Apesar das declarações de Oliver Blume excluindo a possibilidade de demissões, a Volkswagen informou ao IG Metall - o sindicato dos metalúrgicos alemães - que cancelou vários acordos coletivos, o mais importante diz respeito à garantia de empregos até 2029 em seis fábricas alemãs. Portanto, no horizonte parecem estar nuvens carregadas de demissões, pelo menos no continente europeu.
Trata-se de uma medida inesperada e sem precedentes por parte da marca sediada em Wolfsburg (ALE), que está enfrentando uma crise sem precedentes.
'Devemos permitir que a Volkswagen reduza os custos na Alemanha, colocando-os em um nível competitivo para que possamos investir em novas tecnologias e novos produtos com nossos recursos', disse o diretor de recursos humanos da Volkswagen, Gunnar Kilian, em uma nota.
A resposta do IG Metall não demorou a chegar, com Daniela Cavallo (presidente do conselho de trabalhadores da fabricante alemã, que representa mais de 662.000 trabalhadores) reiterando: "Comigo não haverá fechamento de fábricas da VW".
De acordo com Cavallo, ela acredita que a crise em que a Volkswagen se encontra não se deve aos custos de pessoal, mas escolhas erradas feitas pela gerência, que deve levar a empresa a recuperar sua liderança tecnológica. "Para isso, é necessário fortalecer o desenvolvimento técnico em vez de adiar constantemente produtos e projetos", disse Cavallo, que apontou as áreas de software e baterias como os campos em que se deve investir mais. "Nos últimos anos, a gerência tem sido lenta na adoção de novos produtos e tecnologias", disse.
Linha de produção na fábrica de Wolfsburg
O fechamento de fábricas é claramente uma perspectiva assustadora para muitos, tendo o IG Metall proposto o aumento da semana de trabalho para quatro dias, replicando o que foi feito na década de 1990. No entanto, nada saiu do papel.
Com o cancelamento de contratos por parte da VW, agora não há muito tempo para chegar a um novo acordo. Se ele não chegar até junho de 2025, os contratos assinados antes de 1994 entrarão em vigor. Uma consequência absurda, de acordo com Daniela Cavallo. Há 40 anos, isso resultaria em salários e benefícios mais altos para os funcionários das seis fábricas da Volkswagen na Alemanha. A cláusula preocupante, entretanto, diz respeito à possibilidade de demissões.
"As negociações são necessárias", afirma o IG Metall em sua revista, "caso contrário, a VW poderá proceder com demissões forçadas a partir do verão europeu de 2025, mas, ao mesmo tempo, enfrentará imediatamente enormes aumentos de custos para todos os que permanecerem.
Desde o escândalo do Dieselgate, a Volkswagen promoveu profundos ajustes de estratégica e direcionou fortes investimentos para seus planos de eletrificação, principalmente na América do Norte e Europa. Os resultados esperados, porém, não estão sendo colhidos. O ID.3 sofreu para ser aceito pelo mercado no início e problemas de software também acabaram atrapalhando os elétricos da marca em geral.
Para piorar, a Volkswagen não tem mais os "cheques vindos da China", como disse o próprio CEO Oliver Blume. O país foi por décadas a 'galinha dos ovos de ouro' da montadora, mas passou por mudanças profundas nos últimos anos.
Por aqui, a Volkswagen vem colhendo bons resultados comerciais e tem o Polo como segundo carro mais vendido do país no acumulado do ano. Além disso, confirmou recentemente a aplicação de importantes investimentos e o lançamento de uma série de novos modelos.
“A Volkswagen do Brasil informa que a marca no Brasil tem uma história sólida de 71 anos, sendo em 2024 a marca que mais cresce em volume de vendas no país. Além disso, reforçou recentemente o seu protagonismo no país com o anúncio de um novo ciclo de investimentos de R$ 16 bilhões no Brasil e o lançamento de 16 novos carros até 2028”, disse a empresa em nota.
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