Em sua sexta geração, o Mercedes-Benz Classe E está em sua melhor forma, a ponto de ter se tornado o sedã mais interessante da linha da marca. Seu visual ainda pode ser bem conservador, mas o veículo abraçou tantas tecnologias que é difícil não vê-lo como uma evolução, mesmo em uma época em que a empresa já tem o elétrico EQE, sendo a opção para quem ainda não quer abraçar a eletrificação por completo.
É uma sensação bem forte, mesmo considerando os pontos fracos. No Brasil, em versão única, parte de R$ 639.900, o que é um valor bem alto até para este segmento. Seu rival direto, BMW Série 5, está disponível no Brasil na versão 530e M Sport, que não só é mais barato (por R$ 574.950), como ainda é híbrido plug-in. Esta é justamente outra fraqueza do Mercedes-Benz E300. Embora tenha uma versão PHEV na Europa, veio ao nosso mercado com um sistema micro-híbrido.
Construído com a plataforma MRA II, a mesma usada no Classe C e Classe S, o E300 aproveita a evolução da arquitetura para ser eletrificado em todas as versões. Mesmo as configurações mais baratas trazem ao menos o sistema micro-híbrido, acoplado até mesmo ao motor diesel vendido na Europa. No nosso caso, está combinado ao motor 2.0 turbo de quatro cilindros, gerando 258 cv a 5.800 rpm e 40,7 kgfm de torque entre 3.200 e 4.000 rpm. O gerador elétrico entrega mais 23 cv e 20,9 kgfm em situações bem específicas.
Apesar das fabricantes abraçarem o MHEV como um híbrido, está bem longe disso. O que acontece aqui é que o alternador e motor de arranque são substituídos por um motor/gerador, que fornece um pouco de força para as rodas. E isto é feito em alguns momentos, como saídas da imobilidade, para reduzir a carga no motor a combustão. Em modelos que realmente são desenvolvidos para aproveitar a tecnologia, também há o uso do start-stop, desligando o motor quando está em cruzeiro, usando o gerador para manter o veículo em movimento. Isto ajuda a reduzir as emissões e consumo de combustível, porém não o suficiente para esperar uma grande economia.
Tanto é que seu rendimento energético não é nada demais comparado com outros 2.0 turbo. Segundo o Inmetro, faz 8,9 km/litro na cidade e 12 km/litro na estrada, abastecido somente com gasolina. São números apenas razoáveis para um motor tão moderno com essa ajuda do sistema micro-híbrido.
Ainda assim, é um sedã com bom desempenho. Acelera de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos, um resultado interessante para um 2.0 e a velocidade máxima está limitada a 250 km/h. Funciona muito bem em baixa rotação ou em velocidades de cruzeiro, ficando um pouco barulhento durante acelerações mais vigorosas, o que atrapalha um pouco do conforto e não chega a ser um ruído bom o suficiente para ser prazeiroso.
Conforto é o tema do Classe E. Seu andar é suave e com um bom ajuste da suspensão, mesmo nos piores asfaltos. Alguns carros da Mercedes-Benz tem um problema com os pneus de perfil baixo ou a suspensão mais dura, fazendo com que sejam um pouco desconfortáveis e algumas situações. Fiquei surpreso em ver que não era o caso com o sedã, mesmo que use rodas de 20 polegadas com pneus 245/40 R20 na dianteira e 275/35 R20 na traseira.
A suspensão adaptativa, com molas a ar, auxilia muito neste trabalho, realizando ajustes automaticamente para deixar sua vida a bordo ainda mais tranquila – e, felizmente, veio como item de série ao invés de opcional. Até manobrar é mais fácil, usando um sistema de esterçamento traseiro, girando as rodas traseiras em 4,5 graus no sentido contrário, o que ajuda muito em balizas, quando combinado com as câmeras 360°.
O grande destaque, indiscutivelmente, é seu pacote tecnológico. Vem com o que a Mercedes-Benz chama da MBUX Superscreen, com o painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas e um display de 14,4 polegadas para a central multimídia, integrada ao painel. Optando pelo pacote MBUX Premium Plus, ainda pode receber uma terceira tela para o passageiro, sendo possível assistir TV ou streaming, mas foi desenvolvida de forma que só funciona com alguém sentado no banco dianteiro e o motorista não consegue ver a imagem.
A multimídia é bem rápida e intuitiva, além de contar com uma série de funções. Por exemplo, ao parar em um semáforo, ele mostra uma imagem do cruzamento, para ajudar a visualizar as luzes. Esta realidade aumentada é usada de outras formas, como no sistema de navegação por GPS, indicando o caminho sobrepondo a imagem da câmera com setas. Tem até uma câmera no painel, que serve tanto para tirar selfies quanto para fazer videochamadas.
E não para por aí. Tem sistema de som Burmester 4D com 17 alto-falantes e 730W de potência, head-up display, carregador wireless para smartphones, bancos dianteiros com ajuste elétrico e memória, faróis full-LED, teto solar panorâmico, controle de cruzeiro adaptativo com assistente de permanência em faixa, entre outros.
Olhando somente para o carro, o Mercedes-Benz E300 2025 é muito bom no que se propõe: ser um sedã grande confortável e que vai impressionar as outras pessoas. Pensando internamente, é a melhor opção para quem quer um modelo executivo da marca que seja mais diferenciado, pois o Classe S alcança pesados R$ 1.649.900, mais que o dobro do E300, enquanto o C300 mais caro sai por R$ 442.900. O problema é que é caro para o segmento, uma reclamação constante até mesmo em outros mercados. É o custo para quem quer ter a estrela de três pontas na garagem.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com) e divulgação
Mercedes-Benz E300 2025
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