A Mercedes-Benz diz que a quinta geração do Classe C (a W205) foi pensada para ser mais jovem e esportiva. Realmente, ao compará-la com as anteriores, percebemos que o sedã quer atingir um público menos "tiozão". O design ainda é sóbrio, mas está menos conservador que antes. A novidade de agora é o C300 Sport, que estreia como versão topo de linha (antes dos AMG) e incorpora um toque de esportividade no visual e mecânica diferenciada.
O C300 Sport é montado em Iracemápolis(SP), assim como os demais Classe C (C180 e C200). Por fora, é reconhecido pelos para-choques dianteiro e traseiro diferenciados, mais esportivos, rodas de 18" com acabamento em preto e diamantado e o preto brilhante presente nos frisos das janelas, grade dianteira e capas dos espelhos retrovisores.
Como o C200, ele usa o motor 2.0 turbo de 245 cv e 37,7 kgfm de torque já aos 1.200 rpm. Ligado a ele, um câmbio automático de 9 marchas - que equipa toda a linha C a partir de agora - que, com o uso de magnésio na carcaça, é 1 kg mais leve que a caixa de 7 marchas anterior. Por dentro, volante com base reta e acabamento em alumínio e madeira preta, batizada de "Black Ash".
Feito para um público (segundo o marketing da Mercedes-Benz) que busca esportividade sem prejudicar o conforto e praticidade do Classe C no dia a dia. Um dos trunfos do C300 é o seletor de modo de condução com cinco modos: Eco, Comfort, Sport, Sport+ e Individual, que pode ser configurado pelo motorista com a combinação de sua preferência.
Nesta avaliação, colocamos o C300 Sport na estrada partindo da zona oeste de São Paulo e chegando a Campos do Jordão (SP). Para testar o modo Eco - e nossa paciência -, o primeiro desafio era atravessar a capital paulista para chegar a rodovia Ayrton Senna. De fato, impressiona o quão cedo o câmbio faz as trocas das marchas e usa o torque do motor para se mover sem dificuldades. Nas ruas esburacadas, a suspensão filtra bem se considerar as rodas de 18" com pneus de perfil baixo (225/45 e 245/40) e a suspensão mais baixa e firme que nos demais Classe C. O mesmo vale para o isolamento acústico, que transforma a cabine do sedã em um local quieto e tranquilo.
Na estrada, entrou em ação o modo Comfort. Nesta situação, o mapeamento do motor não foca tanto em economia, mas em suavidade. Tão suave que se ultrapassa o limite da via e nem se percebe. A Mercedes-Benz explica que o trabalho aerodinâmico, isolamento das portas e o fato de boa parte da carroceria ser em alumínio colaboram neste quesito.
Em um trecho, também experimentei a viagem do ponto de vista do banco do passageiro. Ali, aproveitei para ver o C300 por dentro. Apesar de manter uma central multimídia sem tela sensível ao toque e com um touchpad um pouco confuso para algumas funções, é questão de costume se adaptar. Faz parte do "charme" da Mercedes-Benz, assim como a alavanca do câmbio na coluna de direção, freio de estacionamento na parte esquerda do painel, perto da porta do motorista, e os ajustes dos bancos nas portas. Estávamos usando uma unidade preta com interior preto, mas uma outra, também preta, mas com interior em vermelho, seria a minha escolha. Vale uma observação: o acabamento é em couro legítimo, para o terror de alguns.
Vamos voltar ao banco do motorista. Em um primeiro trecho de serra, hora da diversão. Seleciono o modo Sport, mas não há botão para desligar os controles de tração e estabilidade. Tudo bem, pois os 245 cv parecem domados pelo C300 nas curvas, que em nenhum momento ameaçou qualquer perigo ou os controles precisarem atuar. O máximo que se percebe é a vetorização de torque trabalhando, segurando a dianteira e a traseira, colocando tudo no lugar.
Neste modo, o sistema de escapamento libera uma válvula que muda o ronco do motor. Há um simulador que sai pelos auto-falantes, mas como ouvi, "lembra um V8 de vídeo game". De fato. Mesmo sem ele, já seria divertido ouvir a admissão de ar do C300, além dos estouros do escape nas trocas de marchas.
Em um trecho mais estreito, ingrime e sinuoso, hora de ir ao modo Sport+. Se as reações de motor, câmbio e direção já eram mais puros no Sport, tudo é ampliado consideravelmente agora. É como trocar o sapato social por um belo tênis de corrida. O C300 Sport ganha velocidade rápido, contorna as curvas com maestria e o sistema de freios, com discos perfurados, segura a bronca mesmo quando exigidos. Apenas no final, depois de muita diversão, que apresentou uma leve perda de eficiência nas frenagens, mas nada que prejudique o jogo.
R$ 241.900. Não é barato, realmente. Olha a lista de equipamentos, veja que ele traz sistema de estacionamento automático, piloto automático, bancos em couro natural, sistema multimídia com GPS, tetos-solar, sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista) e alguns itens a mais. Mas toda a parte de condução semi-autônoma, como piloto adaptativo, assistente de faixas e até detector de pontos cegos ficou apenas na irmã maior, a Classe E.
O Classe C é o mais vendido da categoria. Seus concorrentes mais importantes? BMW Série 3, Audi A4 e Jaguar XE. O C300 Sport tem atributos que, realmente, justificam a roupa esportiva, mas sem perder a classe executiva necessária nesta categoria. Deve alguns equipamentos? Sim. É divertido? Sim. Se você deve pensar em ter um? Sim.
MOTOR |
dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.991 cm3, duplo comando variável, injeção direta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 245 cv a 5.500 rpm / 37,7 kgfm de 1.200 a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automática com nove marchas; tração traseira |
SUSPENSÃO | independente com braços sobrepostos na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 18" com pneus 225/45 R18 (D) e 245/40 R18 (T) |
FREIOS | discos ventilados e perfurados na dianteira e discos sólidos na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.530 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.686 mm, largura 2.020 mm, altura 1.447 mm, entre-eixos 2.840 mm |
CAPACIDADES | tanque 66 litros; porta-malas 480 litros |
PREÇO | R$ 241.900 |
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