A Jeep se apoia (genialmente) em sua história no Brasil antes de se tornar uma fabricante local. Quem não se recorda dos meados dos anos 1990 e começo dos 2000, quando celebridades e jogadores de futebol eram vistos no Grand Cherokee, normalmente preto ou verde, com detalhes dourados, pelas ruas - alguns até em acidentes polêmicos, aliás...

O Commander se apoia muito nessa aura premium da Jeep. Uma oferta reduzida de versões, acabamento bem feito, diversas tecnologias e porte para 7 lugares com um design mais voltado ao urbano que fora-de-estrada, fica bem aparente na versão Overland com o motor 1.3 turbo, de R$ 242.384 até o próximo aumento. 

Jeep Commander Overland 1.3T 2022

Compass sim, Compass não

A estratégia da Jeep com o Commander é bem clara. Se aproveitando do sucesso que o Compass tem em nosso mercado, apresentou uma opção de sete lugares com uma identidade própria, mas carregando muito do SUV médio. Isso fica aparente pelo interior, por exemplo, praticamente o mesmo do Compass após a reestilização e dividindo muitos elementos. 

Na primeira fileira, é como se estivesse no Compass, com bom espaço e duas áreas separadas pelo alto console central. Mudam alguns materiais do acabamento, mas os elementos se cruzam como o painel de instrumentos de 10,25", o sistema multimídia de 10,1" e todos os comandos e detalhes. Isso não é ruim, já que o SUV médio tem um bom acabamento e sempre se destacou por isso. 

Jeep Commander Overland 1.3T 2022
Jeep Commander Overland 1.3T 2022
Jeep Commander Overland 1.3T 2022

As diferenças aparecem mesmo na segunda fileira. Há bem mais espaço para as pernas, comando de ventilação individual, e bem mais conforto. Temos um entre-eixos de quase 2,80 m, o que explica como colocar as pernas de adultos com folga no Commander. Se precisar da terceira fileira, trilhos correm e diminuem o espaço na segunda, mas nada impossível de usar. 

Já a turma da terceira fileira terá que ser bem escolhida. Apesar da Jeep afirmar que pessoas com 1,80 m de altura se dão bem ali, a verdade é que não é bem assim. Elas até podem aguentar em uma viagem curta, mas ideal ali mesmo é colocar crianças , que terão disponíveis portas USB para recarga dos tablets ou smartphones para ficarem em silêncio. No porta-malas, amplos 661 litros com a terceira fileira rebatida, ou 233 litros se for levar mesmo os sete ocupantes. 

Jeep Commander Overland 1.3T 2022
Jeep Commander Overland 1.3T 2022
Jeep Commander Overland 1.3T 2022
Jeep Commander Overland 1.3T 2022
Jeep Commander Overland 1.3T 2022

Melhor que o diesel?

Sempre gostei dos modelos com o 2.0 turbodiesel da ex-FCA. Compass e Renegade andavam bem e não foi o que senti com o Commander, um carro maior. Agora, foi a vez de ver como o grande SUV se comporta com o 1.3 turbo de até 185 cv e 27,5 kgfm de torque. Pela primeira vez, o preferi. 

Mesmo com seus 1.700 kg, o Commander Overland conversa bem com o 1.3 turbo. A oferta de torque em baixas rotações o tiram de imobilidade até que facilmente e, por ser um motor mais elástico que o 2.0 turbodiesel, faz com que o Commander tenha um bom fôlego mesmo na cidade. O câmbio automático de 6 marchas se mantém com trocas suaves, mas nada rápidas, em prol do conforto. 

Jeep Commander Overland 1.3T 2022

O Commander é um Jeep. A suspensão independente nas 4 rodas trabalha silenciosa e, mesmo no pior asfalto, a carroceria parece protegida do que passa sob as rodas de 19". Na estrada, coloque na mesa o piloto automático adaptativo e assistente de faixas trabalhando com o bom isolamento acústico e o motor que trabalha de forma suave e temos um SUV grande e confortável para longos períodos ao volante ou como passageiro. A dinâmica em curvas condiz com seu porte e proposta, uma carroceria com uma certa rolagem, mas longe de passar insegurança ao motorista. 

O consumo é o único ponto que pode te levar a pensar no diesel. Com etanol, o Commander 1.3 turbo marcou 6,9 km/litro na cidade e 8,2 km/litro, médias até "aceitáveis" por seu porte, mas que podem cair bem em caso de um trânsito pesado ou viajando realmente carregado. Só que no lugar dos R$ 242.384, irá pagar R$ 295.020 para manter a versão Overland com o motor 2.0 turbodiesel e o sistema de tração integral, ou R$ 52.636 a mais - quase um Renault Kwid Zen

Embarcando no passado de sucesso

O Jeep Commander embarca não só no sucesso do Renegade e Compass, mas resgata um luxo dos anos 1990. Não a toa que tem fila de espera e é o SUV grande mais vendido, entregando um bom pacote de equipamentos. Eu escolheria o 1.3 turbo, anda melhor e tem funcionamento mais suave, além de ser mais barato, apesar do consumo não ser o melhor do mundo. Apesar que, se não precisar do amplo espaço interno, melhor ficar no Compass que estará bem atendido. Caso contrário, dá pra entender o sucesso do Commander e sua estratégia. Até a cor dessa unidade lembrou o passado...

Fotos: Mario Villaescusa (para o motor1.com)

Jeep Commander 1.3T

Motor dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.332 cm3, comando simples com variador no escape e MultiAir na admissão, injeção direta, turbo, flex
Potência e torque 180/185 cv a 5.750 rpm; 27,5 kgfm a 1.750 rpm
Transmissão automática com 6 marchas, tração dianteira
Suspensão McPherson na dianteira e traseira, rodas de 19" com pneus 235/50 R19
Peso 1.715 kg em ordem de marcha
Comprimento e entre-eixos 4.769 mm; 2.794 mm
Largura 1.859 mm
Altura 1.680 mm
Capacidades porta-malas: 661 litros (5 passageiros), 233 litros (7 passageiros); tanque: 61 litros
Preço como testado R$ 242.384
Aceleração 0 a 60 km/h: 5,0 s; 0 a 80 km/h: 6,9 s; 0 a 100 km/h: 9,9 s
Retomada 40 a 100 km/h (em S): 6,9 s; 80 a 120 km/h (em S): 6,7 s
Consumo de combustível cidade: 6,9 km/litro; estrada: 8,2 km/litro (etanol)
Envie seu flagra! flagra@motor1.com