Avaliação: Novo Porsche 911 Cabriolet está mais rápido - até pra abrir a capota!
Em 12 segundos, ele fica sem teto. Ou vai de 0 a 200 km/h
Dizem que a vida passa num piscar de olhos e que você deve aproveitar cada segundo, não é mesmo? Pois então vou-lhe dar dois bons motivos aproveitar seu tempo com o novo 911 Carrera S Cabriolet que acaba de estrear no Brasil (e veio primeiro passar uns dias com a gente no Motor1.com). Em cerca de apenas 12 segundos, ele faz duas coisas muito legais: ou abre totalmente a capota elétrica, aumentando sua interação com o ambiente (e com o ronco do motor); ou acelera de 0 a 200 km/h! - eu disse duzentos.
Antes de acelerar ou baixar o teto do novo Cabriolet, antes é preciso relembrar algumas das principais evoluções do 911 nesta atual geração, chamada de 992. O motor 3.0 boxer biturbo passou a nada menos que 450 cv de potência e 54 kgfm de torque (30 cv e 3 kgfm extras), enquanto o câmbio de dupla embreagem PDK agora tem 8 marchas (uma a mais que antes). A dinâmica foi favorecida com bitolas mais largas, 46 mm na dianteira e 39 mm na traseira, além do uso de rodas de diferentes tamanhos, com aros 20" na frente e 21" atrás. Também recebeu o chassi esportivo PASM com 10 mm a menos de altura da suspensão e, por fim, o modo WET para condução no molhado (que deixa o ESP em alerta e reduz a entrega de força do motor).
Somado à isso, a nova capota de tecido do novo 911 Cabrio é a mais avançada desde que o modelo começou a oferecer o teto com acionamento elétrico, em 1987. Com acionamento eletro-hidráulico, a capota possui arcos de superfície que deixam o tecido esticado e sem dobras, mantendo a clássica silhueta do 911 quando fechada. Construída com materiais leves como alumínio e magnésio, este no quadro do vidro traseiro, ela ainda possui um revestimento isolante para manter a temperatura e o ruído em níveis semelhantes aos do cupê. Além de ser aberta ou fechada em 12 segundos, a operação pode ser feita com o carro em movimento a até 50 km/h.
Quem conhece o 911 sabe que ele é um dos esportivos mais "utilizáveis" do mundo. E esta geração 992 reforçou ainda mais este aspecto, mantendo um comportamento civilizado diante dos remendos de asfalto que chamamos de rua aqui no Brasil. Com cuidado, ele também supera a maioria de valetas e quebra-molas sem raspar. O que mudou neste 911 foi a capacidade de encorajar seu motorista. Impressionante como ele "faz amizade fácil" e logo você fica à vontade para explorar seus limites. A Porsche fala em máxima de 306 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos (quando equipado com o pacote Sport Chrono).
Na cidade, o modo de condução Normal deixa o 911 tranquilo, fazendo as trocas de marcha em rotações baixas e rodando nos 50 km/h (limite da maioria das vias da capital paulista) sem problemas - não fica engasgando e nem atiçando para correr. A suspensão é dura, claro, mas não chega a maltratar sua coluna, enquanto a direção com respostas rápidas ajuda no uso urbano. Dá para ir ao trabalho? Sim, ele não reclama de ficar no trânsito, apesar de chamar a atenção E se você quiser "causar" ainda mais, pode acionar a tecla do escape, que amplifica o ronco do motor, mesmo sem mudar o modo de condução.
Apesar do vidro traseiro ser real (e não um plástico transparente), a capota fechada tira uma parte da visibilidade lateral do 911, pedindo cuidado redobrado nas manobras de estacionamento (tem câmera e sensores para ajudar, claro). Este problema, porém, desaparece completamente ao baixarmos o teto. Não pegamos chuva durante os dias de avaliação, mas a vedação da capota nos pareceu muito boa, sem qualquer ruído de vento mesmo em velocidades de estrada.
Mas a parte mais prazerosa do novo Carrera S Cabriolet é, obviamente, acelerar com a capota baixa. Fomos então para a tortuosa (no bom sentido) estrada dos Romeiros para uma manhã de cabelos ao vento (os poucos que me restam) e êxtase para os sentidos. Acionei o modo Sport Plus pelo seletor do volante (também pode mudar na multimídia), coloquei o PDK no modo manual e chamei o 911 para dançar. Como lá no lançamento mundial do cupê, na Espanha (veja no vídeo ao final do texto), o Cabrio me transmitiu total confiança para explorar seus 450 cv, mesmo nas curvinhas do tipo cotovelo feitas em segunda marcha. Deixando o controle de estabilidade no permissivo modo Sport, o 911 escorrega de traseira na medida, fazendo você se deleitar com a direção firme e direta para fazer o contra-esterço corretivo.
Enquanto pés e mãos trabalham, a audição é brindada com os estouros nas trocas de marcha, acompanhadas de um leve espirro do turbo nas mudanças ascendentes, que parecem acontecer ali na sua orelha quando a capota está aberta. O câmbio é outro aliado da brincadeira, com mudanças tão rápidas e capacidade para reduções radicais que eu não perdia a chance de trabalhar com ele pelas borboletas - só deixei no automático na cidade. Freios? Discos ventilados de 350 mm nas quatro rodas e um pedal firme para estancar o conversível de 1.660 kg (70 kg a mais que o cupê) sem dramas ou desvios de trajetória. Em suma, um conjunto sublime.
Falei das escapadas de traseira, mas preciso admitir que provoquei. Mesmo andando forte, a dinâmica do 911 nunca foi tão boa quanto agora. Para ajudar, os pneus Goodyear Eagle F1 de medidas 245/35 R20 na frente e 305/30 R21 na traseira oferecem um enorme montante de aderência, além de irem "avisando" quando estão chegando ao limite.
Depois do "acelero", o lado curtição do Cabrio também falou alto. Um passeio relaxante aproveitando a paisagem ao ar livre era praticamente tudo que um mero mortal fissurado por carros carros gostaria de fazer ao sair da quarentena. Obrigado, 911, foi revigorante!
De resto, encontramos a mesma concepção do novo 911 cupê. O painel ganhou duas janelas digitais (que por sinal são levemente cobertas pelo volante) e uma nova multimídia de 10,9" que concentra os principais recursos do carro, como modos de condução, navegação, rádio, ar-condicionado e mídia (tem conexão Apple Carplay) e até acionamento do spoiler traseiro (que sobe automaticamente a partir dos 120 km/h). Mesmo com a capota aberta, o banco traseiro continua meramente figurativo, sendo mais útil para levar as bagagens que não couberem no compartimento dianteiro (apenas 132 litros) do que para receber convidados.
Então, se você já se decidiu por um 911 como seu "dream car", o novo Cabriolet pode colocar um ponto de interrogação na sua cabeça. Mesmo com a capota aberta, os reforços feitos pela Porsche não deixaram que a dinâmica fosse alterada, enquanto que a experiência de pilotagem ficou ainda mais rica com a mistura de sons e cheiros da tocada ao ar livre. No preço, os R$ 50 mil extras em relação ao Carrera S cupê (R$ 729.000 contra R$ 679.000) são como a calda no sorvete: uma questão de gosto, mas que no fim das contas é pouco para deixar o sabor mais apurado.
Fotos: autor/Motor1.com
Ficha Técnica - Porsche 911 Carrera S Cabriolet (992)
MOTOR | traseiro, longitudinal, 6 cilindros opostos, 24 válvulas, 2.981 cm³, injeção direta, biturbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
450 cv a 6.500 rpm / 54 kgfm de 2.300 a 5.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automatizado de dupla embreagem e 8 marchas; tração traseira |
SUSPENSÃO | independente McPherson dianteira e multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de 20" na dianteira (pneus 245/35 R20) e aro 21" na traseira (pneus 305/30 R21) |
FREIOS | discos ventilados nas quatro rodas (350 mm) com ABS e ESP |
PESO | 1.660 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.519 mm, largura 1.852 mm, altura 1.299 mm, entre-eixos 2.450 mm |
CAPACIDADES | tanque 64 litros; porta-malas 132 litros |
PREÇO | R$ 729.000 |
Galeria: Porsche 911 Cabriolet 2020 (Avaliação BR)
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