Quando a DAF se instalou no Brasil em 2011, era desconhecida do mercado nacional, mas já tinha mais de 90 anos de história na Holanda. Além disso, fazia parte do Grupo PACCAR, que também detém o controle sobre as tradicionais montadoras de caminhão norte-americanas Peterbilt e Kenworth.
Por aqui, começou fabricando os modelos XF e CF, na categoria de pesados. A escolha foi estratégica, pois, graças à boa fase da agropecuária nacional nos últimos anos e falta de estrutura ferroviária para o escoamento da produção, a categoria é a que mais vende no Brasil, responsável por mais de 64 mil emplacamentos em 2021 - no ano passado, foram vendidos 127.357 caminhões no geral. É pouco na comparação com os total de carros comercializados, mas bom para um segmento que frequentemente demanda cifras milionárias em investimentos.
A ideia era crescer a linha de produção de Ponta Grossa (PR) aos poucos e focar nos produtos de maior valor agregado. No entanto, a empresa se prepara para ter o primeiro caminhão DAF entre os semipesados, a segunda categoria que mais vende no Brasil, e fará isso com uma nova configuração do CF, sempre com chassi rígido. A novidade deve chegar às lojas em fevereiro, com as entregas tendo início em março.
Os preços ainda não foram confirmados, mas será que este novo DAF CF traz o suficiente para brigar com renomados rivais, como o Volkswagen Constellation 24.280 (líder da categoria em 2021), Volvo VM270 ou o Mercedes-Benz ATEGO 2426?
A principal diferença do DAF CF semipesado para o CF pesado que já era oferecido está sob a cabine. No lugar do motor PACCAR MX-11 de 11 litros, a novidade usa o PACCAR GR-7, de 6,7 litros turbodiesel. O propulsor é feito pela Cummins em São Paulo e utiliza injeção de combustível "commom rail".
Ele será oferecido em duas opções: 286 cv de potência a 2.300 rpm e 96,8 kgfm de torque entre 1.200 rpm e 2.100 rpm; ou 305 cv (2.100 rpm) e 112,2 kgfm (1.100 rpm a 1.900 rpm). Ambas serão acompanhadas sempre por uma transmissão automatizada ZF de 12 velocidades à frente e 2 para ré. O diferencial traseiro pode ter relação final 3,73:1 ou 4,10:1 - quanto maior o primeiro número, mais reduzida fica a relação.
Em termos de chassi, o novo DAF CF pode vir na configuração 6x2 ou 8x2, este com segundo eixo dianteiro direcional. Para o CF 6x2, o caminhão pode ter entre-eixos de 4,90 metros ou 5,30 m, mas o comprimento será sempre de 9,81 m. A altura fica entre 3,08 m e 3,71 m dependendo da escolha de cabine. Já no CF 8x2 o comprimento vai a 11,01 metros e o entre-eixos é sempre de 6,40 m.
Com o CF 6x2, o peso em ordem de marcha é de 7.095 e o peso bruto total admissível (PBT) é de 23.000 kg, dando-lhe 15.905 kg de carga útil. Para o 8x2, os números chegam a 8.270 kg, 29.000 kg e 20.730 kg, respectivamente. Os freios são a tambor em todas as rodas, com acionamento pneumático. Também há opções para a cabine. O DAF CF pode trazer uma cabine chamada de Day Cab, mais baixa e curta, Sleeper Cab, que adiciona espaço para um colchão atrás dos bancos, e a Space Cab, mais alta e que tem 2,10 m de altura interna e pode ser acompanhada por uma beliche.
Entre os principais equipamentos de série, o DAF CF oferece direção hidráulica, ar-condicionado automático, cortinas, espelhos duplos nas laterais, luz diurna de LED, banco do motorista com ajustes pneumáticos, volante com ajuste de altura e profundidade , controle de tração e auxiliar de partida em rampa.
Já para os opcionais, a lista inclui faróis de LED, controle de estabilidade, rodas pintadas de preto, rodas de alumínio (ALCOA), faróis auxiliares com função cornering, geladeira interna, buzina a ar de teto, airbag para o motorista, climatizador de teto, tomada de força (PTO), aviso sonoro de ré, suporte para estepe e espelho frontal de aproximação.
É de bom tom lembrar que não sou motorista de caminhão, mas isso é positivo. A DAF reforçou paulatinamente durante todo a apresentação do novo CF semipesado que o foco estava na qualidade do caminhão e no conforto do motorista. Nesse caso, quanto mais próximo de um carro de passeio o caminhão se comportar, melhor.
Logo ao literalmente subir na cabine do CF, já se vê que a DAF não estava apenas fazendo promessas vazias. Tirando um alinhamento um pouco fora do prumo no puxador de porta, as peças do painel tinham bons encaixes e, pasmem, material macio ao toque no topo da peça, melhor que alguns carros 0km que conheço, inclusive. A cama da cabine, por exemplo, já é de molas ensacadas, como as convencionais usadas nas casas. Claro que ainda é um veículo de trabalho, então o plástico rígido ainda é a maioria do acabamento.
Soltando o freio de mão pneumático fazendo aquele característico ruído de ar e engatando a marcha por meio de um botão rotativo, o DAF CF leva um pouco de tempo para arrancar. Parte pelo câmbio automatizado voltado para eficiência, parte pelo receio deste que vos escreve. Mas nos primeiros metros, mostrou-se tão fácil de guiar quanto uma picape grande por exemplo. Dependendo da velocidade com que você tira o pé do acelerador, o câmbio já reduz marcha automaticamente. Acelerando com parcimônia, a transmissão pula várias marchas buscando eficiência.
Claro que é preciso ter cuidado com as dimensões de um caminhão e sempre lembrar de abrir bem as curvas para não enfiar o eixo traseiro na calçada, mas bastaram 5 minutos na boléia para que até eu, que não tenho experiência prática, ficasse à vontade. Os espelhos dão uma boa visão do posicionamento do caminhão em relação à via e, mesmo em valetas e tartarugas, o CF não sacode muito mesmo vazio. Nesse ponto, fica o destaque para o silêncio da cabine e também para ausência de vibrações para o condutor, algo que não é tão fácil de obter com um motor de quase 7 litros e 6 cilindros turbodiesel há dois palmos do seu pé.
A volta foi curta com o novo DAF CF dentro de um circuito fechado dentro da fábrica de Ponta Grossa (PR), mas o primeiro semipesado da empresa não se aproveita da vocação de trabalho para economizar em acabamento interno ou conforto para o motorista. Resta saber o preço, que a DAF promete "estar a par com a concorrência", mas o novo CF tem potencial para ser um dos mais vendidos da categoria. Isso repetiria o feito do XF, que foi o terceiro pesado mais vendido do Brasil em 2021.
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