cada eixo Potência e torque: 598 cv, 86,7 kgfm Preço (BR): R$ 805.000

Até o primeiro Porsche 100% elétrico passou pelo tratamento GTS. O Taycan, no Brasil disponível apenas na carroceria cupê de 4 portas, recebe a versão GTS entre o 4S e o Turbo, e o mesmo tratamento dos outros Porsche. Por fora, bodykit Sport Design Package, com elementos do Turbo e Turbo S, e rodas de 20" ou 21" opcionais, além dos detalhes em preto. 

Para ter 598 cv e 86,7 kgfm, o Taycan recebe os motores do Turbo, mas amansados para encaixar na proposta. Para o GTS, a Porsche recalibrou a suspensão a ar adaptativa, deixou o modo Sport mais dinâmico e projetou um "ronco" específico para a versão. Além disso, o Taycan GTS é o primeiro homologado com mais de 500 km de autonomia pelo WLTP, com 504 km com as baterias de 93,4 kWh. 

O Taycan GTS andei tanto na pista quanto nas ruas, com a (bela) Sport Turismo. Na pista, é um carro que surpreende não tanto pela velocidade, mas pela aceleração (com 0 a 100 km/h de 3,7 segundos) e pelo equilíbrio dinâmico principalmente do GTS. Demora um pouco a mais para se entender com os freios regenerativos, mas logo ele está perseguindo o 911 Turbo por Vallelunga. 

Nas ruas, o comportamento com os modos Range (que desativa o motor dianteiro) e Normal nos leva a um carro executivo elétrico, cheio de conforto e, no caso da Sport Turismo, bastante espaço interno e amplo porta-malas. Não a toa é um dos queridinhos da marca até o momento, além de um dos modelos mais vendidos ao redor do mundo. 

Porsche Macan GTS

Motor: 2.9, V6, biturbo Potência e torque: 440 cv, 56,1 kgfm Preço (BR): R$ 635.000

O SUV compacto premium é um dos modelos mais vendidos da marca no Brasil e já está reestilizado enquanto espera uma nova geração em 2023. O Macan GTS segue as mesmas regras dos demais modelos, com visual composto por detalhes pretos, kit Sport Design Package, rodas de 21" e interior com tecido RaceTex nos bancos esportivos, volante e manopla de câmbio. 

O Macan GTS tem 440 cv e 56,1 kgfm do motor 2.9 V6 biturbo, que divide com a Audi. É bastante potência para seu porte, com tração integral, suspensão adaptativa a ar, que inclusive foi recalibrada para o GTS com 10 mm a menos de altura, amortecedores específicos e barras estabilizadoras mais grossas. O sistema de tração foi recalibrado e manda mais torque para as rodas traseiras. 

Levamos o Macan GTS para um passeio pelas estrada estreitas da Itália. Compacto, se dá bem e tem bastante força em todas as faixas de rotação do elástico motor V6. Impressionante como um SUV consegue ter a dinâmica de um hatch quando projetado para isso, como o Macan GTS. De todos, é o mais amigável para o uso diário e aquele passeio mais animado por serras e até um autódromo, dando sustos nos mais desavisados que acham que ali está um SUV qualquer. É um Porsche...

Apenas no exterior

Aproveitamos a oportunidade para andar em modelos que a Porsche não importará ao Brasil na versão GTS, como o Panamera e Cayenne - eles são vendidos apenas como híbridos por aqui. Além disso, uma volta em um 911 Carrera 4 GTS conversível com o câmbio manual de 7 marchas, configuração ausente no mercado brasileiro. 

Porsche 911 GTS manual

"Senhor, o 911 temos apenas o manual para ir do hotel para a pista. Serve?". Mas é lógico que serve! Acham mesmo que eu ia perder essa oportunidade? A unidade conversível logo se tornou minha e, mesmo com um frio considerável, nada como bancos aquecidos, volante aquecido e uma boa blusa para recolher a capota e curtir quase 100 km de estrada na Itália. 

Pegue tudo o que falei acima sobre o 911 GTS, mas troque o câmbio pelo manual de 7 marchas e sem o pacote leve. Pois é, este 911 GTS conversível ampliou tudo com a capota recolhida e o ronco do motor ainda mais presente. E para as versões manuais, o engate do câmbio é 10 mm mais curto, algo incrível!

Sei que essa configuração não vem ao Brasil, mas a sensação de ter um esportivo como o 911 com câmbio manual é única. Pode até ser mais lento que um PDK, mas os engates curtos e relação bem "trepada" nos deixa aproveitar mais o motor e seu fôlego, além de curtir as trocas e, nos modos Sport e Sport Plus, ele faz o puntatacco automaticamente. Nas ruas e estradas, o comportamento é confortável pela suspensão adaptativa, mas ainda engolindo as curvas.  

Cheguei ao autódromo com o 911. De cara, lamentei que os compradores no Brasil não queiram um 911 manual por aqui. Por outro lado, a oportunidade única reforçou que os carros manuais ainda precisam existir, assim como esportivos e motores a combustão. 

Porsche Panamera GTS

O mais luxuoso Porsche, o Panamera se prepara para uma nova geração em breve. Enquanto temos apenas híbridos no Brasil, o mercado exterior terá o GTS com V8 biturbo 4.0 de 480 cv e 63,2 kgfm. A suspensão a ar adaptativa recebe um ajuste específico, pacote visual Sport Design com detalhes em preto e as rodas em preto de 20" e freios em tungstênio.

O Panamera, apesar de ser um carro grande, ainda surpreende o motorista. Com as mudanças para ser um GTS, ficou ainda mais dinâmico e, com o V8 biturbo, o ronco é característico e um comportamento que até lembra um aspirado pelo conjunto elástico. O Câmbio é um PDK de 8 marchas, dupla embreagem, e tração integral, que complementa o pacote esportivo de um sedã de luxo bem equipado e confortável quando necessário.

Porsche Cayenne GTS

O SUV que um dia salvou a Porsche segue o mesmo tratamento. O motor V8 biturbo 4.0 tem 460 cv e 63,2 kgfm, um pouco menos que no Panamera, com um câmbio automático de 8 marchas. O SUV, disponível em carroceria normal ou cupê, recebe o kit estético visto nos demais modelos GTS. 

Nas estradas, o Cayenne GTS disponibiliza a força cedo e reforça ser um carro confortável. A suspensão a ar adaptativa recebe uma nova calibração e mais dinâmica. Como no 911, pode receber um pacote leve com a carroceria Coupé, com ponteiras de escape centrais. Não é dinâmico como o Macan GTS, mas tem a seu favor um porte maior e imponência, mas não fica devendo a qualquer SUV da sua categoria, ainda honrando a marca Porsche e quem busca um esportivo para usar no dia a dia e com a família. 

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