Teste Instrumentado - Renault Duster 1.6 CVT é mais honesto que o Captur
Combinação do 1.6 com câmbio CVT é a melhor mecânica do SUV compacto, sem cobrar demais por isso
Volta e meia, em conversas com colegas do setor, definimos um carro como “honesto”. Ele não é dos melhores, mas cumpre bem seu papel e não cobra tanto quanto alguns rivais. Com câmbio CVT e o novo motor 1.6 SCe, o Renault Duster se encaixa exatamente nesta classificação. É mais barato do que o Captur com o mesmo conjunto mecânico e, de quebra, anda melhor. Mais do que isso, essa mecânica é a melhor disponível para modelo.
Isso é bom para o Duster, já que a estratégia da Renault de criar um produto mais caro e estiloso (Captur) fez com que suas vendas caíssem bastante. O modelo com design mais quadrado deveria ser o SUV de entrada da marca, enquanto o Captur seria mais refinado. Só que ambos são tão parecidos mecanicamente que as diferenças ficam restritas ao visual, além de alguns poucos equipamentos e os preços. Quem não se preocupar tanto com o design e quiser economizar pode escolher o Duster no lugar do Captur - e se dar bem.
O que é?
O Duster nacional ainda está em sua primeira geração – a segunda foi revelada no final de 2017 e deve chegar ao Brasil só em 2019. Tem formato mais angular e parece ser robusto por causa de seus traços e sua largura. A novidade da linha 2017 foi a adição do câmbio CVT, combinado ao motor 1.6 SCe. Este conjunto mecânico havia estreado no Captur poucos meses antes e aproveita o know-how adquirido pelo Nissan Kicks, que também usa o CVT.
Passa a ser a opção mais barata para quem quiser o SUV da Renault com algum tipo de câmbio automático. A outra versão disponível é a 2.0, mas ela usa a velha transmissão automática de 4 marchas. Até então, quem quisesse o Duster 1.6 só poderia adquiri-lo na versão manual. Essa transmissão CVT foi desenvolvida pela Nissan e, no futuro, irá equipar também a dupla Sandero e Logan.
Como anda?
Normalmente, quando falamos em CVT, logo associamos com aquela barulheira do motor ao pisarmos fundo. Como a transmissão criada da Nissan simula 6 marchas, acaba ficando mais silencioso, já que evita deixar o motor em giros muito altos. Isso faz com que o Duster 1.6 CVT seja a opção automática mais agradável de andar, sem deixar nenhuma saudade do 2.0 automático de 4 marchas. Ele é bem ajustado para trabalhar com o motor 1.6 de 120 cv a 5.500 rpm e 16,2 kgfm a 4.000 rpm.
Também é melhor do que o Captur 1.6 CVT. Como o Duster pesa 1.240 kg, 48 kg a menos do que o Captur, ele mostra um pouco mais de agilidade e seu consumo é mais racional. Em nosso teste, ele manteve a média de 7,8 km/l na cidade, abastecido com etanol. Na estrada, o rendimento pula para 10,5 km/l. Em comparação, o Captur com a mesma mecânica registrou 7,1 km/l e 10 km/l, respectivamente, mas mesmas medições.
Não que isso signifique que o Duster é uma maravilha. Ele levou 13,7 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, o que faz com que seja o penúltimo entre os SUVs compactos automáticos que já passaram pelo nosso teste instrumentado (à frente justamente do Captur, com 14,2 s). Fica claro que é mais voltado para conforto do que para o desempenho. Dirigindo normalmente, ele finge trocar de marcha para manter o motor em 2.500 rpm, só passando disso ao pisar fundo. Em uma situação de subida e pé embaixo, pode segurar os giros em até 5.000 rpm.
Tirando o novo câmbio, ainda é o velho Duster que conhecemos. A ergonomia, por exemplo, é das piores. Mesmo com o banco na posição mais baixa possível, ainda parece que estamos em uma picape na comparação com outros carros. O volante, sem ajuste de profundidade, fica longe do motorista - e o ajuste de altura faz ele despencar quando liberamos a trava. A tela da central multimídia é tão baixa que fica na mesma altura que os joelhos, atrapalhando quando vamos olhar para as orientações do GPS, pois desviamos o olhar da estrada. Por fim, os comandos dos vidros elétricos ficam atrás do puxador da porta do motorista, levando o braço a uma posição desconfortável para acioná-los.
Mas o Duster também manteve algumas virtudes. É um dos SUVs compactos de maior vão livre, então dificilmente aparece alguma valeta ou lombada que faça o carro raspar a parte de baixo. Macio ao rodar, a suspensão oferece bom nível de conforto, embora ainda faça alguns barulhos enquanto trabalha para absorver os impactos. A direção eletro-hidráulica tem um ajuste regular, um pouco firme em baixa velocidade. Mas, por ter pneus mais estreitos que os do Captur, ela não dá tantos golpes. Largo, entrega amplo espaço interno e o porta-malas é de 470 litros, um dos melhores do segmento.
A lista de equipamentos agrada na maior parte. Oferece controles para a multimídia no volante, só que fica em uma haste dedicada atrás da direção. Tem controle de velocidade, só que o botão para ativar está no painel central, debaixo da tela. Ao menos o controle de estabilidade é item de série.
Quanto custa?
Na versão Expression, o Duster 1.6 CVT custa R$ 75.490, mas vem um pouco pobre em equipamentos. Tem ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, vidros elétricos nas quatro portas, banco do motorista com ajuste de altura, rádio com conexão Bluetooth e controle por haste na coluna de direção, controle de tração e estabilidade e luzes diurnas em LED.
A versão topo de linha é a Dynamique aqui avaliada, por R$ 81.490. Adiciona computador de bordo, retrovisores laterais com ajuste elétrico, função Eco Mode, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, central multimídia com tela de 7” e navegação por GPS, e controle de cruzeiro. A carroceria ganha detalhes cromados, como na barra dianteira e no rack do teto.
Mesmo completo, o Duster Dynamique 1.6 CVT ainda é mais barato do que um Captur Zen (versão de entrada) com a mesma motorização, vendido por R$ 86.450 - uma diferença de R$ 4.960. Se comparar com a versão topo de linha, a diferença de preços sobe para R$ 8.460. A única vantagem do irmão bonitão é ser mais seguro, por vir com airbags laterais, que não são oferecidos no Duster nem como opcionais. Até porque, se ainda fosse mais seguro do que o Captur, faria com que o modelo mais caro perdesse todo o apelo...
Ficha técnica - Renault Duster 1.6 CVT Dynamique
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.597 cm³, comando duplo no cabeçote, coletor variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
120/118 cv a 5.500; Torque: 16,2 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático do tipo CVT; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 16" com pneus 205/60 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS |
PESO | 1.240 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.329 mm, largura 1.822 mm, altura 1.683 mm, entre-eixos 2.674 mm |
CAPACIDADES | tanque 50 litros, porta-malas 475 litros |
PREÇO | R$ 81.490 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
DUSTER 1.6 CVT | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 6,0 s | |
0 a 80 km/h | 9,2 s | |
0 a 100 km/h | 13,7 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 10,6 s | |
80 a 120 km/h em D | 11,1 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 39,9 m | |
80 km/h a 0 | 25,3 m | |
60 km/h a 0 | 14,3 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 7,8 km/l | |
Ciclo estrada | 10,5 km/l |
Galeria: Renault Duster 1.6 CVT
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