Quando apresentou o WR-V durante o Salão do Automóvel de 2016, a Honda já deixou claro que o crossover não era simplesmente um "Fit aventureiro". Apesar de dividirem plataforma, parte da carroceria e muitos componentes, como o motor 1.5 aspirado e o câmbio CVT, eles se diferenciam em pontos-chave para atender diferentes consumidores - ou roubá-los um do outro.
Aproveitando a recente reestilização do WR-V 2021, reunimos o crossover com o Fit em suas versões topo de linha EXL. Os equipamentos são praticamente os mesmos, mas os carros estão separados por R$ 6.500. Em partes, vamos mostrar onde eles são iguais, onde são diferentes e como cada um se encaixa no dia a dia de cada provável comprador.
Coloque o WR-V e o Fit de lado e notamos claramente as semelhanças na parte central da carroceria. As portas e a folha do teto, por exemplo, são as mesmas peças, a não ser pelo fato de que o crossover tem um rack. Estamos falando de carros gêmeos no habitáculo, o que neste caso é muito bom para ambos.
Digamos que o WR-V pegou justamente um dos melhores aspectos do Fit para si. É onde o hatch/minivan se destaca, já que ficou conhecido pelo amplo espaço interno em uma carroceria compacta. Há também o sistema Magic Seat, aquele que permite levantar os assentos traseiros e levar objetos volumosos ou altos, aproveitando que o tanque de combustível se mudou para debaixo dos bancos dianteiros. Além disso, graças ao teto elevado, são modelos que recebem bem ocupantes mais altos. O porta-malas de 363 litros de capacidade também é igual nos dois.
Outra coisa em comum é o conjunto mecânico. Ambos dão equipados com um já conhecido motor da Honda, o L15A7 - 1.5 litro aspirado com comando de cabeçote único e variador de fase na admissão, que produz até 116 cv e 15,3 kgfm de torque. Não incorpora injeção direta ou turbo, mas tem fama de confiabilidade e baixa manutenção em nosso mercado. Nas versões EXL de Fit e WR-V, o câmbio CVT pode simular 7 marchas pelas trocas nas aletas instaladas no volante, para dar um pouco de tempero à condução - que no geral é correta, mas sem emoção.
Por fim, o nível de acabamento é exatamente o mesmo no Fit ou no WR-V. A não ser por algumas mudanças em tecidos e cores, temos os mesmos componentes. Apesar do uso do plástico rígido, o interior aparenta boa qualidade, assim como os encaixes justos e ausências de rebarbas, que ajudam a manter a integridade da cabine com o passar dos anos. Nos dois, o painel de instrumentos é analógico com uma tela na lateral direita para computador de bordo, comandada por um botão no próprio painel - algo antiquado. O cluster, aliás, é a parte que mais "entrega" a idade do projeto.
Pelas fotos, já deu pra sacar que Fit e WR-V têm visual distinto na dianteira e traseira. Enquanto o hatch tem uma dianteira mais "bicuda" e baixa (e até por isso tem 28 mm a mais no comprimento), o crossover tem a frente mais reta e alta para criar imponência. Na traseira, a diferença entre as lanternas obriga a ter uma estamparia específica para a tampa do porta-malas do WR-V.
Quando foi apresentado, o crossover trouxe a caixa de direção elétrica do HR-V, mais robusta e direta que a utilizada até então no Fit, que recebeu a atualização quando foi reestilizado. Passando à suspensão, o crossover é mais do que simplesmente um Fit com molas maiores para elevar a altura livre do solo - são 207,3 mm, ou 5 cm a mais.
Sim, molas e amortecedores são específicos. Os amortecedores são mais grossos e com batentes hidráulicos, que acompanham bitolas mais largas na dianteira e na traseira para melhorar a estabilidade do modelo "altinho". Até os eixos foram deslocados (1 cm na dianteira e 1,5 cm na traseira) para melhorar os ângulos de ataque e saída do WR-V, embora sem modificar a estrutura do carro. Os calçados também variam: pneus 185/55 no Fit e 195/60 no WR-V, ambos em rodas aro 16".
Pode não parecer, mas este trabalho no WR-V resultou num carro de comportamento diferente do Fit. Não só pela altura elevada do solo, que evita aquelas raspadas em valetas e lombadas sem padrão, mas também pelo curso maior de suspensão que, consequentemente, aumenta o conforto a bordo. Mesmo no uso urbano, o crossover absorve bem melhor os impactos do piso. Quando o asfalto acaba, então, nem se fala...
Por outro lado, Fit é mais afiado para dirigir. Mais baixo e firme, reponde mais diretamente aos comandos no volante e, mesmo com um pneu mais fino (185 vs 195), tem estabilidade superior ao WR-V. Em compensação, como em todas as suas gerações, copia bem mais o que está no asfalto e repassa sem muito filtro aos ocupantes.
Quando falamos em desempenho, os 34 kg extras do WR-V não mudam nada - basta ver em nossa tabela de testes abaixo que eles andaram praticamente juntos em todas as provas. Vale destacar a melhor frenagem do Fit por conta da suspensão mais firme e o consumo melhor, principalmente na estrada por conta da aerodinâmica - dianteira e altura do solo mais baixas.
Se custassem o mesmo preço, Fit e WR-V fariam um duelo bem mais parelho. Hoje, R$ 6.500 separam os dois modelos, mas vale algumas observações: o WR-V já está na linha 2021, foi recentemente renovado e recebeu novos equipamentos. O Fit ainda está na linha 2020 e não tem itens como os faróis de neblina em LEDs, acendimento automático de faróis ou o retrovisor interno fotocrômico. Além de já ter sido substituído por uma nova geração no Japão.
Ambos trazem equipamentos como o ar-condicionado automático, seis airbags, controles de tração e estabilidade, piloto automático, faróis full-LED, DRL em LED, retrovisores com rebatimento elétrico e outros itens, mas ambos devem coisas como uma simples partida por botão com chave presencial - indisponível mesmo nestas versões topo de linha.
Os itens ausentes não justificam os R$ 6.500 a mais do WR-V, mas há um porém. O crossover acabou de ser renovado e com certeza tem mais alguns anos de mercado, enquanto o Fit deve ser substituído pelo futuro City hatch e enquanto a Honda faz os cálculos para ver se compensa fazer a nova geração do modelo no Brasil. E então, qual seria sua aposta?
Fotos: Motor1.com Brasil
Honda WR-V EXL | Honda Fit EXL | |
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.497 cm3, comando simples variável, flex |
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.497 cm3, comando simples variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 115/116 cv a 6.000 rpm / 15,2/15,3 kgfm a 4.800 rpm | 115/116 cv a 6.000 rpm / 15,2/15,3 kgfm a 4.800 rpm |
TRANSMISSÃO | automática CVT com simulação de 7 marchas; tração dianteira | automática CVT com simulação de 7 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO |
independente McPherson dianteira e eixo de torção na traseira |
independente McPherson dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de aro 16" com pneus 195/60 R16 | liga leve de aro 16" com pneus 185/55 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.138 kg em ordem de marcha | 1.104 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.068 mm; largura 1.734 mm; altura 1.599 mm; entre-eixos 2.555 mm | comprimento 4.096 mm, largura 1.694 mm, altura 1.536 mm, entre-eixos 2.530 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 363 litros; tanque 45,3 litros | tanque 45,3 litros, porta-malas 363 litros |
PREÇO |
R$ 94.700 |
R$ 88.200 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol) | |||
---|---|---|---|
Honda WR-V | Honda Fit | ||
Aceleração | |||
0 a 60 km/h |
5,6 s |
5,6 s | |
0 a 80 km/h | 8,3 s |
8,2 s |
|
0 a 100 km/h | 11,7 s | 11,6 s | |
Retomada | |||
40 a 100 km/h em S | 9,2 s | 9,5 s | |
80 a 120 km/h em S | 8,8 s | 8,6 s | |
Frenagem | |||
100 km/h a 0 | 41,9 m | 41,1 m | |
80 km/h a 0 | 26,9 m | 26,0 m | |
60 km/h a 0 |
15,1 m |
14,5 m | |
Consumo | |||
Ciclo cidade | 7,4 km/l | 7,8 km/l | |
Ciclo estrada | 9,7 km/l |
12,5 km/l |
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