Se você perguntasse a dez pessoas o que elas mais detestam nos carros modernos, nove delas provavelmente responderiam assinaturas no carro. Pagar mais para desbloquear o acesso a um equipamento que já está no veículo é um absurdo. Apesar da reação negativa, a Hyundai está anunciando os FODs (Features-on-Demand), que é um jargão de marketing para recursos pagos sob demanda.

Essa medida está na agenda da recém-fundada Hyundai Connected Mobility. Estabelecida na Europa no mês passado, a entidade reúne os programas de assinatura de carros Mocean e de serviços conectados Bluelink. A marca sul-coreana não está detalhando quais recursos poderiam ser bloqueados, mas diz que os FODs também teriam o benefício de melhorar os carros mais antigos.

Marcus Welz, diretor administrativo da Hyundai Connected Mobility, disse à Autocar que será possível melhorar os carros mais antigos com novos recursos: "O que se vê com frequência no setor é um caso de uso antigo, por exemplo, com assentos aquecidos. Isso foi levado ao cliente por meio de novas tecnologias, como atualizações de software. No entanto, acho que o benefício do recurso sob demanda é exatamente o oposto: trazer novos recursos para carros mais antigos."

Ele estava se referindo à implementação de atualizações de software para melhorar o desempenho do hardware existente. Por exemplo, um elétrico da Hyundai mais antigo poderia se tornar mais eficiente ajustando os motores elétricos e a bateria. Da mesma forma, melhorias na segurança poderiam ser possíveis com a revisão dos sensores. É claro que essas atualizações teriam um custo.

A BMW foi duramente criticada por colocar bancos aquecidos atrás de um acesso pago. Em menor escala, a Mercedes-Benz também foi criticada por sua configuração mais avançada de direção nas rodas traseiras. A Audi também faz isso com o ar-condicioado de duas zonas. Em alguns carros da marca alemã, também é preciso pagar mais para obter assistência de farol alto e controle de cruzeiro adaptativo.

2023 Hyundai Ioniq 5 (especificação Euro)

Stellantis estima que as assinaturas e os recursos sob demanda se transformarão em um importante fluxo de receita. O conglomerado automotivo com nada menos que 14 marcas acredita que ganhará mais US$ 4,3 bilhões (R$ 21,8 bilhões) por ano até 2026. O valor está projetado para chegar a US$ 21,5 bilhões (R$ 109,4 bilhões) até 2030 com "ofertas de produtos habilitados por software".

No entanto, nem todas as marcas estão aderindo ao movimento das assinaturas de automóveis e dos recursos sob demanda. A Dacia, divisão de baixo custo da Renault, zombou da BMW e de sua assinatura pelos assentos aquecidos, agora extinta, oferecendo garrafas de água quente para as pessoas que testam o carro. A marca romena também é contra forçar as pessoas a comprarem sistemas avançados de assistência à direção. No entanto, cada vez mais essas tecnologias estão se tornando obrigatórias na União Europeia.

Apesar deste movimento das fabricantes premium na Europa e nos EUA, felizmente nenhuma delas adotou esta prática nos carros vendidos no Brasil, ao menos até agora. Vamos torcer para que continue assim.

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