Não precisava ser um gênio de marketing para perceber que havia um buraco da gama do VW Polo no Brasil. Para se ter o desejado câmbio automático, por exemplo, era preciso levar a versão Comfortline 1.0 TSI que custa R$ 68.120. Por outro lado, quem ficasse com a 1.6 MSI (R$ 57.190) era obrigado a ter câmbio manual e ajustar os retrovisores manualmente pelas alavanquinhas internas.
O carro das fotos resolve a questão: é o novo Polo 1.6 MSI automático, que chegou na linha 2019 com basicamente a mesma transmissão Tiptronic do modelo TSI (que usa uma versão da caixa que aguenta mais torque) e, enfim, os retrovisores elétricos. O preço é de R$ 62.690, uma diferença de R$ 5.430 para o 1.0 turbinado. E as vantagens (e desvantagens) não se resumem ao custo menor.
A escolha pelo Polo 1.6 MSI automático é baseada, a princípio, pelo lado financeiro. É possível, por exemplo, pagar o IPVA e o seguro com o que ele custa a menos que o 1.0 TSI. Ao rodarmos pela cidade e estrada, também notamos algumas coisas curiosas: o entendimento entre o câmbio AQ-160 e o motor 1.6 MSI, de até 117 cv, é melhor que no propulsor turbo. Talvez pelo fato de ambos serem contemporâneos, o fato é que eles trabalham em boa parceria, tanto no que diz respeito à suavidade de funcionamento quanto na escolha do momento das passagens. No 1.0 TSI, são evidentes os trancos nas trocas de algumas marchas, em especial de primeira para segunda, no trânsito em baixa velocidade.
O menor torque do 1.6 (16,5 kgfm) e o fato de estar disponível em uma rotação mais alta (4.000 rpm) deixa a condução tranquila e bem diferente do 1.0 TSI, que entrega toda sua força logo em baixos giros (20,4 kgfm a 2.000 rpm). Uma pena que o público brasileiro tenha rechaçado as transmissões de dupla embreagem em segmentos mais acessíveis (em virtude de algumas caixas problemáticas), pois o ideal seria ter o 1.0 TSI ligado ao câmbio DSG, como acontece na Europa. Voltando ao Polo 1.6, a condução suave é favorecida também pelo motor de quatro cilindros, que vibra menos que o 1.0 tricilíndrico (por melhor que ele seja neste aspecto) e é bastante silencioso.
O desempenho, porém, está longe de empolgar. Com 12,6 segundos na aceleração de 0 a 100 km/h, de acordo com nosso teste instrumentado, o Polo 1.6 AT ficou a uma eternidade do 1.0 TSI (que fez 9,7 s na mesma prova) e atrás inclusive do Gol 1.6 AT (11,2 s), que usa o mesmo conjunto mecânico. Isto é, a nova versão intermediária se destina a um público que não tem pressa, quer apenas o conforto de não ter de mudar as marchas. Talvez por isso, também não espere pelas borboletas do câmbio no volante, porque elas não são oferecidas nem como opcional. Já quanto ao consumo, nossas médias aferidas foram de 7,8 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada (contra 8,5 e 12,1 km/l do TSI), sempre com etanol.
Em termos dinâmicos, o Polo 1.6 AT mantém a tocada da versão manual, com suspensão macia e direção (elétrica) com boa comunicação. É bem mais confortável que o Gol, por exemplo, tanto em termos de absorção de impactos quanto na leveza do volante (o Gol ainda tem assistência hidráulica). Um senão ficou por conta dos freios, com resultado bem inferior ao do Polo TSI (que tem discos nas quatro rodas e discos maiores na dianteira) e ao próprio Gol no teste de frenagem: longos 44,2 metros quando vindo a 100 km/h, contra 41,6 metros do modelo TSI. Vale lembrar também que no Polo 1.6 o controle de estabilidade é um opcional de R$ 1.381, enquanto que no TSI o item vem de série.
Por dentro, a simplicidade incomoda por se tratar de um compacto "premium". Esta versão usa acabamento preto fosco no painel e a coluna de direção é fixa, sem poder ajustar nem a altura do volante. Ao menos a posição de dirigir é muito boa e o banco é bem mais cômodo que o do Gol, por exemplo. Opcionais incluem os retrovisores elétricos, rodas de liga aro 15", sensor de estacionamento traseiro e a central multimídia Composition Touch, com tela táctil de 6,5. Completo como o carro testado, porém, o Polo 1.6 AT custa R$ 67.486 e perde o sentido por ficar muito próximo do 1.0 TSI.
Então ficamos assim: o Polo 1.6 automático agrada no uso urbano e resolve o gap que havia na composição da gama, mas sua compra depende de alguns fatores: não querer o motor 1.0 turbo, optar pela versão básica ou negociar um bom desconto no modelo com os opcionais na concessionária.
Fotos: autor/Motor1.com
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.598 cm3, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
110/117 cv a 5.750 rpm; 15,8/16,5 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 15" com pneus 185/65 R15 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
PESO | 1.103 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.057 mm, largura 1.751 mm, altura 1.468 mm, entre-eixos 2.565 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 300 litros, tanque 52 litros |
PREÇO | R$ 62.690 (R$ 67.486 no carro testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Polo 1.6 AT | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,5 s | |
0 a 80 km/h | 8,6 s | |
0 a 100 km/h | 12,6 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 9,8 s | |
80 a 120 km/h em S | 8,7 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 44,2 m | |
80 km/h a 0 | 27,7 m | |
60 km/h a 0 | 15,5 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 7,8 km/l | |
Ciclo estrada | 12,6 km/l |
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