O mercado de scooters vem crescendo nos últimos anos ao passo em que mais pessoas procuram alternativas práticas ao transporte público para os deslocamentos em grandes centros. No entanto, as alternativas mais acessíveis são majoritariamente formadas por modelos da Honda, com a Elite 125 e a PCX, e da Yamaha, com a NEO 125 e a NMax.
Isso mudou no ano passado, quando a Dafra finalmente revelou um modelo para substituir a finada Cityclass 200. É a Cruisym 150, mais um fruto da parceria da empresa com a fabricante taiwanesa SYM. É a mesma empresa que desenvolveu um dos produtos mais conhecidos da Dafra no Brasil, a Citycom 300i.
Vamos agora avaliar a Dafra Cruisym 150, que está anunciada no site da empresa por a partir de R$ 15.490 sem frete. Para comparação, a Honda PCX CBS de entrada sai por R$ 14.050 sem frete, enquanto a Yamaha NMax (versão única) custa R$ 16.590. Pela tabela Fipe, a Cruisym tem saído em média por R$ 15.391, enquanto a PCX e a NMax têm preço médio de R$ 18.500 e R$ 17.762, respectivamente.
Quem optar pela Dafra Cruisym 150 vai levar um pacote mais enxuto de equipamentos do que o encontrado nas rivais. Tirando a versão mais básica da Honda PCX, todas trazem ABS, assim como a NMax. Na Cruisym, há apenas acionamento combinado para os discos em ambas as rodas. Da mesma forma, seus faróis são halógenos, não de LEDs como nas concorrentes, enquanto sua chave é convencional, não presencial.
Outros itens que merecem ser destacados são o painel de instrumentos com tela digital LCD, conta-giros, hodômetro total e parcial, relógio e marcador de voltagem. Além disso, há uma tomada USB no porta-trecos frontal e espaço para um capacete sob o assento (18 litros). LED aparece apenas na lanterna traseira.
A Dafra Cruisym também fica devendo em performance na comparação com as opções da Honda e da Yamaha, uma vez que seu monocilíndrico de 149,6 cm³ entrega somente 12,5 cv de potência a 8.000 rpm e 1,22 kgfm de torque a 6.000 rpm, apesar de já contar com injeção eletrônica e refrigeração a líquido. Ela também não é exatamente leve para a categoria. Veja na tabela a comparação com as rivais:
Modelo | Potência | Torque | Peso |
Dafra Cruisym 150 | 12,5 cv | 1,22 kgfm | 130,3 kg (a seco) |
Honda PCX CBS 150 | 13,2 cv | 1,38 kgfm | 124 kg (a seco) |
Yamaha NMax 160 | 15,4 cv | 1,4 kgfm | 131 kg (líquido) |
Na parte ciclística, nada fora do comum. A Cruisym 150 conta com garfo telescópico dianteiro com 100 mm de curso e balança traseira com duplo amortecimento e 75 mm de curso. As rodas são de liga leve com 14 polegadas. Uma vantagem sobre as rivais é o assoalho plano para o piloto, que facilita subir e descer da moto.
Logo de cara, a Dafra Cruisym entrega a linguagem visual familiar da SYM. O farol duplo e espichado na dianteira é bem similar ao que é visto na Citycom 300i também. As linhas são bem tradicionais para uma scooter moderna, mas o porte da Cruisym aparenta ser menor que as rivais. Ou seja, junto ao assoalho plano e o banco relativamente baixo, é fácil de guiar em tráfego urbano.
Como qualquer scooter, o espaço embaixo do banco ajuda a levas as coisas no dia a dia, ainda que não seja tão farto. Sua abertura pode ser feita pela chave no contato, ou pelo mesmo botão do comutador de farol, pressionando para baixo. Mas o porta-trecos do escudo decepcionou um pouco, com um formato cheio de ângulos por dentro e curto demais para colocar um celular, por exemplo.
E aí fica outra crítica ao acabamento. Sem texturas e com um material que aparenta ser barato. Falo disso porque a porta de acesso ao porta-trecos tem uma trava com acionamento duro e a peça em si não aparenta ser resistente. Faltam alguns cuidados que acabam afetando a usabilidade também. Por exemplo: o banco não possui nenhum tipo de trava que o impeça de fechar sozinho após aberto, algo que descobri ao receber um banco na cabeça quando estava carregando compras na moto. PCX e NMax, por outro lado, já têm uma trava por mola para evitar isso.
Andando, o motor da Cruisym dá conta de empurrar a moto, mas é competente apenas, não impressiona e fica clara a diferença de torque e potência em relação às opções de Honda e Yamaha. Sua operação também deixa passar vibrações bastante perceptíveis, principalmente parado no farol. Ela ainda é mais ruidosa e exige mais acelerador nas arrancadas e retomadas. Com um uso majoritariamente urbano por meio de vias expressas, o consumo médio da scooter da Dafra ficou em 30,7 km/l, abaixo da média para a categoria.
E para chegar nessa conta, tive que usar a ancestral técnica de abastecer a moto e dividir o que entrou de gasolina pela quilometragem, já que a moto não tem computador de bordo propriamente dito. Falando em não ter, até consigo conviver com uma moto urbana sem faróis de LED, mas sem ao menos um ABS na dianteira, a Cruisym pode perder clientes preocupados com segurança já neste ponto.
A suspensão traseira da Dafra merece elogios, por outro lado. Com o menor curso entre as duas principais rivais (75 mm), não passa as pancadas secas dos buracos diretamente para as costas do piloto. Mas é um "toma lá, dá cá", já que a dianteira pareceu macia demais, batendo fim de curso com facilidade e transmitindo o impacto para os braços. Como o guidão da Cruisym é relativamente estreito, a moto tende a balançar a peça em curvas se você pegar imperfeições. No demais, não compromete, nem se destaca. Ainda é uma scooter fácil de manobrar no dia a dia, nada mais.
Se as fabricantes de motos fossem como as de carros e vendessem seus produtos por valores minimamente próximos aos que são anunciados, a Dafra Cruisym seria uma moto difícil de defender. Faltam-lhe os equipamentos e o refinamento das rivais. No mundo real, a Cruisym 150 está cerca de R$ 2.500 que a concorrente mais próxima com cilindrada similar, a NMax. No final das contas você terá que decidir se essa diferença de preço compensa não ter ABS, chave presencial, faróis de LED, além de trazer uma qualidade de condução inferior. Para mim, não vale.
Motor | monocilíndrico, 149,6 cm3, arrefecimento líquido, gasolina |
Potência e torque | 12,5 cv a 8.000 rpm / 1,22 kgfm a 6.000 rpm |
Transmissão | automática CVT |
Suspensão | garfo telescópico na dianteira (100 mm de curso); duplo amortecida na traseira (75 mm de curso) |
Rodas e Pneus | aro 14" na dianteira com pneu 90/90; aro 14" na traseira com pneu 100/90 |
Freios | disco na dianteira e na traseira, acionamento combinado |
Peso | 130,3 kg a seco |
Medidas | comprimento 1.990 mm, largura 730 mm, altura 1.116 mm, entre-eixos 1.350 mm, altura livre do solo 110 mm; altura do assento 771 mm |
Tanque | 6 litros |
Preço (sem frete) | R$ 15.490 |
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