Nenhuma marca aposta tanto nas motos clássicas quanto a Triumph. Embora ainda seja um mercado de vendas tímidas no Brasil, o segmento está em alta na Europa e começa a ganhar mais adeptos por aqui. Afinal, por baixo do desenho retrô estão motos de tecnologia atual e, o melhor, muito boas de pilotar. Sem falar no fato de que elas não são visadas para roubo, o que ajuda a manter o valor do seguro em níveis civilizados. Assim é a nova versão Black da Bonneville T120, que adiciona visual mais "bandido" à conhecida Bonnie. Também é a primeira vez que fazemos uma avaliação mais completa da Bonneville com motor 1.200, com novo chassi e mais eletrônica. 

Antes de falar como é pilotá-la, vamos aos destalhes específicos da Black. Como você já deve ter reparado pelas fotos, ela tem pintura fosca (que pode ser essa cinza da moto avaliada ou preta) e detalhes pretos como hastes dos espelhos, protetor de escape e rodas. Já a cobertura do motor, também preta, conta com detalhe em alumínio, enquanto o banco de couro é na cor marrom, ainda mais clássico. No geral, o legal da Black é ter um estilo mais jovem numa moto clássica, sem precisar pagar nada a mais por isso: ela custa o mesmo da Bonneville tradicional, tabelada a R$ 47.490. 

Triumph Bonneville T120 Black
Triumph Bonneville T120 Black

Modelo topo de linha das clássicas da Triumph, a Bonnie 1.200 traz basicamente o mesmo pacote de itens de tecnologia de uma moto moderna. Além dos freios ABS, vem com controle de tração, embreagem assistida e deslizante, lanterna de LED e acelerador eletrônico com dois modos de pilotagem (estrada e chuva). Equipamentos de conveniência incluem entrada USB 9sob o banco) e aquecimento das manoplas. O painel segue a linha vintage com dois visores circulares analógicos, onde ficam velocímetro e conta-giros. Mas os pequenos visores digitais (um dentro de cada círculo) adicionam uma série de informações, como nível de combustível, autonomia, relógio, consumo (médio e instantâneo) e indicador de marcha, entre outros.

Outra evolução da Bonneville está no motor. Manteve a configuração de dois cilindros, mas o antigo 900 cc deu lugar a um 1.200 de 8 válvulas com 270 graus de intervalo de acionamento, que produz alto torque e um ronco abafado e grave. Se os 80 cv de potência não empolgam pela cilindrada, os 10,7 kgfm de torque empurram a moto com vontade nas acelerações e retomadas. Já o câmbio de 6 marchas tem engates suaves e escalonamento longo, mas na medida para aproveitar a força do propulsor. 

Pesando 224 kg a seco, a Bonnie Black não é das motos mais leves, mas, uma vez em movimento, percebemos que sua tocada é bastante suave. A embreagem assistida é levinha e o acelerador eletrônico tem resposta suave, mesmo no modo estrada (fica ainda mais manso no modo chuva). Em relação à antiga Bonneville 900, a nova é mais forte e, ao mesmo tempo, mais fácil de pilotar. Para o garupa, a vida mudou pouco. O banco tem espaço razoável e a posição é boa, além de contar com a alça para segurar na traseira. Na cidade, a 1.200 é estreita o suficiente para passar sem problemas no corredor, porém, o motor esquenta as pernas no trânsito engarrafado e o guidão esterça pouco. Mas nada que comprometa seu uso diário. 

Triumph Bonneville T120 Black
Triumph Bonneville T120 Black

É na estrada, porém, que essa clássica se sente mais viva. O motorzão 1.200 é de baixo giro, se assemelhando ao de um carro. A 120 km/h em sexta marcha, por exemplo, são cerca de 3.100 rpm. Isso permite encarar longas horas de viagem sem estresse, e ainda com baixo consumo. Em nossa avaliação, mesclando cidade e estrada, obtivemos média de 19,2 km/l - muito boa para uma 1.200. Vale dizer, no entanto, que apesar da boa força disponível para saídas de pedágio fortes e ultrapassagens fáceis, a Bonnie não tem vocação para correr. Falta proteção aerodinâmica adequada e os freios, apesar de ter discos duplos na dianteira e simples na traseira, exigem força para conter o peso desta clássica quando em velocidade elevada. 

Em trechos sinuosos, novamente a Bonnie vai melhor a passeio do que correndo. Não que falte estabilidade, o lance é mais sobre o peso, o que limita um pouco sua agilidade para mudar de direção. As suspensões são triviais, com garfos de 41 mm na dianteira e bi-amortecida na traseira, com 120 mm de curso em ambas. É boa na tarefa de não deixar a moto oscilar nas curvas e ondulações do piso, mas não é das melhores na absorção de impactos. Ou seja, é uma moto "durinha".   

Triumph Bonneville T120 Black

Com design que remete diretamente aos anos 1960, a nova Bonneville mantém a pegada da antecessora 900, mas com uma pilotagem mais agradável e divertida, sem falar no torque 54% superior do motor 1.200. Para quem gosta do estilo, é sem dúvida uma das melhores clássicas que se pode comprar com até R$ 50 mil. Ah, e eu não teria dúvidas sobre levar esta versão Black, especialmente nesta cor cinza. É moto para admirar tanto rodando quanto parada. 

Fotos: autor

Ficha Técnica Triumph Bonneville T120 Black 

Motor 2 cilindros, 4 tempos, arrefecido a líquido, 4 válvulas, SOHC
Capacidade cúbica 1.200 cc
Diâmetro X Curso 97,6 mm x 80 mm
Taxa de compressão 10,0:1
Sistema de partida Elétrica
Bateria 12V – 8 Ah
Sistema de Ignição Eletrônica
Tipo de combustível Gasolina
Capacidade do tanque de combustível 14,5 litros
Alimentação Injeção Eletrônica
Torque máximo 10,7 kgfm a 3.100 rpm
Potência máxima 80 cv a 6.550 rpm
Transmissão 6 marchas
Embreagem Multidisco em banho de óleo
Transmissão final Corrente
Tipo de chassi Estrutura tubular de aço
Pneu dianteiro 100/90 R18
Pneu traseiro 150/70 R17
Freio dianteiro Disco duplo de 310 mm com ABS
Freio traseiro Disco simples de 255 mm com ABS
Comprimento total - mm
Altura total 1.125 mm (sem espelhos)
Altura do assento 785 mm
Trail 105.2 mm
Rake -
Peso  224 kg (seco)
Distância entre eixos 1.445 mm
Suspensão dianteira Garfo KYB de cartucho 41 mm, curso de 120 mm
Suspensão traseira “Twin shock” KYB com ajuste de pré-carga, curso de 120 mm
Consumo (aferido) 19,2 km/l
Velocidade máxima (dado de fábrica) - km/h
Cores cinza ou preta

Galeria: Triumph Bonneville T120 Black avaliação BR

Foto de: Redação
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