Com sua proposta mais familiar que a do Compass, o Jeep Commander sempre teve uma questão com suas motorizações. Nas versões que usam o 1.3 turbo, era pouco para seu peso e capacidade para sete ocupantes e amplo porta-malas, enquanto o 2.0 turbodiesel melhora isso, mas ainda não o suficiente para o destacar, além da objeção que muitos clientes tem com este combustível. O novo 2.0 turbo de 272 cv resolve isso?
O Jeep Commander Blackhawk é a versão topo do SUV de sete lugares que, além do motor Hurricane 4, tem um pacote visual mais esportivo e, por R$ 327.590, já acena para SUVs premium, menores, sem dever potência e equipamentos. Apesar dessa mira, tem qualidades suficientes para tirar clientes de Audi, BMW, Mercedes-Benz e Volvo? E como vive longe da eletrificação?
Junto com Compass e Rampage, o Commander trouxe do Wrangler o Hurricane 4, um 4 cilindros turbo bastante conhecido no mercado norte-americano, que para nosso país chegou aos 272 cv e 40,8 kgfm, em par com o conhecido conjunto de transmissão composto pelo câmbio automático de 9 marchas e um sistema de tração integral automático.
Enquanto no Compass até chamamos essa versão de um certo exagero, no Commander este motor faz sentido. Não só pelo peso, que aqui chega perto dos 1.900 kg, mas pelo perfil de uso, principalmente em rodovias e carregado, onde nem mesmo os 170 cv do 2.0 turbodiesel eram satisfatórios. Ignore os detalhes em preto ou cromo escuro, as rodas de 19" e as pinças vermelhas, aqui ainda existe um Commander de olho na sua família, não na esportividade.
Na cidade, o peso ainda é sentido. Na era dos eletrificados que recebem ajuda nesta saída da inércia, o 2.0 turbo tem o turbolag (aquele espaço de tempo que o turbo demora para pressurizar e realmente agir no motor) e um acelerador amansado, aliado ao câmbio que prefere sair de segunda marcha, mas não demora e o Commander dispara. Com pico de torque a 3.000 rpm e potência a 5.200 rpm, dá para entender esse comportamento, onde o próprio câmbio faz as trocas suaves e procurando essas faixas, onde em alguns momentos ele até faz algumas reduções exageradas e, em outros, confia demais apenas no motor. Suave, mas confuso.
É melhor que o 1.3 turbo, lógico, e não tem como esperar os 272 cv logo de cara e a todo momento em um carro de 1.900 kg que precisa atender normas de emissões sem eletrificação. A teoria do "cavalo que anda, cavalo que bebe" se enquadra aqui, com uma média de 7 km/litro na cidade, com gasolina - o 1.3 turbo marcou 6,9 km/litro, mas com etanol, em nosso último teste.
O Commander Blackhawk gosta da liberdade de uma estrada. Aqui que os 272 cv realmente aparecem e, mesmo carregado, o fazem impor respeito na faixa da esquerda. Viajando em nona marcha e rotação baixa, é confortável para o motorista, que ainda conta com suspensão independente em prol tanto do conforto quanto da estabilidade mesmo em velocidades mais altas.
Com 0 a 100 km/h em 7,3 segundos, é um número de respeito. O que vai importar no uso são as retomadas abaixo dos 5 segundos, que garantem a segurança em viagens, mesmo que o Commander não tenha nenhum seletor de modo de condução - a Rampage R/T, por exemplo, tem um modo mais esportivo que poderia estar aqui. E ao marcar 13,4 km/litro na estrada, não chega a ser um exagero considerando a potência e peso do SUV.
E sobre os demais pontos do Jeep Commander? Em espaço interno, acomoda quatro adultos com conforto de sobra, e até o quinto ocupante se não for muito grande - e como na maioria dos carros com sete lugares, a terceira fileira é mais limitada e indicada para percursos mais curtos ou crianças, por exemplo. No porta-malas, vai de 661 litros com cinco lugares aos 233 litros com sete, mas isso considerando uma boa altura.
Por R$ 327.590, o Jeep Commander Blackhawk entra na faixa que tem BMW X1, Audi Q3, Mercedes-Benz GLA e até os elétricos, como os da Volvo. Para se posicionar, ele tem um bom acabamento e um pacote de assistentes bem completo, com um novo centralizador de faixas que trabalha com o piloto automático adaptativo, sistema de som assinado pela Harman-Kardon e memória no banco elétrico do motorista.
Por um lado, a vantagem é o porte e espaço interno, além da potência que está permitindo muitos aparecerem blindados pelas ruas - ser mais discreto que os modelos premium também é considerado na hora da compra. E ter essa potência segura um cliente que poderia ir ao chinês eletrificado pela potência que eles oferecem, mas agora tem essa opção, mesmo que o consumo não seja o melhor dos mundos.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Jeep Commander Blackhawk 2.0T
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