A Volkswagen acaba de oficializar o lançamento da reestilizada Amarok 2025 na Argentina e definitivamente confirma que a nova geração global, lançada em 2022, não chegará aos mercados da região. O projeto da nova linhagem foi desenvolvido em parceria com a Ford, mas acabou sendo preterido pela pela divisão local em favor de remodelações no modelo original de 2010. A decisão foi justificada em entrevista recente concedida por Francesco Pecchia.
Gerente de planejamento de produto e vendas da Volkswagen Argentina, Pecchia explicou que a direção local decidiu abrir mão da nova geração da Amarok por questões técnicas e comerciais próprias. Segundo o executivo, a plataforma do modelo lançado há 14 anos é "muito mais robusta, oferece maior conforto está configurada ao gosto dos nossos clientes". Além disso, argumentou que a nova geração "não tem o nível de conforto de condução, comportamento dinâmico ou desempenho off-road da nossa Amarok".
- Por que a Volkswagen decidiu lançar uma reestilização da primeira geração da Amarok na Argentina em vez de produzir a segunda geração, como o que está sendo feito agora na África do Sul?
-A segunda geração da Amarok, que é um projeto global, surgiu de uma aliança entre as controladoras Volkswagen e Ford. O acordo deveria contribuir para o desenvolvimento de carros elétricos e veículos comerciais. Foi uma aliança que se definiu olhando para o mercado global, onde o percentual de participação no segmento de picapes médias não é tão relevante como aqui na Argentina. Em nosso país, esse segmento tem participação de 20% nas vendas e ainda mais na produção automotiva. Nós, tendo sido os fundadores deste produto, decidimos não aderir a essa aliança global e mantivemos a picape que fabricamos desde 2010. Não queríamos perder 14 anos de trabalho e desenvolvimento nesta picape que se tornou referência em nosso mercado. A ideia era continuar trabalhando neste veículo, que já conquistou reputação na Argentina e em toda a América do Sul. É por isso que nos comprometemos a manter um veículo próprio, onde todas as decisões são nossas, sem depender de uma aliança. É uma decisão que também pudemos tomar pela relevância que este produto tem na região. Na criação desta aliança com a Ford, em nível global, foi olhado mais o filme de todo o mercado global, onde as picapes médias para a Volkswagen não são um segmento tão relevante como na América do Sul. Estamos muito felizes e muito satisfeitos com o trabalho que realizamos.
- Concordo que a Amarok foi um sucesso de vendas na Argentina, isso é inegável. Na época escrevi um artigo de opinião intitulado: “A VW puniu o único país onde a Amarok fez sucesso: a Argentina” (leia aqui). Você concorda ou discorda dessa opinião?
- Eu discordo, acho que fizemos bem na defesa do nosso produto. É uma decisão que também foi tomada com base na opinião de clientes e jornalistas que puderam testar os dois veículos. Acredito que a nossa plataforma é muito mais robusta, que oferece maior conforto no manuseio e que está configurada ao gosto dos nossos clientes. Também é muito mais poderosa e oferece maior desempenho. Então acho que ainda estamos fazendo benchmarking, que nossa picape ainda é referência no seu segmento. Por isso acredito que não se trata de forma alguma de um castigo, mas sim justamente de um compromisso de oferecer um produto melhor aos nossos consumidores.
Nova Volkswagen Amarok para mercados globais
- Você conseguiu dirigir a nova geração da Amarok produzida na África do Sul? O que achou?
- A nova geração baseia-se na mesma plataforma da nova Ford Ranger. Não tem o nível de conforto de condução, comportamento dinâmico ou desempenho off-road da nossa Amarok. Nossa picape possui um ótimo trabalho na suspensão, o que lhe permite oferecer comportamento dinâmico superior e maior conforto. Depois, há o nosso motor V6, que também é superior em termos de desempenho. Além disso, nesta nova Amarok reestilizada estamos acrescentando muitas coisas que faltavam. São elementos de tecnologia, design e segurança que mereciam ser agregados à sua oferta.
- Onde foi realizado o trabalho de design desta remodelação?
- O design foi feito no Volkswagen Style Center no Brasil, onde são trabalhados todos os designs da região. Colocamos o foco principalmente na frente, incluindo capô, para-lamas, grade e faróis. Na traseira alteramos todo o lettering, que são os emblemas que distinguem a marca, modelo e versão.
- No que diz respeito à configuração da gama, chama a atenção que agora o motor V6 tenha mais presença do que nunca. Qual a participação nas vendas desse mecânico?
- Quando o Amarok V6 foi lançado pensávamos que representaria entre 5% e 10% das vendas. Hoje estamos falando de quase 50% de participação de mercado. Este motor tem uma recepção muito boa por parte dos clientes: todos concordam que é o melhor motor da sua categoria. Assim, a proposta foi adicionar primeiro uma versão V6 Comfortline de entrada. A V6 Comfortline ainda é uma versão de trabalho, mas está mais equipada do que nunca.
Amarok em versão Panamericana
- Quando testamos o anterior V6 Comfortline dissemos que só precisava dos bancos ErgoComfort para estar bem equipado. Agora vimos que ele adicionou esses assentos.
- Sim, no ano passado você me perguntou em uma entrevista se eu iria adicionar esses bancos e naquela época já tínhamos tomado a decisão de incorporá-los. Estou feliz por ter concordado com isso. Mas não são apenas os bancos: estamos também adicionando equipamentos de conforto e mais airbags em toda a gama.
- Outro pedido que fizemos na época: uma versão V6 com câmbio manual e tração 4x4 com reduzida. Essa configuração foi fabricada em Pacheco para exportação para a Oceania, mas nunca foi oferecida na Argentina. Por quê?
- Em 2010, quando foi lançado a Amarok original, desenhamos uma oferta de produtos o mais ampla possível, porque sabíamos que estávamos entrando em um novo segmento no qual não tínhamos experiência, então sabíamos que tínhamos que ter o maior quantidade e amplitude de oferta, para poder captar até o último cliente que tivesse necessidade. Nestes últimos 14 anos acumulamos muita experiência em relação às necessidades dos nossos clientes. Sabemos que não podemos oferecer uma gama muito ampla porque isso gera posteriormente insatisfação no cliente, que chega à concessionária e não encontra exatamente a versão que procurava. Hoje estamos focando nessas versões de lançamento e em setembro vamos adicionar mais variantes como o Black Style, até chegarmos a um total de 10 versões.
- Em maio de 2022, quando foi anunciado o investimento na Pacheco para produzir esta reestilização do Amarok, o então presidente da VW South America, Pablo Di Si, garantiu que desta forma garantiriam que teriam “o Amarok por mais dez anos ” . Você concorda com essa avaliação?
- Obviamente, este investimento e este facelift reafirmam nosso compromisso com a Amarok e com o mercado argentino, então concordo 100% com essa avaliação: acho que temos espaço para muito mais anos, obviamente com todas as melhorias que se planejam dentro do ciclo de vida. Temos muitas coisas planejadas para os próximos três, quatro e dez anos, mas acreditamos que este é o produto certo para a nossa fábrica de Pacheco e queremos que continue por muitos mais anos.
Amarok 2025 para América Latina
- Os preços foram surpreendentes. No final de junho, alguns revendedores informaram aos clientes preços que chegavam a 77 milhões de pesos para a versão Hero, que acabou sendo lançada com preço de tabela de 66,9 milhões. Foi uma pressão de alguns concessionários ou a política de preços foi realmente repensada?
- A política de preços é esta. Apesar de termos feito uma primeira abordagem aos concessionários, posteriormente reafirmamos: vamos manter estes valores em agosto, acreditamos que é um preço muito atrativo para este lançamento e esperamos que muita gente venha ao revendedores.
- A VW acaba de anunciar um investimento muito importante para fabricar uma ampla gama de produtos no Brasil. O comunicado oficial também menciona uma picape. Posso saber que produto é?
- Não posso falar muito, mas posso dizer que é algo que estamos pensando para complementar a nossa oferta de picapes. Podemos dizer que será uma “irmã mais nova” da Amarok que estará atuando no mercado.
-Será que ela também será uma “irmã mais velha” do Saveiro?
- Talvez.
- Data estimada de lançamento desta pick-up compacta?
-Não queremos adiantar datas ainda, porque o investimento acaba de ser anunciado. O processo de lançamento de um carro novo dura sempre quatro anos a partir do momento em que você começa a pensar. Vamos tentar acelerar o lançamento o mais rápido possível porque queremos tê-lo em nosso portfólio em breve, mas a verdade é que hoje não posso informar uma data específica.
Entrevista por Motor1.com Argentina
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