Mesmo custando até quase R$ 300 mil, o Jeep Commander tem meses e meses de fila para ser entregue. De tão concorrido, até as unidades de teste para a imprensa demoraram para chegar, mas a espera acabou ao menos para nós: aqui está o Jeep Commander Overland TD380, a versão topo com o motor turbodiesel e a mais procurada - e reservada...
Inegável que a Jeep pegou muito do Compass, um SUV de sucesso, para o Commander. O SUV de 7 lugares guarda muito do irmão menor, mas tem pontos particulares que devem até tirar compradores do outro dependendo da proposta e versão, já que preços e equipamentos estão próximos demais, com a vantagem de maior espaço interno e porta-malas, além da própria capacidade para 7 ocupantes.
O Commander tem uma identidade visual própria. Na dianteira, ele tem um estilo dele, mas manteve a tradicional 7 barras na grade. Só faltou um estilo mais próprio nas luzes diurnas, algo que o Compass tem, e no Commander se resume a duas barras no parachoque. Até tenta puxar um pouco para o Grand Cherokee, que faz o seu papel nos Estados Unidos, na dianteira e traseira. Mas as linhas das laterais não negam: olá, Compass.
Por dentro, já era esperado que o Commander pegasse os componentes do Compass reestilizado. Volante, painel, painel de instrumentos, sistema multimídia...o SUV de 7 lugares varia um ou outro material de acabamento, mas busca no irmão menor bastante do que usa. Os bancos são diferentes, principalmente as costuras, e um console central um pouco (bem pouco) mais largo e melhor acabado, com couro onde o Compass usa apenas plástico. Os bancos podem ser em couro marrom ou cinza claro, mudando também alguns detalhes dependendo da cor.
Ou seja, temos um bom acabamento. Era desejável um estilo mais próprio para o Commander? Sim, mas não o desabona a ponto de ser um problema, afinal é um dos pontos de maior destaque do Compass e também seu. Tem as mesmas tecnologias, inclusive de conectividade e de assistência de condução, com piloto automático adaptativo, alerta de ponto-cego, alerta de colisão com frenagem automática e sistema de estacionamento automático.
A plataforma do Commander é a Small Wide, a mesma do...bom, vocês já sabem. Porém muito foi modificado no Commander, tanto que ele é consideravelmente maior sem adicionar peso na mesma proporção. São 36,5 cm a mais no comprimento, sendo 15,8 cm no entre-eixos, e uma diferença de 143 kg entre o Commander Overland TD380 e o Compass Limited TD350. A parte traseira foi a que mais mudou na plataforma, justamente pela presença da terceira fileira que pode ser guardada no assoalho.
A Jeep parece ter criado o Commander para um cliente que visitava a concessionária com a família, mas não conseguia encaixar tudo e todos no Compass. O SUV médio não tem o melhor espaço interno da sua categoria, mas o Commander é o troco para eles, que de "brinde" levam a terceira fileira de bancos, que pouco deverá ser utilizada. No porta-malas, chega aos 661 litros, ante os 476 litros do Compass.
Na primeira fileira, é praticamente a acomodação do SUV médio. Bancos confortáveis, o já citado acabamento, mas o console central alto, se por um lado cria um ambiente separado entre os ocupantes, acaba tirando espaço para as pernas, principalmente os mais altos. A posição de dirigir é boa, com regulagem elétrica dos bancos e de altura e profundidade da coluna de direção. Preciso dizer de quem ele trouxe isso?
Na segunda fileira que o Commander mostra sua independência. Bem mais espaço para as pernas, bom espaço para os ombros e direito a saídas de ar-condicionado com regulagem de intensidade individual. Os bancos são maiores, principalmente o assento, e os trilhos permitem regular a distância, mas isso é mais interessante aos ocupantes da terceira fileira. Estes tem um espaço dentro do esperado, o famoso "ok", que não é indicado para pessoas mais altas ou longas viagens - é algo para um uso esporádico, para aquela carona ou um uso urbano.
Percebeu que o Commander usa o motor TD380 e o Compass, TD350? Não é um erro de digitação, o SUV de 7 lugares tem uma versão diferente do motor 2.0 turbodiesel. Tem os mesmos 170 cv, mas tem um pouco mais de torque, com 38,7 kgfm ante os 35,7 kgfm do aplicado nos demais modelos desta base. Novo turbo, nova calibração do câmbio e do sistema de injeção permitem isso, que chegam junto com o ARLA32, injeção de uréia no sistema de escape para reduzir as emissões.
Mesmo com a chegada do 1.3 turbo, o motor turbodiesel segue com espaço na linha - mostramos isso com o Compass Limited recentemente. No Commander, faz mais sentido pela oferta maior de torque, o que melhora a relação com as quase 2 toneladas que ele marca na balança na versão Overland. E no uso, se comporta bem, justamente pela oferta de força em baixas rotações, sem reclamar. Na cidade, o isolamento acústico faz quase esquecer que o motor ali fora é diesel. Só será perceptível em rotações mais altas, que não são tão altas assim.
Tanto que o consumo urbano ficou nos mesmos 9 km/litro do irmão menor. O câmbio de 9 marchas trabalha fazendo as trocas cedo, apesar desta unidade dar mais trancos leves que no Compass testado recentemente, mas nada que chegue a ser desconfortável. Apesar dos quase 4,80 m de comprimento, o Commander é sociável na cidade - algo que já não podemos dizer sobre um Toyota SW4, por exemplo.
A suspensão tem calibração própria, apesar da mesma arquitetura do Compass, com McPherson nas 4 rodas. O entre-eixos mais longo se reverteu também eu um rodar mais suave até nos piores pisos. Na estrada, apesar do tamanho, não balança a ponto de ser desconfortável e acompanha o ritmo das rodovias numa boa - fica a curiosidade para saber como será com o 1.3 turbo. A tração integral dá estabilidade nas curvas e em pista molhada, além de permitir o uso fora-de-estrada leve, já que os pneus são focados em asfalto.
Mas não procure um desempenho como do VW Tiguan R-Line, por exemplo. O Commander TD380 acelerou de 0 a 100 km/h em 12,9 segundos, já que o fôlego do 2.0TD é limitado em acelerações, apesar das boas respostas em baixas. Ele foi feito para ser um carro de uso diário, respondendo ao acelerador bem para seu porte, mas longe de ser rápido em números. Sim, o mesmo acontece com o...
Sim, o Commander trouxe muita coisa do Compass. Afinal, usar uma receita que deu certo para um outro modelo é comum na indústria. Ele melhora alguns pontos que o SUV médio fica devendo até diante de seus concorrentes diretos, como o espaço interno e porta-malas, além de se tornar uma opção aos que precisam, ao menos psicologicamente, dos 7 lugares.
Ele chega para brigar em um segmento que tem desde Mercedes-Benz GLB até Toyota SW4, com portes diferentes, e espera o VW Tiguan Allspace voltar ao mercado. O Caoa Chery Tiggo 8 entra no jogo, e um motorista a bordo deste SUV ficou olhando o Commander na rua com certa curiosidade. Se ele gostou, terá que entrar em uma fila de espera.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Jeep Commander 2.0TD
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