A décima geração do Civic chegou ao Brasil em 2017 fazendo revoluções: uma no design, bem mais arrojado que o antecessor, e outra na estreia da versão Touring, que colocou o sedã médio numa seara de preços de modelos maiores. Como exclusividade, ele trazia o motor 1.5 turbo e uma série de equipamentos para diferenciá-lo dos modelos 2.0. Passados dois anos, ele continua o Civic mais desejado. Mas vale os R$ 128.900 cobrados pela Honda? Confira nosso prós e contras!
O motor sobrealimentado é a principal razão de ser do Civic Touring. Com turbo e injeção direta, o 1.5 litro até que não abre tanta vantagem do 2.0 aspirado nos números (173 cv contra 155 cv e 22,4 kgfm contra 19,5 kgfm), mas na prática ele deixa o sedã muito mais rápido (além de ter um roquinho mais nervoso em altos giros). A aceleração de 0 a 100 km/h, por exemplo, levou apenas 7,6 segundos e a retomada de 80 a 120 km/h consumiu somente 5,1 segundos - garantia de saídas e ultrapassagens fáceis. O câmbio automático CVT também faz sua parte: extrai o melhor do motor quando exigido e o faz trabalhar sossegado em velocidade de cruzeiro, com cerca de 2,1 mil rpm a 120 km/h. O resultado foram médias de consumo animadoras, com 12,6 km/litro na cidade e 16,8 km/litro na estrada, lembrando que o 1.5 turbo só bebe gasolina.
O Civic "G10" trouxe evoluções em termos técnicos, como um sub-chassi mais rígido na traseira, onde vai montada a suspensão multilink, para maior estabilidade lateral. Também há buchas hidráulicas na suspensão (dianteira e traseira nesta versão Touring), enquanto a direção elétrica ganhou relação variável, ou seja, fica mais rápida em baixas velocidades e menos nervosa na estrada. Para completar, a carroceria ficou 25% mais rígida e 22 kg mais leve que a geração anterior. O resultado, na prática, é o melhor sedã nacional para quem curte dirigir. O Civic tem resposta afiada da direção, muito ágil em curvas fechadas, e uma suspensão que controla muito bem os movimentos da carroceria ao mesmo tempo em que roda macio em pisos ruins. O CVT tira um pouco da sensação de torque, mas os modos esportivo e manual pelas borboletas resolvem quando a gente procura um pouco mais de diversão.
Para diferenciar o Touring dos demais Civics, a Honda foi além do motor. Há equipamentos exclusivos como o Lane Watch (foto acima), que consiste numa câmera no retrovisor direito que mostra a imagem na multimídia toda vez que damos a seta para aquele lado (ou ao apertar o botão na ponta da alavanca de seta). Também só esta versão vem com teto solar, faróis Full LED e bancos dianteiros com ajustes elétricos, além da chave presencial e partida por botão.
Este ponto é polêmico. Afinal, você pode alegar (com razão) que o consumo do Civic 1.5 turbo é muito bom e compensa o fato de ele beber somente gasolina. Pode ser, mas a verdade é que desde 2017 a Honda promete flexibilizar esse propulsor, que ainda é importado do Japão. Devido ao baixo volume de vendas, porém, ainda não foi adotada a injeção flex. Peca então por não ter a opção de abastecer com o etanol, produto nacional e teoricamente menos sensível às flutuações internacionais de preço do petróleo. Sem falar no fato de ser um combustível limpo e renovável.
A única novidade do Civic 2019 é a cor Azul Cósmico do carro testado - que, aliás, é muito bonita ao vivo. Mas, exceto pelos faróis de LED e pelo logotipo "Turbo" na traseira, além da dupla saída de escape, a versão Touring é praticamente igual às 2.0 intermediárias. Poderia haver pelo menos um jogo de rodas com desenho exclusivo para diferenciar o modelo mais caro. E o mesmo vale para a cabine, que tem basicamente o mesmo acabamento das versões EX e EXL,e também fica devendo uma simples saída de ar para o banco traseiro.
Ainda que seja o Civic mais caro, o Touring já teve diferença maior em relação às versões 2.0. Hoje, a EXL sai por R$ 110.000, exatamente R$ 18.900 a menos que o modelo turbinado. Além do motor, como já comentado, o Civic Touring vem mais equipado. Mas ainda assim faltam alguns itens, principalmente o pacote Honda Sensing de segurança, oferecido nos EUA e que inclui frenagem automática de emergência e piloto automático adaptativo - no Brasil, o único Honda a ter esse sistema é sedã grande Accord. Se bem que, comparado aos R$ 139.900 que a marca está pedindo no novo HR-V Touring com esse motor turbo, até que o Civic ficou "barato".
FICHA TÉCNICA | HONDA CIVIC TOURING |
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.498 cm3, turbo, injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 173 cv a 5.500 rpm; 22,4 kgfm de 1.700 a 5.500 rpm |
TRANSMISSÃO | Automática CVT com simulação de 7 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO |
independente McPherson na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 17" com pneus 215/50 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.326 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.637 mm, largura 1.800 mm, altura 1.433 mm, entre-eixos 2.700 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 519 litros; tanque 56 litros |
PREÇO |
R$ 128.900 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Honda Civic Touring | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,7 s | |
0 a 80 km/h | 5,4 s | |
0 a 100 km/h | 7,6 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 5,5 s | |
80 a 120 km/h em S | 5,1 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 40,2 m | |
80 km/h a 0 | 25,6 m | |
60 km/h a 0 | 14,2 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 12,6 km/l | |
Ciclo estrada | 16,8 km/l |
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