Se a Chery era uma marca praticamente apagada no Brasil, mesmo tendo fábrica em Jacareí (SP), o cenário mudou radicalmente após o grupo Caoa comprar a maior parte da operação nacional. Isso aconteceu há cerca de um ano, e o fôlego que a marca ganhou em 2018 é um daqueles casos que merecem ser estudados.
Tudo começou com o Tiggo 2, um crossover derivado do antigo Celer, que passará das 5 mil unidades emplacadas em 2018. A segunda fase vem agora, com o sedã Arrizo 5 e o SUV compacto Tiggo 5x, ambos mostrados no Salão do Automóvel e que virão acompanhados de novas concessionárias e melhorias no pós-vendas. Tivemos um breve contato com ambos na pista de testes da Caoa em Anápolis (GO).
Em outubro, pouco antes do Salão, a marca já tinha mostrado o Arrizo 5 à imprensa. Produzido em Jacareí (SP) ao lado do Tiggo 2 e QQ, o sedã teve a primazia do motor 1.5 turbo da marca, importado da China, mas adaptado para rodar com gasolina brasileira e etanol em qualquer proporção (flex). Turbo, sim, mas ainda sem injeção direta, tecnologia que contribui principalmente para a economia de combustível.
Durante o primeiro contato, ainda em outubro, o sedã havia agradado pelo design proporcional e construção que mostra uma visível evolução ao que já foram os chineses. Mesmo assim, ainda precisa melhorar o alinhamento de algumas peças, como portas e capô, para enfrentar de igual para igual o VW Virtus e o Fiat Cronos em termos de qualidade de construção. Por outro lado, o espaço interno é bom, mesmo para quatro adultos, principalmente para as pernas na segunda fileira.
Neste segundo contato vamos analisar rapidamente motor, câmbio e suspensão. Com a ausência da regulagem de profundidade da coluna de direção, foi complicado achar uma boa posição de dirigir, além do painel de instrumentos quase sumir nos reflexos do sol de Goiás. Câmbio no D, hora de ver como se comportam os 150 cv e 19,4 kgfm de torque do 1.5 turbo em conjunto com o CVT que pode simular sete marchas.
O primeiro incômodo aparece no acelerador. Há um delay entre o acelerar e a resposta do carro, o que parece ser mais "culpa" do câmbio que do motor em si (vou falar o motivo mais abaixo), mas, depois disso, o sedã desenvolve bem. O instrutor permitiu que chegássemos apenas aos 100 km/h, algo que o Arrizo faz rapidamente, ao menos com somente duas pessoas.
A direção é leve e responde bem em mudanças de trajetórias, mas a suspensão aparenta ter comportamento parecido com a do Hyundai HB20S. Quando carregado, o fim de curso principalmente na traseira estará presente - ao menos é a impressão que ele passou com duas pessoas a bordo. Confirmar isso, apenas com um teste completo nas ruas. Os freios também chamaram a atenção, com pedal baixo para acionar o sistema, e uma tendência de saída de traseira em frenagem de emergência no molhado.
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O SUV parece mais pronto para o mercado que o Arrizo 5. Sua produção é feita em Anápolis (GO), ao lado dos Hyundai Ix35 e New Tucson. Ou seja, é feito junto com duas referências entre os SUVs e não há como negar que ele se aproveitou da estrutura da fábrica deles para ser o melhor modelo da marca chinesa por aqui.
Primeiro, o acabamento é até superior ao de alguns concorrentes do segmento, com montagem correta e bom gosto na escolha de materiais. Peca em alguns alinhamentos de peças, como o Arrizo 5, mas só os mais exigentes perceberão isso. O volante dividirá opiniões, mas o painel com a tela central compensará - pena que também sofre com o reflexo da luminosidade externa e fica ruim de visualizar.
Apesar do mesmo motor, há 2 kgfm a mais de torque no SUV. Pode parecer pouco, mas a relação de peso/torque já fica mais vantajosa que no sedã (66,5 kg/kgfm contra 69,5 kg/kgfm). Então o SUV se revela naturalmente mais disposto que o Arrizo 5, e o câmbio de dupla embreagem amplia esta vantagem, sem o delay que senti no seu companheiro de loja.
O Tiggo 5x exibe bom fôlego nas acelerações, com trocas de marcha rápidas e sem trancos. Com ele, consegui abusar um pouco mais nas mudanças rápidas de trajetórias, e vi que responde bem para sua altura do solo. Outra diferença para o Arrizo 5 é a suspensão traseira independente - algo que a maioria de seus oponentes não possui. A observação fica apenas para o mesmo comportamento nos freios, com a traseira "solta" em emergências.
Após este rápido contato, ficou a impressão de que o Arrizo ainda precisa de algumas melhorias para se dar bem num segmento tão competitivo. Já o Tiggo 5x está mais próximo dos oponentes e pode se tornar uma boa opção no segmento. Algo que só poderemos confirmar num futuro teste completo, caso a marca disponha de uma frota de imprensa.
Fotos: divulgação
Tiggo 5x | Arrizo 5 | |
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.496 cm3, turbo, flex | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.496 cm3, turbo, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 147/150 cv a 5.500 rpm; 21,4 kgfm a 4.000 rpm | 147/150 cv a 5.500 rpm; 19,4 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automatizado de dupla embreagem com seis marchas, tração dianteira | câmbio CVT com simulação de sete marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multlink na traseira | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 18" com pneus 225/55 R18 | liga-leve aro 17" com pneus 205/50 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.424 kg em ordem de marcha | 1.348 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.338 mm, largura 1.830 mm, altura 1.645 mm, entre-eixos 2.630 mm | comprimento 4.532 mm, largura 1.814 mm, altura 1.487 mm, entre-eixos 2.650 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 340 litros, tanque 57 litros | porta-malas 430 litros, tanque 48 litros |
PREÇO | R$ 96.990 | R$ 72.990 |
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