Você sabia que, versão por versão, a Bros 160 é a Honda mais vendida do Brasil? Parece algo estranho em um cenário onde a CG 160 bate 30 mil emplacamentos mensalmente, mas esta tem 4 versões: Start, Cargo, Fan e Titan. Entre elas, a Fan é a mais popular, beirando as 9.000 vendas mensais. Em configuração única, a Bros chega a 14.000 vendas mensais.
Então não será na trail mais barata da Honda que veremos as maiores mudanças. Sua participação nas vendas da marca é muito grande para correr riscos desnecessários. Desde a adoção do mesmo motor 160 da CG, a Bros acompanhou a estratégia de realizar somente pequenas atualizações para permanecer agradando ao público que depende dela.
Se nos grandes centros é a CG que reina soberana nos trajetos diários de profissionais e pessoas em deslocamento, longe deles é a Bros que manda. E, depois de tanto tempo, a Honda resolveu assumir qual é o papel da pequena aventureira na prática: ser a CG rural. Nas cidades pequenas e em trajetos que raramente contam com pavimentação, é a Bros que serve como a principal ferramenta de mobilidade de pessoas e mercadorias quando o assunto é duas rodas. Mas, se não teve alterações, o que é novo?
Na linha 2022, uma mudança que parece pequena, mas é fundamental para a proposta da moto, foi a inclusão do guarda-pó para as bengalas da suspensão dianteira. Para uma moto que pretende passar mais tempo fora do asfalto do que nele, deixar as peças expostas ao pó e aos elementos acaba estragando prematuramente os retentores das bengalas. Ou seja, manutenção antes da hora sem necessidade. Isso e a Yamaha Crosser 150 já oferece o equipamento na versão Z, então estava na hora de se adaptar.
Assim como fez na CG 160 2022, a Honda aplicou mais algumas alterações visuais nessa nova Bros para atualizar o modelo. Na dianteira, há uma nova peça envolvendo o farol, enquanto as aletas nas laterais do tanque foram redesenhadas para abrigarem passagens de ar funcionais. No geral, a moto passou das linhas com mais curvas para um visual mais marcado, angulado e robusto. Outra alteração funcional na trail foi a troca da capa do banco, que agora tem acabamento antiderrapante.
Nada mudou na mecânica. Permanece o monocilíndrico flex de 162,7 cm³ com arrefecimento a ar. Ele é capaz de entregar até 14,7 cv de potência a 8.500 rpm e 1,6 kgfm de torque a 5.500 rpm quando abastecida com etanol. O câmbio segue sendo mecânico de 5 marchas com transmissão final por corrente.
A lista de itens de série da Honda NXR 160 Bros 2022 é relativamente enxuta. A moto conta com painel de instrumentos digital com iluminação blackout, partida elétrica e bagageiro integrado às alças do garupa com reforço para instalação de bauleto. A trail ainda traz de série freio a disco nas duas rodas com acionamento, mas sem ABS. Em comparação com as rivais, também faz falta o conta-giros no painel.
O convite da Honda parecia bom demais para ser verdade. Um teste-drive que incluía um grande trecho nas areias das praias de Ilha Comprida, no extremo do litoral Sul do estado de São Paulo. A região ainda concentra uma natureza quase intocada e muito bela. O problema é que choveu durante boa parte do trajeto.
Devo confessar que eu não gosto de andar fora do asfalto. A ideia de controlar constantemente a moto perdendo tração não me apetece. Com chuva e lama então, eu já saí com a Bros pedindo desculpas para a Honda, pois tinha certeza que iria cair em algum momento. Mas alegro-me em compartilhar a boa notícia. Não caí e isso tem 0% de relação com as minhas habilidades.
O segredo do sucesso da Bros está nela mesma. A moto é leve, estreita e tem os bons e largos pneus Pirelli MT 60 de uso misto. As suspensões de longo curso tem um acerto mais mole, o que é bom para situações de baixa aderência. O conjunto passa confiança e é fácil "segurar" a moto mesmo quando parece que o chão é o destino certo. Para quem tem pouca experiência como eu e passa os piores trechos devagar com a ajuda dos pés, é um alívio. E precisei usar desse expediente várias vezes ainda no caminho para praia, em ruas de areia batida e molhada.
Na praia, com a areia bem compactada, até eu me senti confortável para manter velocidades de 80 km/h enquanto olhava a maré subindo rapidamente à esquerda e as carcaças de pinguins mortos sendo devoradas por urubus à direita. Então o recado pra quem realmente vai tirar a Bros do asfalto é: vai na fé. Se nem eu consegui derrubar a moto nessa situação extrema, a ela vai cuidar bem de você no dia-a-dia.
"Tá, mas e o asfalto?'. De fato, por mais que a Bros possa viver a vida dela na terra, em algum momento vai encontrar uma rua ou uma BR asfaltada. Mesmo que o motor da pequena trail da Honda seja o igual ao da CG, seu acerto é diferente. Os números já mostram isso. A Bros tem um pouco menos de potência e um pouco mais de torque, que ainda chega mais cedo.
A parte mais positiva desse contraponto é que a Bros tem uma resposta mais rápida e linear ao acelerador do que a CG, o que é ótimo na cidade ou na terra, quando há pouca aderência. Porém, não tem o mesmo fôlego da CG na estrada. No plano, a Bros vai segurar no máximo de 110 km/h. É uma sensação estranha: a moto está bem na mão, não há vibrações nem nada disso, mas também não desenvolve mais velocidade.
A suspensão mais mole não significa que a Bros seja boba de curva. Não é tão ágil quanto uma street por ter a roda dianteira maior e um centro de gravidade elevado, mas não assusta. O banco antiderrapante também foi uma boa adição. Se você não levantar do banco, os glúteos não se movem de posição, o que pode ficar cansativo depois de umas duas horas.
Porém, imagino que ninguém fique tanto tempo em cima de uma Bros sem ao menos uma esticada nas pernas. E pelo estado de sujeira dos protetores de bengala, ficou claro que as novas peças não estão ali por acaso. Vale dizer, no entanto, que alguns equipamentos de série - principalmente conta-giros e ABS - continuam fazendo falta.
A Honda poderia ter aplicado mudanças mais radicais na Bros 2022? Talvez. Deveria? Provavelmente não. A moto atende ao que se propõe e, agora que a marca entendeu que ela está mais para a "CG do interior" que para uma trail urbana, foi cirúrgica nas alterações que eram necessárias. Mudou pouco, mas mudou o que precisava para continuar sendo uma das motos mais vendidas do Brasil.
MOTOR |
Monocilíndrico, flex, 162,7 cm³, arrefecimento a ar |
POTÊNCIA/TORQUE |
14,7 cv @ 8.500 rpm; 1,60 kgfm @ 5.500 rpm |
TRANSMISSÃO |
5 velocidades, transmissão final por corrente |
SUSPENSÃO |
Garfo telescópico, 180 mm de curso; Balança monoamortecida, regulagem de pré-carga, 150 mm de curso |
CHASSI |
Berço semi-duplo |
RODAS |
Aço, raiadas, 19" na dianteira e 17” na traseira |
FREIOS |
Disco, 240 mm de diâmetro; disco, 220 mm de diâmetro |
PESO A SECO |
122 kg |
DIMENSÕES |
comprimento 2.067 mm, largura 810 mm, altura do assento 836 mm, entre-eixos 1.356 mm; |
CAPACIDADES |
tanque 12 litros |
PREÇO |
R$ 14.600 |
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