Teste rápido VW Tiguan 1.4 TSI - O peso da idade
SUV já foi sinônimo de modernidade, mas hoje sente as rugas em diversos aspectos
A Volkswagen já confirmou que o Tiguan Allspace será vendido no Brasil. A nova geração, detentora da plataforma MQB, chegará ao país em sua variante de sete lugares e conviverá com o atual Tiguan, importado do México, nas lojas. Em 2016, a marca começou a "preparar o terreno" e passou a vender o SUV apenas com motor 1.4 turbo, câmbio DSG de seis marchas e tração dianteira, aposentando a mais cara com o propulsor 2.0 TSI e tração integral. Mas será que esse Tiguan "antigo" ainda é um bom negócio?
O que é?
Lançado em 2007, o Tiguan é construído sobre plataforma PQ35 do Golf MK5 (não vendido no Brasil), Audi A3 de segunda geração e do Jetta que chegou ao Brasil com o motor 2.5. Ou seja, não é uma base nova, mas que mantém boas qualidades e pontos positivos. Por aqui, o Tiguan apareceu pela primeira vez no Salão de São Paulo de 2008, sendo lançado oficialmente em 2009 e passando por um facelift em 2012.
Em 2016, a VW seguiu o caminho feito pelo primo rico Audi Q3 e colocou o motor 1.4 TSI sob o capô do SUV, com 150 cv e 25,5 kgfm de torque em uma "mesa" de 1.500 a 3.500 rpm, ligado ao rápido câmbio DSG de seis marchas e dupla embreagem (caixa a óleo). Mas nenhuma novidade apareceu no visual, que segue o mesmo de 2012 e já (bem) datado e conhecido pelas ruas. Isso pode ser bom para quem quer manter a discrição.
Como anda?
Não tem como não gostar do desempenho do Tiguan 1.4 TSI. É uma das duplas de motor e câmbio que melhor se entende na família VW. Ao usar a caixa úmida para o DSG, o Tiguan não apresenta o incômodo ruído que, por exemplo, existe no Golf com o DSG de sete marchas (e caixa seca) em ruas esburacadas.
Nas cidade, parece a melhor combinação para o SUV. Se o 2.0 TSI era um "exagero", o 1.4 casa perfeitamente com a proposta do Tiguan. A não ser por um chato lag para privilegiar a condução econômica (não há seletor de modo de condução, como no Q3), ele acelera bem e retoma com vigor. Na pista, a comprovação veio com a aceleração de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos e retomada 80 a 120 km/h em 7,1 segundos - números próximos aos do Chevrolet Tracker 1.4 Turbo, de uma categoria abaixo.
Um dos exemplos de onde o Tiguan está defasado aparece nas provas de consumo. Usando gasolina e uma dupla de motor e câmbio moderna, registrou 9,5 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada. É basicamente o que fazem os novos SUVs compactos, só que rodando com etanol. A "culpa" pode recair, além do peso de 1.500 kg, na aerodinâmica da carroceria (e frente alta) do Tiguan.
Um ponto positivo está no conforto. A suspensão nem parece ser de um Volkswagen, já que filtra bem as imperfeições do asfalto e, mesmo importado, segura a bronca no dia a dia das ruas brasileiras. Mas essa maciez sacrificou a capacidade de entrar rápido nas curvas, e o Tiguan chega ao limite na dianteira antes do que o esperado de um modelo da marca alemã. Longe de ser inseguro, mas atrapalha quem quer aproveitar tudo que o motor turbo e câmbio DSG podem entregar. A traseira, independente, se mantém nos trilhos. Abusou? Há controles de tração e estabilidade.
Quanto custa?
As maiores rugas aparecem na cabine do Tiguan. Usa materiais de boa qualidade, encaixes perfeitos e capricho digno dos carros alemães. Mas a ergonomia é antiga, principalmente na posição da central multimídia alta demais, comandos de vidros e retrovisores instalados em um local alto das portas, ficando fora de mão dependendo do motorista. O mesmo vale para a posição de dirigir, que mantém o volante - ainda da "leva" antiga da VW - alto demais. Achar uma posição entre ele e o banco é mais complicado que na nova geração de SUVs. Lembra uma minivan.
O preço inicial é de salgados R$ 128.270. E ainda sobe mais com os opcionais: teto-solar, ar-condicionado de duas zonas, rodas de 18", partida e abertura de portas sem chave e outros itens fazem o Tiguan chegar aos R$ 143.470 (inclusa a cor metálica da unidade das fotos). Nesta faixa, temos os modernos Jeep Compass Limited 2.0 e Hyundai New Tucson 1.6 turbo. Ou seja, a compra do Tiguan precisa ser - bem - pensada. Mesmo com um conjunto interessante de motor e câmbio, a idade prejudica muitos quesitos importantes. Resta esperar o Allspace.
Fotos: autor e divulgação
FICHA TÉCNICA VOLKSWAGEN TIGUAN 1.4 TSI
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 3.395 cm3, duplo comando com variador, turbo, injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 150 cv de 5.000 a 6.000 rpm / 25,5 kgfm de 1.500 a 3.500 rpm |
TRANSMISSÃO | automatizada de dupla embreagem (DSG) de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e independente multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio de aro 18" com pneus 235/50 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.501 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.427 mm, largura 1.809 mm, altura 1.665 mm, entre-eixos 2.605 mm |
CAPACIDADES | tanque 63,5 litros; porta-malas 470 litros |
PREÇO | R$ 128.270 (R$ 143.470 testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Volkswagen Tiguan 1.4 TSI | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,1 s | |
0 a 80 km/h | 6,3 s | |
0 a 100 km/h | 9,3 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 7,4 s | |
80 a 120 km/h em S | 7,1 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 39,2 m | |
80 km/h a 0 | 24,5 m | |
60 km/h a 0 | 13,8 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 9,5 km/l | |
Ciclo estrada | 11,5 km/l |
Galeria: VW Tiguan 1.4 TSI 2017
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