A estreia do novo Jetta no Brasil foi cercada de um bocado de expectativa e um tanto de frustração. Isso porque as primeiras versões que vieram, com o motor 1.4 TSI ligado ao câmbio Tiptronic e uma suspensão traseira por eixo de torção, perderam quase que totalmente a alma esportiva que era ligada ao sedã da VW - para se ter ideia, até mesmo as borboletas no volante foram suprimidas. Mas nem tudo está perdido para você que era entusiasta do antigo Jetta Highline, com motor 2.0 TFSI (primeiro com 200 cv e depois com 211 cv) e câmbio DSG de 6 marchas. Eis o novo Jetta GLI.
Junte as mudanças positivas desta nova geração (mais espaço e tecnologia) com diversos componentes do Golf GTI e temos um dos mais desejados lançamentos da marca alemã nos últimos anos. Pude presenciar a empolgação do público ao levar o "nosso" Jetta GLI para um encontro de donos de GTI (Gol, Golf e Parati), que logo cercaram o carro em busca de informações e, claro, muitas selfies.
GTI vs. GLI
Se você já viu um Jetta GLI da geração anterior no Brasil, saiba que ele "não existe". Na verdade, os proprietários do sedã importam as peças (para-choques, grade dianteira, spiolers e partes do interior) e instalam em seus Highline sem qualquer adaptação mecânica. A Volkswagen diz que ouviu esses consumidores e que isso ajudou a decidir pela importação (ele vem do México) da versão esportiva.
A receita é boa. Pegue o novo Jetta, com a plataforma MQB, e faça um transplante do Golf GTI. De lá vem o motor 2.0 TFSI com 230 cv e 35,7 kgfm de torque, o câmbio DSG (dupla embreagem) de 6 marchas e caixa banhada a óleo (DQ250, com capacidade para 40,8 kgfm) e a suspensão traseira multilink. Detalhes como o volante de três raios e pedaleiras em alumínio também são as mesmas do hatch.
Enquanto o GTI (de Gran Turismo Injection) é realmente focado na esportividade, o GLI (Gran Luxury Injection) precisa ser jogar em dois times. Ao mesmo tempo em que precisa ser emocional, tem que entregar o conforto e a tecnologia que os donos de sedãs procuram.
Mas o Jetta GLI não é simplesmente um GTI com porta-malas saliente. Começamos pelo interior, com desenho mais moderno e que já traz a central multimídia de 8" em posição voltada ao motorista, passando pelo painel de instrumentos com tela TFT de segunda geração, como encontramos no Polo e Virtus, mais completo e com mais possibilidades de visualização que o do Golf. Podemos seguir com a cabine mais espaçosa, principalmente no banco traseiro, com os 2,68 m de entre-eixos, além do porta-malas de 510 litros. Só ficaram faltando a saída de ar traseira e o acabamento na parte traseira da base das janelas, que deixa a carroceria à mostra.
Ainda em relação ao GTI, não há os "pipocos" do escape nas trocas de marchas, mas o controle de largada está lá, e a suspensão independente na traseira tomou o lugar do eixo rígido das versões com o 1.4 TSI. As rodas são de 18" com pneus 225/45, um perfil baixo o suficiente para não dobrar nas curvas e ainda ter alguma "margem" de amortecimento nos buracos.
A primeira coisa que se percebe de diferente no GLI para os demais Jetta é a suspensão mais firme. Ainda é mais suave que a do Golf GTI, mas transmite bem mais os solavancos para os ocupantes e é preciso um pouco mais de cuidado na hora de passar por remendos do asfalto e tampas de bueiro. Mas isso faz parte do tempero esportivo.
"Obrigado" pelo teste de consumo (que registrou médias de 10,1 e 15,1 km/litro na cidade e estrada, respectivamente), deixei o GLI no modo Eco por alguns dias. Mesmo com o câmbio DSG fazendo as trocas de marchas bem cedo, quase antes do turbo colocar pressão positiva para dentro do motor, o 2.0 TSI responde a contento. Silencioso e calmo, ele se comporta quase como o Jetta R-Line. Até a direção fica leve e dá para curtir o sistema de som assinado pela Beats (que não se aproxima de um Bose, por exemplo, mas já tem qualidade melhor que o original). Aos que gostam de artimanhas, a iluminação interna varia entre azul, branco e vermelha, dependendo do modo de condução selecionado.
Mas o melhor fica para quando não estamos preocupados com o consumo. No modo Sport, um emulador joga o ronco do motor dentro do carro, manda o câmbio para o Sport (com trocas em rotações mais altas e rápidas) e adiciona peso e comunicação na direção. O entre-eixos maior que o do Golf (2.631 vs. 2.680 mm) não atrapalha o ataque das estreitas e fechadas curvas da Estradas dos Romeiros e a caixa de direção elétrica variável coloca as rodas dianteiras onde queremos com apenas um toque no volante. Já o diferencial blocante não deixa as rodas patinarem e ainda puxam a frente para dentro da tangente, facilitando o contorno das curvas. A traseira tem uma leve tendência de saída, apontando a dianteira para a parte interna da curva, mas nada que fique perigoso ou que o controle de estabilidade não possa corrigir numa boa. A carroceria, apesar da suspensão mais confortável que a do Golf, inclina bem pouco.
Até mesmo na cidade é difícil segurar os ânimos do Jetta GLI. Quando se vê, você já está costurando o trânsito e só esperando um "oponente" no semáforo (não que eu tenha feito isso, claro). Na pista, o controle de largada ajudou o Jetta GLI a acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 6,4 segundos, número animador ao lado das retomadas feitas na casa dos 4 segundos. A frenagem também foi digna de esportivos, com pedal firme e somente 35,8 metros no 100 a 0 km/h, graças aos discos de 312 mm (288 mm no 1.4) na dianteira e 300 mm (272 mm no 1.4) na traseira.
Adeus, Golf?
O Jetta GLI tinha a promessa (cumprida) de custar menos que o GTI. O preço de R$ 144.990 (o teto-solar custa R$ 4.990 a mais e é o único opcional) já inclui sistema de som Beats, piloto automático adaptativo, painel digital, sistema multimídia com espelhamento via Apple CarPlay e Android Auto, seis airbags, controles de tração e estabilidade (que podem ser colocados no modo Sport, menos atuantes), ar-condicionado de duas zonas, banco do motorista elétrico com memória e aquecimento e ventilação para os dois dianteiros, farol alto automático com luzes de LED e até tapetes com a inscrição GLI em uma discreta etiqueta.
Ou seja, estamos falando de um carro que é R$ 6.540 mais barato que o Golf GTI básico, que chega a R$ 172.500 para ter o mesmo pacote do Jetta GLI (e ainda faltar alguns itens). O sedã chega a R$ 149.980 com teto-solar.
Não que isso irá matar o Golf GTI, mas sim dar uma opção aos que procuram um carro de uso misto, com esportividade, conforto e maior espaço interno. O GTI é ainda mais puro e divertido em alguns aspectos, mas é mais caro e menos equipado. Para os fãs do sedã, a melhor notícia é que agora o Jetta está de volta.
Fotos: divulgação e Gear Fotografia
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.984 cm3, duplo comando, injeção direta e indireta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
230 cv de 4.700 a 6.200 rpm; 35,7 kgfm de 1.500 a 4.600 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automatizado de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 18" com pneus 225/45 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.432 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.709 mm, largura 1.799 mm, altura 1.478 mm, entre-eixos 2.680 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 510 litros, tanque 50 litros |
PREÇO | R$ 144.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
VW Jetta 2.0 TSI | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,5 s | |
0 a 80 km/h | 4,8 s | |
0 a 100 km/h | 6,4 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 4,3 s | |
80 a 120 km/h em S | 3,8 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 35,8 m | |
80 km/h a 0 | 22,9 m | |
60 km/h a 0 | 12,9 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 10,1 km/l | |
Ciclo estrada | 15,1 km/l |
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