Primeiras impressões Caoa Chery Tiggo 7 Pro: à espera do sucesso

Lançado no começo de 2019, o Caoa Chery Tiggo 7 já pedia por atualizações em um mercado tão aquecido. O SUV intermediário da marca como conhecemos sai de linha para dar lugar ao novo Tiggo 7 Pro, com visual totalmente renovado e porte maior, embora ainda seja construído com base na mesma plataforma.

Ao contrário do Arrizo 6, onde a versão antiga e o facelift continuam sendo vendidas ao mesmo tempo, o novo Tiggo 7 Pro substitui o Tiggo 7. Com isso, chega para somar na extensa gama de SUVs da marca sino-brasileira, posicionado entre o Tiggo 5X e o grandalhão Tiggo 8 – o único da marca com 7 lugares. E é nesse sentido que o novo Tiggo 7 Pro tem sua importância, já que oferece os mesmos 5 lugares do Tiggo 5X, mas com a vantagem de trazer um maior espaço interno e porta-malas sem ter as grandes dimensões do Tiggo 8.

Como é?

O novo Caoa Chery Tiggo 7 Pro conta com um porte levemente maior do que o anterior, impressão reforçada principalmente pelo seu novo design. De acordo com a fabricante, ele tem 4.500 mm de comprimento, 1.842 m de largura e 1.705 mm de altura, enquanto o entre eixos fica em 2.670 mm. Comparado ao modelo antigo, ele ficou 0,5 cm mais curto, mas ganhou em largura (+5 mm) e ficou 35 mm mais alto. Com essas medidas, ele continua maior que alguns modelos da concorrência e supera em comprimento o Jeep Compass (4.404 mm), Toyota Corolla Cross (4.460 mm) e até o Volkswagen Taos (4.461 mm).

Quando o assunto é o entre-eixos, o Tiggo 7 Pro continua com uma das melhores medidas da sua categoria, ficando atrás somente do Volkswagen Taos com seus 2.680 mm de entre-eixos e o melhor espaço interno da categoria. O porta-malas do SUV produzido em Anápolis (GO) cresceu e passou dos 414 litros para 450 litros – 36 litros extras de espaço, o suficiente para acomodar uma bagagem de mão a mais.

Grade dianteira lembra a do DS7 Crossback

Falando em termos visuais, a sensação é que o Tiggo 7 anterior contava com design mais “autoral”, embora bebesse na fonte de design normalmente visto nos SUVs sul-coreanos. Mesmo assim, ele tinha faróis com recortes interessantes conversando com os vincos laterais e uma grade dianteira mais “bicuda”. Quando vemos o Tiggo 7 Pro é inegável que ele ficou com um estilo mais robusto e agressivo, principalmente na dianteira, que ostenta faróis full-LED e mais afilados. A grade dianteira ficou maior e agora traz formato hexagonal e contornos cromados que se estendem abaixo dos faróis, solução que lembra bastante um SUV francês, o DS7 Crossback.

Na lateral, os vincos da carroceria estão mais destacados e dão maior impressão de volume no Tiggo 7 Pro, principalmente o que sai dos faróis e cruza com o vinco originado das lanternas. As rodas são de 18" com acabamento diamantado e calçadas com pneus 225/60. Outro destaque fica por conta também da última janela lateral, onde o vidro se une ao vidro traseiro – recurso de design para dar a impressão de “teto flutuante”. Por fim, a traseira passa a trazer lanterna inteiriça como o irmão maior Tiggo 8, sendo possível até confundi-los agora quando vistos à noite.

Lanternas iguais ao do Tiggo 8

Ao abrir a porta, o motorista vai notar um bom trabalho de acabamento em toda a cabine, embora as linhas do painel remetam diretamente aos modelos da BMW. Basta pesquisar na internet e ver as linhas horizontais do painel com uma faixa prateada atravessando todo o habitáculo e tela destacada ao centro para atestar as semelhanças. Por falar na tela destacada, ela tem 10,25 polegadas e compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay para espelhar seu smartphone.

Essa conexão é feita exclusivamente por cabo, em uma entrada USB escondida abaixo do console central, como no Honda HR-V. A solução é interessante para esconder o aparelho, mas com um acesso um pouco mais complicado. 

Equipado com ar-condicionado digital de duas zonas, o Tiggo 7 Pro tem comandos sensível ao toque, tanto para os ajustes de temperatura como de intensidade da ventilação. É um recurso visualmente interessante, mas não tão prático quando se esta dirigindo, pois acaba tendo que desviar a atenção da estrada para mexer no ar-condicionado. Idem para o botão de volume, que em vez do tradicional botão giratório traz dois botões individuais, um para reduzir e outro para aumentar o volume. Bacana mesmo é a central multimídia com boa resolução e que conta com câmera de visão 360 graus – com direito a reprodução do Tiggo 7 Pro em 3D na tela.

A cabine no geral traz acabamento refinado, com superfícies emborrachadas na parte superior do painel e couro costurado em toda a seção central. O couro com costuras brancas em contraste também aparece nos painéis das portas, enquanto o acabamento perfurado no couro é presente na parte central dos bancos e no volante, que tem base achatada.

No geral, o SUV conta com espaço interno esperado para um SUV médio, suficiente para levar ocupantes mais altos mesmo no banco traseiro. Com o banco do motorista ajustado para mim, que tenho 1,85 m, o espaço no banco traseiro foi mais do que suficiente, ajudado também pelo túnel central baixo – que facilita a vida do terceiro ocupante. Saídas de ar traseiras também estão presentes, bem como uma entrada USB para recarga (poderia ter ao menos mais uma) e nicho para acomodar o celular.

Como anda?

Uma das principais novidades que vêm no Tiggo 7 Pro é o novo motor 1.6 TGDI, um propulsor turbo e com injeção direta que entrega 187 cv a 5.500 rpm e 28 kgfm de torque em uma faixa de 2.000 rpm a 4.000 rpm. É o mesmo conjunto usado pelo Tiggo 8, mas o Tiggo 7 Pro tem a vantagem de “carregar” menos peso, já que na balança tem 1.489 kg contra 1.600 kg do irmão maior (ou 11 kg a menos). O câmbio também é o mesmo: uma transmissão automatizada de dupla embreagem de 7 marchas.

No nosso primeiro contato com o Tiggo 7 Pro, o trajeto de 115 km foi praticamente quase todo feito em trecho rodoviário, partindo de São Paulo (SP) e indo até a cidade de Itu, no interior do estado. Saindo da capital paulista no primeiro trecho de rodovia, ficou nítida como esse motor 1.6 turbo rende bem no Tiggo 7 Pro, trazendo um comportamento bastante progressivo quando se pisa no acelerador com o “pé leve”, com o SUV embalando tranquilamente até atingir a velocidade máxima da Rodovia dos Bandeirantes, de 120 km/h.

Além disso, a faixa de torque máximo entre 2.000 e 4.000 rpm ajuda o SUV a deslanchar com facilidade, causando aquela sensação de sempre ter força suficiente ao simples toque no pedal da direita. Segundo números da Caoa Chery, o Tiggo 7 Pro acelera de 0 a 100 km/h em 8,09 segundos. Vale menção também ao câmbio de dupla embreagem, que faz trocas rápidas e suaves – como é esperado neste tipo de transmissão. Em ultrapassagens não há tensão, pois as retomadas dão conta do recado.

Embora em acelerações mais fortes e retomadas o barulho do motor 1.6 turbo invada um pouco a cabine, no geral o trabalho de isolamento acústico dá conta do recado e isola bem quem está dentro do SUV dos ruídos da parte interna. Um ponto positivo que mostra também a evolução dos chineses no mercado nacional, bem como o trabalho da engenharia brasileira da Caoa Chery no Tiggo 7 Pro. E por falar na engenharia, a marca destaca que buchas, molas e amortecedores são novos e que todos foram desenvolvidos pelo time local da marca brasileira.

Assim como o Tiggo 8, o Tiggo 7 Pro conta com suspensão independente nos dois eixos, sendo tipo McPherson na dianteira e Multilink na traseira. Na prática o utilitário tem calibração da suspensão mais voltada ao conforto, mas nada tem a ver com os ajustes excessivamente macios que deixavam os antigos Chery totalmente “molengos” – característica comuns dos modelos chineses. Mas o SUV ainda é na “mão”, embora seu ajuste ainda seja mais macio do que no Jeep Compass, por exemplo.

No geral, a suspensão independente dá segurança ao SUV nas curvas, mas ainda existe uma razoável oscilação da carroceria se você abusar muito, porém nada que cause sustos. O que é destaque mesmo aqui é o conforto, que certamente te ajudará a rodar por muitos quilômetros sem que no final do dia você chegue cansado em seu destino.

Luzes DRL são verticais

Motor 1.6 turbo gera 187 cv

O que acabou incomodando mesmo ao volante foi o alerta de frenagem de emergência, aquele recurso que ativa automaticamente o pisca-alerta em uma frenagem mais brusca. Mas no Tiggo 7 Pro o recurso recebeu uma calibragem bastante sensível, pois bastava uma redução antes de uma lombada para o pisca-alerta ser ligado. Aqui talvez seja o caso de rever o sistema e deixar a calibração menos sensível, pois o recurso é bem-vindo para alertar o carro que vier logo atrás que houve uma redução brusca de velocidade.

Quanto custa?

Posicionado abaixo do Tiggo 8, atualmente vendido por R$ 197.990, o novo Tiggo 7 Pro é R$ 18.000 mais barato e já, pode ser encontrado nas lojas da marca a partir de hoje pelo preço promocional de R$ 179.990. Isso quer dizer que no ano que vem o SUV pode subir de preço, dependendo da demanda que tiver. Vale destacar que ele chega bem equipado e traz ar-condicionado digital de duas zonas, faróis full-LED com seta dinâmica e ajuste de altura, lanterna em LED, bancos dianteiros com ajuste elétrico, painel de instrumentos configurável com tela de 12,3” e central multimídia com tela de 10,25” compatível com Apple CarPlay e Android Auto.

O SUV soma ainda no pacote rodas de liga-leve de 18", teto solar panorâmico, luzes DRL, chave presencial para acesso e partida, partida por botão (ou remota pela chave), monitor de pressão dos pneus, saídas de ar para o banco traseiro, 6 airbags, câmera com visão 360 graus, controles de estabilidade e tração, modos de condução Eco e Sport, abertura e fechamento do porta-malas com chave presencial, assistente de partida em rampas, assistente de descida, alerta de ponto cego, alerta de tráfego lateral, alerta de tráfego cruzado traseiro e de aproximação traseira.

Notou alguma ausência? Pois é, o Tiggo 7 Pro peca em não oferecer piloto automático adaptativo, sistema de frenagem automática de emergência ou assistente de manutenção em faixa – itens de segurança cada vez mais comuns em SUVs dessa faixa de preço – e até em veículos de segmentos inferiores. Resta saber se o consumidor de Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e VW Taos vai olhar para Tiggo 7 Pro e relevar essa ausência.

Veja comparativos com SUVs:

Comparativo Compass vs. Taos vs. Corolla Cross: Hits do momento

Comparativo Honda HR-V x Toyota Corolla Cross: Pelos tradicionais

Apesar disso, o SUV da Caoa Chery tem um bom pacote de itens de série e motor de bom desempenho, embora chegue relativamente próximo do valor do Tiggo 8. No entanto, ele passa a ser uma opção mais racional ao irmão maior, principalmente por quem dispensa os 7 lugares e precisa de um SUV não tão grande e que seja mais prático no dia a dia. Agora é esperar para ver se ele fará o mesmo sucesso do irmão maior.