Apesar de pertencer à Ford desde 2007, a Troller nasceu em 1997 no interior do Ceará com um jipe de fibra de vidro e motor AP 2.0 Volkswagen, além de componentes de diversas marcas. A marca ficou conhecida pela capacidade fora-de-estrada e inclusive levou alguns títulos do Rali dos Sertões, sem esquecer dos famosos eventos monomarca em que reúne proprietários para provas de regularidade e passeios. Longe de ser uma marca de volume, a Troller foca na experiência dos clientes, e agora o Troller TX4 nasce desse entrosamento.
Você pode não lembrar, mas já deve ter visto o Troller TX4 antes. No estande da marca no Salão do Automóvel de 2018, ele se destacava justamente pelas cores nada discretas da carroceria.Segundo a Troller, boa parte dos clientes ou potenciais clientes pediam a transmissão automática como uma opção no jipe, já que o motor é o mesmo da Ford Ranger, o 3.2 de 5 cilindros e turbodiesel com 200 cv e 47,9 kgfm de torque - e a picape sempre ofereceu a transmissão automática. Ou seja, queriam um 4x4 raiz (o jipe T4), mas com uma colher de Nutella (câmbio automático).
Desde então, a empresa cearense trabalhou não para simplesmente colocar a caixa da Ranger no T4, mas para continuar atendendo os clientes nas trilhas mesmo mais pesadas. Apesar da relação da transmissão ser a mesma da Ranger automática, a engenharia trabalhou no software de trocas, deixando-as mais rápidas e e adaptadas até mesmo para uma trilha pesada. Protótipos rodaram em diversos ambientes e até mesmo clientes foram chamados para dirigir os carros e dar o "feedback" sobre o que mudar. Impressões 3D e realidade virtual foram utilizados para acelerar o processo.
O Troller TX4 também é o primeiro a vir de fábrica com pneus Mud (20% on e 80% off) homologados - um velho pedido dos clientes. Os engenheiros reforçaram que existem mudanças na calibração da suspensão pelo peso e pelos pneus, mas nenhuma alteração na altura do carro. Ademais, os novos para-choques de metal melhoraram o ângulo de ataque (de 51 para 53º) e manteve os 50º de saída, com suportes para guincho e reboques, até mesmo os mais extremos.
Este primeiro contato com o Troller TX4 aconteceu no Campo de Provas da Ford em Tatuí (SP). Na pistas de asfalto, o Troller segue como sempre foi - um peixe fora d`água. A direção desmultiplicada e hidráulica, robusta no uso extremo, exige costume na hora de fazer curvas e manter o jipe no trajeto. Pesada e indireta, é bem diferente do que encontramos em SUVs com proposta mais urbana. Por outro lado, chama a atenção a suavidade do câmbio nas trocas, semelhante ao da Ranger, e o trabalho feito pela engenharia para anular a vibração e ruído dos pneus lameiros, tradicionalmente mais barulhentos. Os freios também foram recalibrados, com melhor resposta do pedal.
Na hora do barro, a Troller TX4 mantém a tradição. Curiosamente, no dia anterior conversei com algumas pessoas acostumadas a fazer trilhas e eles começam a preferir o câmbio automático pela praticidade na hora de sair do atoleiro. A Troller também seguiu com este propósito no projeto do carro. Ele foi testado lado a lado com o manual durante meses e nas mesmas situações para provar que nada se perdia na comparação.
O TX4 traz o diferencial traseiro com bloqueio eletrônico e a tração 4x4 com reduzida. Junte isso aos pneus especiais e temos um bravo off-road, que passou por diversos pontos de lama montados na pista sem qualquer dificuldade. Aos que preferem maior controle, há a opção de trocas manuais e o modo Sport, que estica as rotações antes das trocas. O câmbio é o mesmo da Ranger e de outros modelos fora-de-estrada da marca no exterior.
O Troller TX4 chega por R$ 167.530, ou R$ 25.700 a mais que o T4 manual. Porém, o valor inclui também todos os equipamentos, inclusive acendimento automático dos faróis, snorkel, estribo lateral, para-choques de metal, faróis auxiliares de longa distância em LEDs, pneus lameiros e até fixações Isofix no banco traseiro. Não, ainda não há airbags. Segundo a marca, se o cliente equipar um T4 manual com os itens exclusivos (sem contar o câmbio automático e o diferencial blocante), gastaria, com o carro, R$ 33 mil.
A Troller diz que espera aumentar suas vendas com o TX4, mas não fala em números exatos. A média anual da marca é de 1.500 unidades hoje, com clientes que têm o T4 como um segundo ou até terceiro carro. Com o câmbio automático, isso pode mudar para o segundo ou até, em alguns casos, o principal. Ao mesmo tempo, não descarta o câmbio na versão "comum" e nem um TX4 preparado com o câmbio manual. Tudo de acordo com a vontade da clientela.
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, longitudinal, cinco cilindros, 20 válvulas, 3.198 cm3, duplo comando de válvulas, injeção direta, turbo, diesel |
POTÊNCIA/TORQUE |
200 cv a 3.000 rpm; 47,9 kgfm de 1.750 a 2.500 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração 4x4 com reduzida |
SUSPENSÃO | eixo rígido com barra estabilizadora na dianteira e traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 17" com pneus 247/70 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e ESP |
PESO | 2.297 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.163 mm, largura 1.992 mm, altura 1.936 mm, entre-eixos 2.585 mm |
CAPACIDADES | tanque 62 litros; porta-malas 134 litros |
PREÇO | R$ 167.530 |
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