Era uma vez um país que acordou para a praticidade das scooters - vamos chamá-lo de Brasil só para exemplificar. Com décadas de atraso em relação à Ásia e à Europa, elas cresceram em participação ao ponto de se ter demanda por modelos maiores, que conseguissem ao menos pegar uma estradinha de vez em quando sem sofrer tanto. Foi aí que a Dafra Citycom 300 começou seu reinado e por anos demais ficou sozinha no segmento.
Mas pelo menos o segmento de scooters está amadurecendo. A própria Dafra tem mais modelos acima de 200 cilindradas, assim como a Kymco. Até mesmo Yamaha, com a XMax, e a Honda, com a Forza 350, já atuam nesse segmento mais "premium" de scooters. Sabe quem já estava nessa categoria há décadas na Europa? BMW Motorrad. Mas apenas no ano passado a C 400 X começou a ser fabricada e vendida no Brasil. O Motor1.com Brasil andou na scooter em sua versão Sport, de R$ 59.900, para ver como ela se dá por aqui sendo a mais cara entre as rivais.
Galeria: Teste rápido: BMW C 400 X
Traz mais que as G 310, ainda bem
Se puxarem da memória a avaliação G 310 GS, vão lembrar que a aventureira mais barata da BMW é um tanto limitada dada sua origem de projeto numa parceria com a indiana TVS. A C 400 X, não.
Sobre os equipamentos de série, destacam-se o controle de estabilidade automático, freios ABS, iluminação completa por lâmpadas de LED, chave presencial, tomadas USB de 12v, compartimento expansível sob o banco que permite transportar um capacete fechado ou objetos de até 5kg. A versão Sport conta ainda com painel de instrumentos digital com tela TFT e conectividade com smartphones. Ambas as configurações contarão com três anos de garantia.
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Nas medidas, a scooter tem 2.210 mm de comprimento, 1.205 mm de altura, 835 mm de largura e 1.560 mm de entre-eixos. A altura do assento é de 775 mm e o peso em ordem de marcha é de 226 kg. A suspensão dianteira tem garfo telescópico convencional com 110 mm de curso. Na traseira, a balança traz duplo amortecedor com 112 mm de curso e ajuste de pré-carga nas molas.
A BMW C 400 X conta com um motor monocilíndrico de 350 cm3, entregando potência máxima de 34 cv a 7.500 rpm e torque máximo de 3,5 kgfm a 5.750 rpm. A transmissão é automática do tipo CVT. Ela traz rodas liga leve de 15" na dianteira e 14" na traseira, calçadas por pneus de medidas 120/70 R15 e 150/70 R14, respectivamente. O tanque de combustível tem capacidade de 12,8 litros, sendo 3 litros de reserva.
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É uma scooter, mas é uma BMW
Quando se trata de uma scooter média, é difícil fugir da fórmula. Vistas de lado, são motos que tendem a ser parecidas. Mas a BMW conseguiu colocar uns elementos para se diferenciar e ficar mais facilmente identificável como uma BMW. Um deles é a lanterna traseira pequena e em posição destacada no paralama. Solução que é vista também na linha 310 da marca.
A dianteira é mais característica da Motorrad, com o bloco do farol trazendo a luz diurna de LED em forma de Y deitado, como nos modelos GS maiores da marca. Os piscas verticais são montados em uma carenagem de duas peças, mais uma vez remetendo às motos grandes da BMW. O painel de instrumentos na versão Sport é digital com tela TFT colorida.
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Além de trazer diversas funções, pode ter a visualização customizada e também exibe funções de computador de bordo. Para as acessar, usa-se um comando giratório no punho direito, algo já tradicional na BMW. O conjunto também conta com conectividade via Bluetooth por meio de um aplicativo dedicado, que permite monitorar alguns parâmetros da moto remotamente.
A C 400 X é um exemplo de a BMW consegue fazer motos menos caras sem deixar a peteca da qualidade e da atenção aos detalhes cair. A montagem das peças plásticas é exemplar e mesmo nas ruas mais esburacadas não se houve barulhos de acabamento batendo. Outro detalhe muito bem sacado é o cavalete central. Mesmo com mais de 226 kg, para mim foi uma das motos mais fáceis de se subir no cavalete, mais até que algumas motos pequenas.
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Como ainda é uma scooter, a C 400 X ainda tem dois porta-trecos no escudo frontal, sendo que um deles tem tomada USB de carregamento. Mas vale o aviso: celulares maiores podem não caber por ali. A scooter da BMW tem espaço sob o assento, mas é preciso parcimônia. O sistema flexcase é basicamente um buraco retrátil. Para colocar o capacete ali, só com a moto desligada e o compartimento estendido. A moto nem dá partida se ele não for recolhido. E com ele recolhido, sobra pouco espaço. No entanto, é graças a isso que foi possível usar uma roda um pouco maior e pneus de medidas generosas, além de um curso da suspensão traseira maior.
E esse é um dos grandes destaques da C 400 X. Ela passa pelos tradicionais buracos brasileiros sem grandes incômodos. É um tanto firme, mas sem pancadas secas. Até mesmo com garupa, a suspensão traseira não chegou a dar fim de curso. Seu banco é largo e confortável, a única crítica é que, pela largura, a altura relativamente baixa do assento é menos efetiva, pois a perna tem que ficar mais aberta pra chegar o pé no chão.
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E o desempenho? Aqui vale atenção: o nome é 400, mas o motor é 350. Não espere o arrojo de uma BMW S 1000 RR. A C 400 X entrega bem dentro de sua categoria. O câmbio CVT, ao menos, não é tão irritante. Não deixa a rotação subir a qualquer custo sempre para obter maior desempenho. Como o torque do monocilíndrico vem em faixa relativamente baixa, ele costuma trabalhar em torno de 5.000 rpm.
Só que, mais uma vez, é apenas um motor monocilíndrico. A BMW tentou como pôde atenuar as características de vibração desse tipo de propulsor, mas em rotações um pouco mais elevadas acaba passando um pouco dessa vibração às pontas do guidão.
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Meu uso foi quase que totalmente urbano, com curtos trechos de estradas. Só o suficiente para ver que o parabrisa cumpre sua função de manter o vento longe do peito do condutor. Mas, como em quase todas as motos com esse tipo de equipamento, acaba gerando turbulência no capacete. A 120 km/h, o motor permaneceu a cerca de 7.000 rpm. Difícil dizer com precisão, pois o conta-giros digital é graduado. Ao menos o consumo em circuito praticamente citadino foi bom: 30,3 km/l.
Se a linha 310 da BMW já exibe alguns compromissos para ter um preço menor, a C 400 X é um exemplo do que seria uma Motorrad menos cara. E é mais difícil transmitir a "familiaridade" da marca para uma scooter, algo que a C 400 X atinge com sucesso. No entanto, o preço ainda é elevado. Quase R$ 60 mil coloca a scooter acima de uma Honda Forza 350, importada, que custa R$ 50.300. A rival não tem o mesmo refinamento nem tanta tecnologia, porém.
Talvez, se você realmente goste das motos da BMW, a C 400 X seja uma boa segunda moto para ter no dia a dia com menos medo de ser assaltado, deixando sua novíssima R 1300 GS para passeios mais especiais.
BMW C 400 X