Obituário: depois de 25 anos, motor Fire dá adeus no Brasil
Família de motores da Fiat chegou em 2000 no Palio e marcou época em toda a linha da marca italiana
Se você já andou ou buscou algum dos carros clássicos da montadora Fiat, como a linha Uno, Palio ou Punto, provavelmente já ouviu as siglas ''Fire'' ou ''Fire Evo'' após os nomes dos modelos. Lançado em 2000, a família de motores ficou marcada pela sua confiabilidade e robustez, mas as novas regras de emissões do Proconve L8, vigentes desde janeiro de 2025, e a chegada de motores mais modernos e eficientes, como a família Firefly, composta pelos motores 1.0 e 1.3 que equipa praticamente todos os modelos atuais do grupo Stellantis, selou o destino da linha de motores mais famosa da fabricante italiana.
Sua origem remonta ainda dos anos 80 - 1985, mais especificamente - na Europa, onde o Fire, ou Fully Integrated Robotised Engine, que em português significa Família Montada Integralmente por Robôs, se destacava pelo seu processo de montagem moderno e computadorizado.
Lancia Y10, o primeiro carro com motor Fire
Naquele ano, estreou como um pequeno motor de 1,0L nos pequenos Autobianchi/Lancia Y10, e seguiu em evolução sendo usado no Fiat Seiscento, dos anos 90. Por aqui, chegou em substituição ao Fiasa, ainda originários da época do Fiat 147. Sua primeira configuração foi o 1.3 16v, utilizada no Palio de primeira geração, que substituía o motor 1.5 usado até então.
Em setembro de 2000, chegava a primeira reestilização do Palio e também a litragem 1.0 com opção de 8 ou 16v. Inicialmente, seus derivados Siena e Palio Weekend ganharam apenas as versões com cabeçote 16v.
Entre 2001 e 2002, os populares Mille e o Palio Young, que mantinha a carroceria antiga, sem facelift, ganharam o novo motor, e também novo fôlego no mercado, mesmo com vários anos sem mudanças visuais ou de equipamentos. Em 2003, foi a vez dos utilitários Strada e Fiorino ganharam um 1.3 Fire de 8v em substituição com ao antigo 1.5 Fiasa usado até então.
O primeiro Fiat que já nasceu com a família Fire no Brasil foi a minivan Doblò, que chegou em 2001 com o motor 1.3 16v também utilizado na família Palio. Em 2005, começavam a chegar os primeiros motores flex, primazia que coube a Volkswagen com o Gol Total Flex, um ano antes, mas que a Fiat expandiu primeiro a motores 1.0 de 8v, com os compactos Mille, Palio e Siena Fire.
Foi também nessa época que os motores 1.3 de 8v começaram a dar lugar aos 1.4, também de 8v, e que já chegou flex. Usado em praticamente todos os Fiats desde o Palio até a Doblò, o 1.4 se mostrou versátil para resistir ao tempo, perdurando até os dias atuais no utilitário Fiat Fiorino.
Obituário: os 25 anos do motor Fire no Brasil
Dualogic e Fire Evo
A Fiat sempre foi conhecida por suas constantes inovações - algumas nem sempre bem vindas - principalmente no segmento de carros compactos. E assim, durante os anos 2000, a marca italiana decidiu apostar no motor 1.4 Fire utilizado na família Palio, Uno para o citycar 500 importado do México com um câmbio automatizado de uma embreagem, chamado na época de Dualogic.
Era uma solução até interessante, desde que se soubesse que não se tratava de um cambio automático de verdade - ou seja, sem conversor de torque - e estava sujeito aos trancos do robô que a comandava.
Este câmbio geralmente era associado a atualização dos motores 1.4 Fire, que na década de 2010, com as atualizações promovidas pela marca passou a chamar-se EVO, tanto na versão 1.0 de 8v quanto na 1.4.
Esses motores foram amplamente utilizados na linha Fiat daquela década, como a nova geração do Uno, do Palio, no Grand Siena, na minivan Idea e chegando aos produtos mais recentes da marca, como o subcompacto Mobi, que foi o último carro da montadora italiana a ser desenvolvido com um motor Fire, mas que na linha 2025 já recebeu (novamente...) o Firefly.
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