Teste: Volvo S60 T4 Momentum mira BMW 320i, mas tem proposta distinta

Que o novo Volvo S60 é a aposta sueca para enfrentar o trio de ferro alemão você já deve estar careca de saber. Acontece que a marca nórdica deixou claro, ao menos no Brasil, que o alvo principal é o BMW Série 3. Prova disso é a tabela de preços propositadamente idêntica, com o S60 T4 Momentum iniciando a gama a R$ 195.950. É o mesmo valor do 320i Sport, mas com vantagens no porte, conforto e equipamentos, como vimos neste teste. 

A proposta da Volvo é realmente interessante. Para começar, o S60 tem presença. Ele é um pouco maior que Série 3, Classe C e A4, investe num design mais clássico e ainda tem uma certa aura de exclusividade em relação ao alemães, que são figuras mais fáceis de encontrar nas ruas. O novo sedã sueco é a derivação três-volumes da não menos bela perua V60, com destaque para as lanternas traseiras em formato de C, compondo um estilo muito elegante. Na frente, ele mantém a identidade atual da Volvo com os faróis estreitos e o "martelo de Thor" em LED dentro do conjunto óptico. A unidade avaliada ainda veio com uma combinação de cores muito bonita, tendo a carroceria azul com o interior creme. 

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Mesmo sendo a versão, digamos, de entrada, a T4 Momentum não abre mão do pacote de sistemas de condução semi-autônoma da Volvo, com piloto automático adaptativo, frenagem de emergência automática, alerta de saída de faixa e leitor de placas, entre outras ajudas. O "Pilot Assist" é dos melhores do mercado, com acionamento fácil (basta um toque num botão do volante) e a funcionalidade stop-and-go, que permite usar o controlador de velocidade no trânsito, bastando comandar o volante - ou melhor, mantendo a mão no volante, pois o alerta de saída de faixa atua na direção e traz de volta o carro à trajetória. O leitor de placas também é muito útil numa cidade como São Paulo, em que cada rua tem um limite diferente. Basta olhar no painel a velocidade da via e pronto. Todo esse conjunto torna o dia a dia bem mais cômodo e seguro. Só senti falta do aviso de ponto cego, que a Volvo guardou para as versões mais caras. 

Como na V60, o painel tem desenho limpo e poucos botões físicos, com a maior parte dos comandos concentrados na tela vertical de 9" no centro do painel, que serve também como central multimídia (incluindo conexão Apple CarPlay e Android Auto). Temos ainda o cluster digital com tela de 12,3" configurável, capaz de mostrar, por exemplo, o mapa do GPS em 3D no centro do mostrador. A câmera de ré passou a ser item de série da linha 2020 (sentimos falta dela no V60 T5 2019 testado anteriormente). Teto-solar e chave presencial, no entanto, só são oferecidos no S60 T5. Neste, é preciso destravar as portas pelo controle remoto da chave. 

Essa versão T4 também perdeu alguns cavalos embaixo do capô. Para valorizar o T5, a Volvo amarrou o motor 2.0 turbo, reduzindo a potência de 254 para 190 cv, e o torque de 35,7 para 30,6 kgfm (é basicamente a mesma coisa que a BMW faz entre o 330i e o 320i). O câmbio é o mesmo automático de 8 marchas, com tração dianteira. Nos testes, realmente os números foram um pouco mais comedidos (0 a 100 km/h em 8,6 s contra 7,4 s da V60 T5, por exemplo), mas ainda assim ninguém vai reclamar de falta de ímpeto ao pressionar o acelerador. Em contrapartida, o consumo foi favorecido, com boas médias: 8,6 km/litro na cidade e ótimos 15,4 km/litro na estrada.

Se o desempenho sugere até alguma esportividade, ao volante é o conforto que se destaca - e está aqui talvez a maior diferença entre o S60 e o Série 3. Enquanto o BMW parece encolher em movimento, o Volvo faz questão de mostrar que é um carrão. A suspensão macia e a direção leve convidam a uma condução relaxada, fato reforçado pela ausência das borboletas no volante para trocas manuais de marcha. A proposta do S60 é ganhar pelo comodidade e não pela emoção.

Mesmo no modo dinâmico de condução (há também o confortável e o econômico), as trocas de marcha são suaves e o nível de ruído é baixo. Não é um carro de reações precisas e comunicativas como o 320i (que ainda tem a tração traseira como diferencial), mas não deixa de oferecer performance e confiança ao motorista na estrada, com bom controle dos movimentos da carroceria em curvas e altas velocidades. No entanto, assim como na V60, a suspensão se mostrou pouco tolerante a ruas esburacadas, com baques secos e barulhentos.   

Outro ponto que credencia o S60 na disputa com o Série 3 é o espaço interno, especialmente no banco traseiro, e o acabamento refinado. Mesmo essa versão Momentum é impecável na escolha de materiais e montagem, com plásticos de toque emborrachado e outras superfícies macias ao toque, além de acabamento com detalhes em alumínio. O que também contribui para o ambiente premium da cabine é o revestimento de couro creme do carro testado. Se preferir, a Volvo oferece também o tradicional preto, além do caramelo e do marrom. 

Ponto negativo fica por conta do porta-malas. Com a adoção do estepe no modelo vendido no Brasil, o compartimento ficou raso e teve a capacidade reduzida de 442 para 392 litros. Coincidência ou não, é o mesmo problema do Série 3... Mas, no fim das contas, o S60 faz valer sua boa relação custo-benefício na briga com o 320i. O BMW só oferece o pacote de condução semi-autônoma, por exemplo, na versão M Sport de R$ 217.950.

Fotos: autor         

 

FICHA TÉCNICA: Volvo S60 T4