Sim, já podem começar a reclamar nos comentários. O Jeep Renegade perderá o motor 2.0 turbodiesel com a reestilização para linha 2022. Mas não o sistema de tração integral, que seguirá em linha acoplado ao novo 1.3 turboflex, o T270, em uma combinação que ainda inclui o câmbio automático de 9 marchas. Eu também lamentei de cara quando soube dessa informação.
Por enquanto, a Jeep apresentou o Renegade como você está vendo nas fotos: camuflado e, como um acordo de cavalheiros, não posso falar muito sobre o interior – apesar de ser basicamente o mesmo, com leves mudanças...ops! O foco nesse primeiro contato com o Renegade 2022 foi conhecer a combinação com o 1.3 turbo, tração integral e saber que ele segue com a versão Trailhawk.
Se um dia o Renegade diesel respondeu por mais de 30% das suas vendas, isso foi caindo com o tempo. Coloque na conta que ele sofreu bem mais com os aumentos, já que seu conjunto de motor e câmbio é importado da Itália. Além disso, pelo seu preço, o consumidor migrou para o Compass diesel, este hoje correspondente a...cerca de 30% das vendas do SUV. A diferença de preço “pequena” levou o cliente a fazer essa escolha - hoje, é de R$ 52.000 entre as Trailhawk, mas o Renegade subiria na reestilização e diminuiria a diferença com os novos equipamentos.
Este novo conjunto quer “popularizar” o sistema de tração 4x4. O motor T270 é produzido no Brasil, além de pagar uma alíquota de imposto menor que o turbodiesel. O câmbio e sistema de tração ainda são importados, fornecidos pela ZF, e são os mesmos que estão no turbodiesel, com um novo diferencial com relação mais longa para adaptar a relação de marchas ao novo motor. E isso, apesar de a Jeep ainda não afirmar com total certeza, deve colocar o novo Renegade 4x4 em um preço inferior ao atual, ou ao menos o manter assim com os novos equipamentos (ops, novamente).
Ao mesmo tempo, podemos observar algo nas entrelinhas: deixar a leva de motores 2.0 turbodiesel importados para modelos mais caros e rentáveis, como o Compass, Commander e a Fiat Toro, que seguem com ele, mesmo que agora usem o ARLA32 no sistema de escape para reduzir as emissões – menos na picape, por enquanto. Se no mercado de compactos não há clientes suficientes para justificar manter o turbodiesel, a jogada é diferente na turma de cima, que de troco ainda rende maior lucro.
A Jeep reforçou muito que, apesar da troca do motor, o Renegade Trailhawk mantém o selo Trail Rated, algo que a marca ao redor do mundo dá para as versões com boa capacidade fora-de-estrada. A Trailhawk tem suspensão mais alta, calibração específica de molas e amortecedores, além dos ganchos de reboque em vermelho e pneus de uso misto – um conjunto ainda mais fora-de-estrada será oferecido como acessório nas concessionárias.
O motor não tem mais mistérios. É o T270, o 1.3 turbo com sistema MultiAir na admissão, pistões forjados, 1,7 bar de pressão de turbo, injeção direta de combustível e produzido em Betim (MG). Está no Compass, Commander e Fiat Toro, com 180/185 cv (gasolina/etanol) e 27,5 kgfm de torque. Como comparação, o 2.0 turbodiesel tem 170 cv e 35,7 kgfm de torque na calibração utilizada no atual Renegade. Foi até “fácil” este casamento entre motor e conjunto de transmissão, já que o 1.3T tem um bom torque em baixas rotações e não dificultou muito a vida da engenharia.
Com as 9 marchas, ele segue com uma característica. Em uso normal, faz as saídas em segunda marcha, mas é mais esperto que o 2.0 já nessas baixas rotações. A primeira marcha segue como a “reduzida”, mais curta para alguns modos de condução, como o Sport, fazendo um papel nas arrancadas, ou para sair de trechos mais complicados fora-de-estrada. Mas é perceptível que as trocas são mais suaves e com bem menos trancos que nos turbodiesel.
O sistema de tração tem os mesmos modos de condução, com a novidade do Sport selecionável pelo mesmo seletor redondo já conhecido do Renegade, com um foco no asfalto – altera trocas de marchas, respostas de acelerador e motor e peso da direção elétrica (que, tem o novo volante do Compass, mas você não leu isso). As demais são as mesmas: Snow, para pisos escorregadios, Sand/Mud, e a Rock, que seguirá exclusiva da Trailhawk – e alteram o desenho no painel de instrumentos digital de 7”, mas é segredo ainda.
Foi rápido o contato com o Renegade Trailhawk 2022. Montaram uma bela pista de testes off-road em Curvelo (MG), com direito a atravessar trecho alagado, lama, buracos e torção de carroceria. E o Renegade continua bem capaz no seu uso, mostrando uma estrutura muito firme e rígida, bom curso de suspensão, tração trabalhando rápido seja no modo Auto ou em algum dos selecionados. A vantagem com o 1.3T é bem menos vibrações, uma maior faixa de torque e potência e o mesmo desempenho nesta parte que o 2.0TD – números de consumo e desempenho no asfalto poderemos falar sobre apenas entre janeiro e fevereiro, quando ele será realmente lançado.
Um fato: o Jeep Renegade vai ganhar bons equipamentos – para saber o que, basta se inspirar no Compass e Commander. O Renegade 1.3T com tração apenas dianteira terá o TC+ (bloqueio eletrônico de diferencial) e o câmbio automático de 6 marchas, como seus irmãos maiores. A marca ainda não fala qual será a distribuição de versões e tração, mas um fato já sabemos. Essa jogada pode ser genial, já que o 2.0TD é a opção a quem não quer o 1.8 “fraco”, o que não existirá mais. Com o 1.3T AWD, só vai depender de preço para saber de vez se foi uma boa decisão ou não.
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