Maior acerto da Fiat nos últimos anos, a Toro chega levemente renovada à linha 2020. Enquanto aguarda a primeira reestilização e o motor turboflex, previstos para 2021, a picape recebe um pacote visual esportivo (opcional), novo para-choque frontal e novas cores, além de um rearranjo de versões. Pegamos o modelo Freedom com o kit S-Design para ver se sua compra vale (ou não) a pena. Vamos aos tópicos:
Embora não tenha sido a primeira picape monobloco de porte entre as compactas e as médias, feito que coube à Renault Duster Oroch, a Toro virou a referência do segmento, bombou nas vendas e fez a concorrência se mexer: a VW apresentou o conceito da Tarok, prevista para 2021, e Ford e Chevrolet já trabalham em modelos para atuar abaixo da Ranger e S10, respectivamente.
Lançada em 2016, a Toro continua a ter como ponto forte sua polivalência. Ela tem um porte que permite o uso urbano sem grandes limitações, ao contrário das médias, e no trânsito ocupa um espaço pouco maior que o de um sedã médio - especialmente na largura. O espaço interno é bom, a posição de dirigir é confortável como num SUV e a caçamba (820 litros) serve para o trabalho e o lazer, com a ajuda da tampa em duas folhas que abre lateralmente. Poderia ser melhor se a capota marítima evitasse a entrada de água no compartimento de carga, um problema para quando o espaço está sendo usado como porta-malas, sob pena de molhar as bagagens.
Certamente que o visual da Toro é, ao lado de sua proposta, o grande chamariz de consumidores. A Fiat então reforçou esse aspecto na linha 2020 com um novo para-choque frontal, que agora tem uma espécie de "quebra-mato" embutido na peça, além do kit S-Design opcional. Também há três novas cores: prata Billet, Marrom Deep e o bonito azul Jazz do carro testado.
Mostrado na Europa pela primeira vez no 500X, o pacote de estilo S-Design se baseia na moda do preto - o S vem de Shadow, sombra em inglês. Daí o "escurecimento" de itens como os logotipos, santantônio e estribos laterais, além de outras peças que receberam pintura cinza, como rodas, retrovisores, grade superior dianteira e barras no teto. Há ainda faixas adesivas em preto fosco no capô e na tampa da caçamba, estas de gosto discutível...
Para acompanhar, o interior também ganhou acabamento preto. Isso inclui forração dos bancos, colunas e teto (o que agrada para o uso no trabalho por evitar mostrar sujeira), além dos logotipos. Adereços cromados deram lugar ao preto fosco ou cinza, como podemos observar na moldura da multimídia, saídas de ar, alças das portas e aro dos alto-falantes. Falando em multimídia, a Toro enfim recebe um sistema decente e com tela maior, de 7", além de contar com conexões Apple CarPlay e Android Auto. O recurso tem funcionamento rápido e intuitivo, além de uma boa resolução inclusive para a câmera de ré.
Compartilhando a plataforma com o Compass, a Toro é praticamente uma versão picape do Jeep. Isso inclui a carroceria monobloco bem rígida, a suspensão traseira independente e a direção elétrica leve e direta na medida certa. São características que a deixam praticamente com a mesma tocada do SUV, à exceção da suspensão um pouco mais firme na traseira - por conta da capacidade de levar até 650 kg.
Ao contrário das picapes médias, a Toro não é aquele pula-pula nos desníveis do asfalto, e supera confortavelmente toda a sorte de obstáculos urbanos - ou mesmo uma estradinha vicinal mais judiada, lembrando que a tração é somente dianteira nas versões flex (seja esta 1.8 ou a 2.4). A direção também é mais esperta que a de Hilux e companhia, enquanto a estabilidade é praticamente a mesma de um SUV médio. Com bom controle dos movimentos da carroceria, a Toro poderia ter até um controle de estabilidade mais permissivo. Os freios também são eficientes, segurando a picape em menos de 40 metros quando vindo a 100 km/h.
Embora tenha bom espaço para até quatro ocupantes (o quinto aperta), a Toro fica devendo em quantidade e tamanho de porta-objetos. O console central tem apenas um pequeno compartimento com tampa e um único porta-copos, faltando, por exemplo, um local para colocar o celular. O mesmo problema aparece nas portas, que têm os porta-mapas muito rasos e pequenos.
Fica como sugestão para reestilização a FCA fazer a mesma mudança que realizou no Renegade, abrindo espaço no console central, à frente da alavanca de câmbio. Também poderia adotar o freio de estacionamento eletrônico, o que também abriria espaço para pertences entre os bancos.
Ciente de que o motor 1.8 E-TorQ era limitado para a Toro, a Fiat agiu rápido e, na linha 2018, mexeu na parte eletrônica lançando mão de dois recursos: modo Sport, que muda a programação do câmbio e deixa o acelerador mais sensível, e o start-stop, que desliga o motor em paradas curtas para reduzir o consumo urbano. Parece pouco, mas fez diferença.
Claro que os 139 cv e 19,3 kgfm ainda são tímidos diante dos mais de 1.600 kg da picape, então ainda não dá para chamá-la de ágil - a aceleração de 0 a 100 km/h requer quase 14 segundos. Mas, ao menos no campo das sensações, a Toro me pareceu mais disposta nas saídas que o Renegade com o mesmo 1.8 que dirigi semanas atrás. Se você aprecia respostas mais vigorosas, no entanto, nem pense duas vezes: vá para a versão 2.4 flex ou para a 2.0 turbodiesel.
Se o desempenho ainda é um pouco "amarrado", o câmbio automático de 6 marchas agrada pelas trocas suaves e opções de mudanças manuais por borboletas no volante. O consumo também ficou em níveis aceitáveis: rodando com etanol, registramos médias de 6,5 km/litro na cidade e 9,6 km/litro na estrada.
No lançamento da Toro, em 2016, com R$ 116.500 você levava a versão topo de linha Volcano com motor 2.0 turbodiesel e tração 4x4. Já o modelo de entrada com motor 1.8 saía por R$ 75.000 iniciais. De lá para cá muita coisa mudou, e agora a Freedom não é mais a versão de acesso à gama - veio a Endurance para fazer esta função.
Acontece que, na linha 2020, a Toro Freedom 1.8 não sai por menos de 109.990 - e o pacote S-Design adiciona mais R$ 5 mil à conta. Além de não ser nada barata (uma S10 2.5 automática começa em R$ 123.990), trata-se de uma versão que não deverá ter vida longa. Explico: em 2021 a Toro receberá o novo motor 1.3 T4 turboflex da família Firefly, devendo manter o atual 1.8 somente na versão de entrada Endurance. Portanto, vale negociar desconto se você curtiu a Toro como mostrada aqui.
Fotos: autor
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.747 cm3, comando simples variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
135/139 cv a 5.750 rpm; Torque: 18,8/19,3 kgfm a 3.750 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e independente multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 16" com pneus 215/65 R16 |
FREIOS | discos sólidos na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
PESO | 1.619 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.915 mm, largura 1.844 mm, altura 1.680 mm, entre-eixos 2.990 mm |
CAPACIDADES | tanque 60 litros, caçamba 820 litros, 650 kg |
PREÇO | R$ 109.990 (R$ 114.990 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol) | ||
---|---|---|
Fiat Toro 1.8 Freedom | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,8 s | |
0 a 80 km/h | 9,4 s | |
0 a 100 km/h | 13,9 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 10,7 s | |
80 a 120 km/h em D | 10,5 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 39,4 m | |
80 km/h a 0 | 25,4 m | |
60 km/h a 0 | 15,1 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 6,5 km/l | |
Ciclo estrada | 9,6 km/l |
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