Nos últimos meses, o Renault Sandero começou a figurar em posição de destaque entre os carros mais vendidos do país. Depois de tantos anos de mercado, enfim ele se posiciona na faixa de cima da tabela, inclusive fechando junho como o terceiro mais vendido e, até então, o quarto no acumulado de 2017. Atendendo aos pedidos de vocês, leitores, colocamos a versão Expression com o novo motor 1.0 SCe na pista de testes. Será que ele justifica a subida nas vendas no dia a dia?
No fim de 2016, a Renault apresentou uma nova família de motores, a SCe (Smart Control Efficiency), composta pelo 1.6 de 4 cilindros e este 1.0 de 3 cilindros que equipa Sandero e Logan. Moderno, trouxe ao cofre da dupla o cabeçote com 12V, duplo comando de válvulas variável, radiador de óleo, bicos injetores posicionados no cabeçote (diferente da injeção direta) e distribuição por corrente. Produz 79/82 cv a 6.300 rpm e 10,2/10,5 kgfm de torque a 3.500 rpm, com boa parte da entrega antes dos 2.500 giros.
Para acompanhar, o Sandero recebeu direção eletro-hidráulica (sistema hidráulico com motor elétrico para tocar a bomba), alternador pilotado (que só recarrega a bateria quando necessário) e câmbio por cabos, mais preciso, silencioso e suave que o antigo a varão. E só. Nada de mudanças visuais.
Já testamos o Logan 1.6 SCe no começo de 2017. Mas a grande estrela, o Sandero 1.0, só teve agenda para um teste completo agora. Como o sedã, ele conquistou consumidores por seu amplo espaço interno, manutenção fácil e barata, e a robustez que o colocou como um dos favoritos das locadoras de automóveis, taxistas e motoristas de aplicativos.
O antigo D4D, o 1.0 16V usado pela Renault desde o Clio, sofria para levar o peso do Sandero e o que estivesse dentro dele. O SCe, mesmo não sendo muito mais potente, resolveu este problema. Além de surpreender quem dirigiu o hatch na redação, cravou números de respeito nos testes instrumentados. Como exemplo, cravou 14,5 s no 0 a 100 km/h, mesmo número do Fiat Mobi Drive, um carro menor e mais leve. Na aceleração de 0 a 60 km/h, que simula uma situação urbana, tivemos um empate técnico (5,8 s contra 5,9 s) com o pequeno Fiat.
Outro ponto que sempre agradou no Sandero foi a suspensão. Além de filtrar bem as crateras das ruas e avenidas, faz um ótimo trabalho no hatch quando exigido em curvas. Ajudam as rodas de 15" com pneus 185/65, junto com as respostas da direção comunicativa no ponto certo. Pena que a caixa eletro-hidráulica seja pesada para as manobras e em baixas velocidades. Nas frenagens, marcou 40,9 m quando vindo a 100 km/h, perdendo do Onix Joy (39,2 m) e do Gol 1.0 (38 m), mas se saindo melhor que o Mobi Drive (41,5 m).
Vamos ao que mais interessa: consumo. O Sandero SCe aproveita o bom torque em baixas rotações do motor e o câmbio com escalonamento bem curto para levar vantagem na cidade. Sem precisar afundar o pé no acelerador para se locomover, o hatch cravou 9,6 km/l com etanol. Como referência, o Mobi Drive é o mais econômico 1.0 (até hoje) de nosso teste, com 10,1 km/l. Na estrada, por culpa deste escalonamento curto, o Sandero viaja com o motor em alto giro e registou apenas 11,7 km/l, bem abaixo dos 14,3 km/l do Fiat e dos 12,8 km/l do Onix 1.0, que usa câmbio de seis marchas - uma das faltas mais sentidas no Sandero 1.0. Ao menos os engates, agora com sistema de cabos, ficaram bem melhores, precisos e silenciosos que antes.
O Sandero 1.0 SCe tem preço inicial de R$ 42.900 na versão Authentique, de entrada, que já vem equipada com as rodas de 15" com calotas, ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, vidros dianteiros e travas elétricos como itens principais. Nas lojas, esse carro é encontrado com desconto, chegando até a R$ 38.990.
Avaliada por nós, a Expression custa R$ 46.450 e adiciona alarme, som com Bluetooth e USB, regulagem de altura do banco do motorista e coluna de direção, vidros dianteiros elétricos com função "um toque" e detalhes externos (maçanetas e capas dos retrovisores) pintados na cor do carro, além de outro desenho para a calota de 15". Como opcional ele recebeu o pacote Techno, com a central multimídia de 7" com GPS e sensor de estacionamento traseiro, que adiciona R$ 1.300 na conta final, chegando aos R$ 47.750.
No final, temos o clássico Sandero com seu amplo espaço interno, atualizado com novo motor de 3 cilindros, econômico e que levou o hatch do lugar de um dos mais lentos a um dos mais rápidos da categoria, além de ter boa economia de combustível na cidade. Por isso é a escolha de muita gente que, antes, não pensaria em ter um na garagem.
Agora ficamos no aguardo da reestilização, que fontes ligadas à Renault dizem que elevará a qualidade de acabamento e desenho da linha, para brigar com as novas gerações de concorrentes e atender um público que, mesmo comprando um popular 1.0, ainda quer qualidade e bem estar. É o que falta, principalmente com o Kwid chegando para se posicionar na porta de entrada da Renault.
Fotos: Paulo Henrique Trindade e divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, 999 cm³, duplo comando variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 79/82 cv a 6.300 rpm / 10,2/10,5 kgfm a 3.500 rpm |
TRANSMISSÃO | manual de cinco marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | aço aro 15" com pneus 185/65 R15 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.011 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.060 mm, largura 1.733 mm, altura 1.536 mm, entre-eixos 2.590 mm |
PORTA-MALAS | 320 litros |
PREÇO | R$ 46.450 (R$ 47.750 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 | ||
---|---|---|
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,8 s | |
0 a 80 km/h | 9,8 s | |
0 a 100 km/h | 14,5 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em 3ª | 13,5 s | |
80 a 120 km/h em 4ª | 14,2 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 14,2 m | |
80 km/h a 0 | 25,2 m | |
60 km/h a 0 | 40,9 m | |
Consumo (etanol) | ||
Ciclo cidade | 9,6 km/l | |
Ciclo estrada | 11,7 km/l |
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