Comparativo Nissan Kicks Advance vs. Versa Advance: SUV ou sedã?

Com a chegada do Nissan Kicks em 2016, a fabricante japonesa mudou. Colocava em suas concessionárias um modelo com qualidades que transformaram a percepção dos clientes sobre a marca e seguiu esse caminho em 2020, com a nova geração do sedã Versa amplamente inspirado no...Kicks! A receita funcionou tão bem para os dois que agora eles dividem as lojas e conseguem até mesmo criar uma dúvida na cabeça de quem entra ali: sedã ou SUV?

Aproveitamos a reestilização do Nissan Kicks 2022 para o reunir com o Versa e mostrar onde cada um se destaca para ajudar quem está com dúvida qual levar. Em suas respectivas versões intermediárias Advance, trazem um bom pacote de equipamentos e o motor 1.6 com o câmbio automático CVT para atuar como o melhor custo/benefício de suas linhas. 

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Mesma base, estilos diferentes

Uma das grandes vantagens de se usar uma mesma plataforma é justamente essa. Desta base nascem um SUV e um sedã que atendem públicos específicos e dividem diversos componentes, uma jogada que economiza uma boa grana em desenvolvimentos e produção. Nesta nova geração, o Versa se atualizou com a versão da plataforma V usada no Kicks e esse foi um dos pontos mais elogiados em seu lançamento.

O Kicks mudou a percepção do público com a Nissan por trazem uma melhoria significante do que era conhecido no March e no antigo Versa (hoje chamado de V-Drive), muito mais refinado em diversos aspectos como qualidade de rodagem, conforto, acabamento e equipamentos. Da mesma forma, o sedã seguiu este caminho e se distanciou bastante do seu antecessor.

Até antes da reestilização do SUV, Kicks e Versa eram bem parecidos também no design. Agora eles se afastam um pouco principalmente na dianteira, onde o Kicks mais mudou, apesar de ainda ser perceptível a genética entre eles, como no aplique na coluna C e nas linhas gerais da carroceria. Até mesmo a nomenclatura de versões, que estreou no Versa, o Kicks trouxe na linha 2022, trocando as letras que tornavam a identificação um pouco confusa pelos nomes Sense, Advance e Exclusive. 

O mesmo se repete no pacote de equipamentos. Kicks e Versa Advance são as versões intermediárias e se colocam como o custo/benefício mais interessante em suas linhas, não devendo itens básicos e trazendo alguns diferenciais dentro de seus segmentos bastante competitivos e cheios de concorrentes de peso. 

Em comum, a dupla se destaca por itens como a chave presencial com botão de partida, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, sistema multimídia com espelhamento de smartphones via Apple CarPlay e Android Auto e o painel de instrumentos com tela de 7" configurável e piloto automático, citando apenas os principais e mais procurados.

Porém algumas diferenças destacam o SUV. O Kicks Advance tem os bancos em couro, volante em couro, retrovisor interno fotocrômico, rodas de 17", lanternas em LEDs e luzes diurnas de condução em LEDs, além do sistema multimídia com tela de 8" (7" no Versa) e os vidros elétricos com a função "um toque" nas 4 portas. Ambos tem câmera de ré e sensores traseiros, mas o Versa não sai totalmente na desvantagem, com faróis de neblina e o alerta de objetos no banco traseiro, que avisa quando o motorista sai do carro e pode ter esquecido algo. 

Apesar de dividirem muito também no interior, com o volante e boa parte do design do painel, o Kicks aparenta mais cuidado, usando um tecido sintético suave ao toque no painel e um detalhe cromado no painel de instrumentos, algo pequeno mas que já o diferencia nesta briga particular. 

Mais parecidos, só se fossem iguais

O fato do Versa ter "copiado" muito do que o Kicks aprendeu resultou em uma dupla muito parecida. Para começar, o motor 1.6 aspirado com 114 cv e 15,5 kgfm de torque é o mesmo, assim como o câmbio CVT, um conjunto que conversa muito bem e se destacou justamente no Kicks desde 2016. 

A não ser a posição de dirigir mais alta e a própria carroceria mais distante do chão, pouco difere o Kicks e o Versa para quem está dirigindo. No caso das versões Advance, a diferença de peso é de apenas 14 kg, o que não chega a afetar as respostas no dia a dia. Em números, eles andam praticamente juntos em todas as provas de desempenho - a diferença em décimos de segundo é quase um empate técnico e que pode variar de unidade pra unidade até quando falamos do mesmo modelo. 

O mesmo vale para a suspensão. Em conforto, são similares, com uma leve vantagem pro Kicks perceptível apenas aos mais exigentes pelo maior curso da suspensão e recalibrada na reestilização para ficar um pouco mais suave. Ambos trabalham silenciosos e, mesmo quando colocadas no limite, seguram a carroceria no lugar sem precisar do controle de estabilidade, aqui com uma pequena vantagem para o Versa pela carroceria mais perto do chão. A direção elétrica responde bem em velocidades mais altas e tem bom peso para as manobras nos dois casos.

Até o consumo (com etanol em nossos testes) ficou bem próximo. A diferença na cidade (7,8 vs 8,0 km/litro) é quase um empate, mas na estrada a diferença ficou pouco maior (11 vs 12,2 km/litro) pela melhor aerodinâmica do Versa e sua carroceria (e principalmente dianteira) mais baixa que deu a melhor média tanto no circuito rodoviário quanto no urbano. Mas eles não são apenas elogios.

Na cidade, ambos trabalham bem com o motor 1.6 aspirado. O câmbio CVT trabalha as rotações baixas e ajudam tanto no conforto acústico quanto no consumo e servem muito bem no Kicks e Versa diante das suas propostas. Na estrada, principalmente se estiverem carregados, você irá pedir um motor com mais fôlego e torque. Mesmo que o bom isolamento acústico ajude, já dá pra perceber que o 1.6 sofre mais e pede mais rotações para seguir em um ritmo bom de viagem e ainda mais em retomadas e ultrapassagens, que precisam ser um pouco mais planejadas que em seus concorrentes com motores turbo.

Casa térrea ou apartamento?

O Nissan Versa é, como qualquer comparação de sedã com SUV, maior em comprimento, um dos principais pontos que o dão a vantagem no porta-malas, com 50 litros extras. Em entre-eixos, a vantagem de 10 mm pouco se reflete na diferença de espaço para as pernas, tendo o Versa e o Kicks um espaço bastante similar. O SUV tem mais espaço para a cabeça, com teto mais alto principalmente no banco traseiro, além do Versa ter os encostos de cabeça fixos, o que pode atrapalhar na acomodação. Por outro lado, o sedã tem 2 portas USB no console central, enquanto o SUV tem apenas uma tomada 12V. E a dupla deve a saída de ar-condicionado traseira.

O Kicks é mais versátil justamente pelo formato da carroceria. Além de um acesso mais fácil ao interior pela maior altura tanto de carroceria quanto de altura do solo, importante quando se tem alguém com alguma limitação de movimentos, e permite carregar objetos mais altos seja no porta-malas ou com o encosto traseiro rebatido, como uma bicicleta, por exemplo. É neste momento em que melhor conseguimos separar compradores dos sedãs e dos SUVs. 

Mas há um ponto ainda mais importante nesta jogada e que pode virar a mesa pro Versa: mesmo com a pequena diferença no pacote de equipamentos, eles estão separados por R$ 18.000, sendo o Kicks o mais caro, de R$ 106.390 ante os R$ 88.390 do sedã. Pode parecer pouco, mas é um valor que pode pagar seguro, IPVA e outras despesas do carro por um bom tempo. 

SUV ou sedã? Nissan Kicks e Versa, ao compartilharem muito tecnicamente, são bastante semelhantes para dirigir e na lista de equipamentos. A escolha fica realmente por conta da modularidade, a favor do SUV, e do preço, a favor do sedã, além de fatores particulares do consumidor. Ter um campeão em um comparativo como este é como escolher entre uma casa térrea ou um apartamento do mesmo tamanho na hora de definir seu lar. Qual seria a sua?

Fotos: Leo Fortunatti

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